Zé E O Barão De Bazófia

História do Zé Carioca, publicada pela primeira vez em 1974.

Após uma primeira história no ano anterior, na qual o Zé conhece o Barão e o ajuda numa missão, papai volta ao tema numa aventura no mais perfeito estilo dos filmes de espionagem, como por exemplo os de James Bond, o Agente 007.

O nosso amigo papagaio malandro até que contou para a turma sobre sua aventura com o Barão de Bazófia, mas parece que ninguém acreditou. Tanto, que ao ver o espião desfilando pela cidade de carrão com motorista e com uma loira ao seu lado, a Rosinha parte furiosa para cima do Zé. E agora, José? Vai ser difícil explicar essa.

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Temos aqui vários grupos de personagens que têm, cada um, o seu próprio motivo para estar na história. Os amigos do Zé que não acreditam nele, o Zé que quer provar sua inocência com a ajuda do Nestor, o Barão e sua acompanhante em missão secreta na cidade, e o Rajá de Cachimbira, desejoso de proteger a esmeralda que é o símbolo de sua realeza. “Rajá” é um título de nobreza indiano, e “Cachimbira” soa bastante como Caxemira, uma região disputada entre Índia e Paquistão.

E além de todos esses, temos os verdadeiros vilões da história: Lourão e Bastião, outros dois sósias do Zé e do Nestor, e seu motorista disfarçado de motorista de Táxi. Esses dois seriam usados novamente em 1977, na história chamada “Os Embananados”, já comentada aqui. Sósias não faltam, nesta história. Confusão e identidades trocadas também não. Até a famosa cena dos filmes de espionagem está presente:

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As reviravoltas são muitas, e sobram pistas até para o leitor “sacar” (ou não, de preferência). 😉 O fato é que, mais uma vez, nossos amigos ajudam meio sem querer a resolver o mistério e prender os bandidos, e de quebra desfazer o mal entendido das identidades trocadas e acalmar a Rosinha, mas não exatamente do jeito que o Zé imaginou.

Acontece que papai constrói a história de um jeito tal que o leitor vê algo importante para o processo de provar a inocência do Zé, mas logo em seguida é distraído pela reviravolta nos acontecimentos que acontece logo na página seguinte e esquece. Quem percebeu o detalhe não vai se surpreender nem um pouco com o desfecho da história, e com a maneira como acontece o perdão final da Rosinha.

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Os Embananados

Começo hoje uma “maratona” do Zé Carioca, com histórias que foram publicadas todas na Edição Extra 79, de 1977.

Vejam só que bons tempos eram aqueles: são 8 histórias contidas nesta revista, uma piada de uma página, e a tira do final da revista. Dessas, 6 histórias foram escritas por papai, outras duas histórias e as duas piadas pelo Júlio de Andrade Filho, e todas foram desenhadas pelo Renato Canini.

A história que abre a revista começa de um modo bastante trivial: o Zé está comendo bananas e jogando as cascas no chão. Isso, é claro, dá início à maior confusão quando um policial escorrega em uma delas.

Se o roteiro fosse ficar só nisso, é claro que a coisa toda não teria graça nenhuma. A genialidade, aqui, está no modo como papai “engrossa o caldo”, e vai adicionando mais elementos à trama, e os combinando entre si.

Dizem que todo mundo tem um “gêmeo mau” andando por aí, em algum lugar do mundo. O que o Zé e o Nestor não sabem é que os deles estão na cidade, e sendo procurados pela polícia. Na inocência deles, acreditam que a perseguição toda é por causa das cascas de banana.

Eles tentam se disfarçar para escapar, mas acabam escolhendo disfarces exatamente iguais aos dos bandidos, Lourão e Bastião. Até a Rosinha se confunde.

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No final, ainda achando que estão sendo perseguidos pela polícia por causa das cascas de banana, eles conseguem muito por acaso levar à captura e prisão dos bandidos.

E o mais engraçado é que os dois pares de personagens, os bons e os maus, passam a história toda sem saber da existência um do outro. Não se encontram cara a cara em nenhum momento.