História dos Metralhas Históricos, de 1982.
A poucos dias do início das Olimpíadas do Rio de Janeiro, esta história vem bem a calhar. Se bem que o termo “olímpicos”, aqui, está mais para “deuses olímpicos” do que “atletas olímpicos”. O que acontece é que o Monte Olimpo é a suposta morada dos deuses gregos, daí a alcunha “olímpicos”. E as Olimpíadas originais aconteciam na cidade de Olímpia, chamada assim em homenagem ao monte e aos deuses.
Mas não havia só deuses na mitologia grega: na verdade, para se tornarem deuses de pleno direito, eles primeiro precisaram lutar contra e derrotar seus próprios antecessores, os Titãs. Eles eram monstros enormes e bárbaros, eternos rivais dos deuses pela adoração dos seres humanos. Mas apesar de cruéis, os Titãs fizeram algumas benfeitorias aos humanos. A principal delas foi ensinar os mortais a usar o fogo, e é este o ponto de partida para esta história.
O interessante é que a civilização humana, de acordo com a mitologia grega, começa com um roubo. O Titã Prometeu rouba o fogo do Olimpo e ensina os humanos a usá-lo. É o domínio do fogo (saber fazer, manter aceso e usar para os mais diversos fins) que diferencia os seres humanos dos animais e nos aproxima dos deuses. Mas o semideus foi duramente punido por isso, sendo acorrentado a uma pedra para que uma águia devorasse o seu fígado durante o dia. À noite o órgão se regenerava, e na manhã seguinte lá estava a águia de novo. Era o tormento perfeito.
Outro simbolismo do fogo ligado ao Olimpo, aos deuses e às Olimpíadas é, obviamente, o da Tocha Olímpica. Aceso quase sem intervenção humana (sem ferramentas como as pedras de sílex mostradas nesta história), mas diretamente pelos raios do Sol concentrados em um espelho côncavo, ele era considerado a manifestação física do deus Apolo na Terra. Ver passar a Tocha era o mesmo que ver passar um deus.
Uma das piadas de papai nesta história é justamente com o nome do Titã, que em português soa como alguma coisa ligada a “promessas”. Na verdade não é bem isso. O nome significa “aquele que pensa antes (de agir)”. Ele tem um irmão, chamado Epimeteu, ou “aquele que pensa depois”, e os dois, juntamente com Pandora, esposa do segundo, são os criadores da humanidade.
Uma grande sacada é a comparação entre o topo do Olimpo, morada dos deuses, e Bruxópolis. Quem conhece as histórias de bruxas criadas por ele certamente reconhecerá a placa. A diferença é que, aqui, a palavra “ogros” é substituída por “titãs e humanos”. Mas é o mesmo conceito.
Além disso, ele faz uma comparação entre Prometeu e o próprio Metralha 1313. E como essa coisa de devorar fígados não “cabe” em histórias Disney, papai é obrigado a “dar uma diluída” no mito. (Aqui, o condenado é só “chateado” por abutres.) O leitor atento vai notar que há uma leve confusão entre o romano Febo e o grego Apolo, coisa que papai tentava evitar ao máximo, mas nem sempre conseguia, naqueles tempos anteriores à internet e suas pesquisas instantâneas. Antigamente, a coisa funcionava na base da memória, mesmo, e ela às vezes nos prega peças. Em todo caso, ele não perde a oportunidade de ensinar um pouco de mitologia ao leitor.
****************
Já leste o meu livro? Quem ainda não leu está convidado a conhecer minha biografia de papai, à sua espera nas melhores livrarias: Marsupial – Comix – Cultura – Monkix
A História dos Quadrinhos no Brasil, e-book de autoria de papai, pode ser encontrado na Amazon
***************
Tenho o prazer de anunciar um novo livro, que não é sobre quadrinhos, mas sim uma breve história do Rock and Roll. Chama-se “A História do Mundo Segundo o Rock and Roll”, e está à venda nos sites do Clube de Autores e agBook