Trata-se da Edição Extra número 66, publicada em 1975.
Esta é mais uma daquelas “sagas”, como os especiais de lançamento do Morcego Vermelho ou o Professor Pardal na Atlântida, nas quais papai levava algum personagem para uma aventura épica.
Hoje o tema é o espaço sideral, com uma “voltinha” pelo nosso sistema solar. A série de histórias se inicia com o roubo de um foguete ultrassecreto e segue em uma perseguição desenfreada e acidentada, “pulando” de um planeta a outro até a captura final dos bandidos e volta à Terra.
A inspiração vem de filmes para cinema e séries de TV como “Uma Odisseia No Espaço” e “Perdidos No Espaço”, entre outros, com a adição de todo o folclore que cerca coisas como alienígenas e discos voadores.
São seis histórias, uma a continuação da outra, a saber:
Mancha No Espaço
Aqui temos a apresentação do “projeto secreto”, o interesse dos bandidos, e uma inicial falha em roubar o invento. Essa falha leva à adição de novos bandidos à trama, o que leva finalmente ao sucesso do roubo e sequestro do foguete. Mas como o Pardal sempre tem uma carta na manga (neste caso, um foguete reserva), uma verdadeira perseguição espacial se inicia.
Esta história inicial tem muitas boas piadas, mas uma “referência interna” interessante é a etiqueta no telescópio do Pardal. A maioria dos seus inventos têm etiquetas semelhantes, indicando se a patente está pendente, foi recusada, ou coisa parecida. Mas esta ensina algo ao leitor:

Mancha Em Marte
A partir daqui teremos outro tema recorrente, que é a existência, em cada local visitado, de um ou dois povos inteligentes. No caso de dois povos, eles são iguais entre si, ou levemente diferentes, e invariavelmente estão em guerra por um motivo bobo e com armas estapafúrdias. Assim, além de tentar capturar os bandidos, a turma do bem terá a missão de pacificar o planeta.
Os habitantes de Marte são os Tarugos e os Tatugos, tartarugas e tatus, respectivamente. É uma civilização avançada, contando inclusive com obras públicas como as da Terra:

Mancha Nos Asteroides
Surpreendentemente, os alienígenas habitantes dos asteroides já são conhecidos do leitor: são os Astéricos e os Asterísticos, vistos antes em “Os Robôs-Roubões”, história do Morcego vermelho já comentada aqui. Haviam sido pacificados, mas estão em guerra novamente, só para complicar.
Mancha Em Titã
Talvez a mais interessante da série, onde a civilização de Titã (uma das luas de Saturno) é mostrada como uma perfeita inversão da realidade de Patópolis. Nomes e papéis são literalmente invertidos, com efeitos hilários que também fazem pensar: se o Tio Patinhas é visto mendigando nas ruas, quem será o ocupante da Caixa Forte?

Mancha Em Vênus
Ok, sendo Vênus um planeta com nome de deusa, eu entendo o tema inspirado na lenda das Amazonas. Mas me dói um pouco ver uma repetição um pouco insistente de todos os velhos clichês sobre o gênero feminino… (Menos, papai, bem menos…) Enfim, eram os tempos, e ainda não havia a consciência que temos hoje. Aqui não há guerra entre os habitantes, pelo menos. O conflito é trazido pelos terráqueos, e levado embora com eles, também.
Mancha Em Mercúrio
Por fim, o confronto derradeiro. Novamente, dois povos similares se enfrentam pelos escassos recursos do planeta e precisarão ser pacificados. São, significativamente, os Rotos e os Rasgados. A inspiração vem da lenda da guerra de Troia, com os Rotos atacando a cidadela dos Rasgados, de nome “Trólha” (Como é que isso passou pelo código de ética???) A princípio, sem o acento, “trolha” significa “colher de pedreiro”, ou quem a usa. Mas em sentido pejorativo pode ser um xingamento com conotações bem baixas, e certamente era, naquela época.
Mas o detalhe interessante da história fica por conta da ficção científica “profética” (pois é, não foi só a Jornada Nas Estrelas / Star Trek que previu avanços tecnológicos reais). Aqui vemos uma previsão de um sistema de pouso com airbags que seria usado décadas depois pelas sondas em Marte:

A cena da batalha final entre o Mickey e o Mancha, aliás, tem uma semelhança muito intencional com a capa do Manual do Mickey, de 1973, que está sendo relançado por esses dias. Isto não é inserção do desenhista, é coisa de papai:

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