A Máquina Do Tempo Perdido

História do Lampadinha, de 1983.

(Sim, eu achei mais uma revista “perdida” no meio da coleção). E sim, você leu certo: esta história é muito mais do Lampadinha do que de qualquer dos outros personagens, o Professor Pardal incluso.

O que papai faz, aqui, é inverter a “ordem natural das coisas” estabelecida por Carl Barks: na maioria das histórias deste tipo, a ação é do inventor maluco e de seus coadjuvantes, e o robozinho é a diminuta estrela de uma trama paralela que corre literalmente em segundo plano e ao pé dos quadrinhos.

Hoje veremos algo diferente: a trama principal, a da máquina do tempo para curtas viagens ao passado, mais exatamente ao dia anterior, cede um espaço considerável à trama “secundária”, que acaba ganhando a mesma importância dentro da história.

A luta do Lampadinha contra as formigas chega a dominar de tal maneira a coisa toda, que o Donald, o Peninha e o Tio Patinhas nem aparecem. Eles, a princípio, são meramente citados pelo Pardal em uma conversa por telefone e na continuação tudo o que se vê deles são os diálogos nos balões.

Esta é mais uma daquelas “sacadas” geniais de papai, que, ao que tudo indica, com o tempo passou a ter um sentimento especial pelo pequeno e humilde ajudante robótico.

Se estivesse vivo, ele estaria completando hoje 78 anos de idade. Eu peço a você, leitor destas linhas, que dedique a ele um momento de oração.

Obrigada.

Mancha Negra e a Máquina do Tempo

E assim, meus amigos, chegamos à última revista Disney que eu tenho aqui na coleção. Trata-se da Edição Extra Nº 60, de 1974, que nos traz mais um épico memorável, como muitos outros que papai escreveu para a turma de Patópolis.

Outros exemplos desse tipo de revista especial que ele criou são A Volta Ao Mundo Em 8 Manchas, O Professor Pardal na Atlântida, e Mancha no Espaço. Além disso temos a trilogia de 1983 composta por Uma Aventura No Caribe, Viagem À Patagônia, e Perigo No Pólo Norte. Todas elas mostram seus personagens em grandes aventuras de múltiplas histórias ao redor do mundo, com tramas inspiradas em grandes clássicos da literatura ou em temas de ficção científica.

Hoje a inspiração vem de “A Máquina do Tempo” de H. G. Wells, e de outras histórias similares. O Professor Pardal inventou mais uma dessas máquinas e convida o Mickey, o Pateta, e seus respectivos sobrinhos Chiquinho, Francisquinho e Gilberto, para uma viagem no tempo “educativa”, como se fosse uma excursão escolar. O problema começa quando o Mancha Negra invade o laboratório para fugir da polícia, e acaba caindo, ele também, na máquina ligada.

Com a “transferência automática”, todo dia ao por do sol, papai encontra uma maneira fácil e conveniente de fazer a turma saltar para a próxima etapa, e também para tirá-los das grandes enrascadas nas quais inevitavelmente se envolverão.

Outra “conveniência” usada será um “tradutor universal eletrônico” que, por seu tamanho diminuto, passa a aventura toda sendo confundido com um chiclete ou outro alimento e sendo engolido, ora por um personagem, ora por outro. Quem está com ele tem uma certa vantagem sobre os demais, mas no final nada substituirá o conhecimento de idiomas clássicos do Gilberto. E um viva para os intérpretes humanos!

As seis histórias da série são: Mancha na História (pré história), Mancha no Antigo Egito, Mancha na Grécia Clássica, Mancha em Roma, Mancha na Idade Média, e Mancha na Volta. Em todos os títulos, a palavra “mancha” pode significar uma “mácula”, uma presença negativa.

Todas elas são muito engraçadas e até mesmo educativas. Na pré história eles se verão cara a cara com dinossauros, e no Egito com os guardas do Faraó. É no Egito também que eles pegam as primeiras “passageiras”, duas jovens escravas que lembram bastante os primeiros desenhos do Mickey “das antigas”.

Na Grécia eles passarão um dia com os filósofos enquanto o Mancha vai se ver com o Rei Minos, de Creta. É lá também que o Pateta será considerado um filósofo, por seu jeito “diferentão” de pensar. Será isso um elogio a ele ou uma crítica aos filósofos clássicos?

Mas é com o episódio em Roma que papai realmente se solta e começa a se divertir com a história. Se, até aqui, os idiomas da antiguidade eram retratados com os clichês de costume das HQs, por exemplo, agora ele usará os seus vastos conhecimentos de Latim antigo e da cultura romana para imprimir bastante autenticidade e ainda mais humor às suas piadas. Também nos vemos às voltas com o Imperador Nero, seus legionários e o incêndio de Roma. Além disso recolheremos mais três “companheiros de viagem”, em uma homenagem a Asterix, de Uderzo e Goscinny.

Na Idade Média eles lidam com as superstições e o obscurantismo. É realmente interessante como a História do mundo parece ser uma espiral cíclica, como diziam os antigos filósofos gregos. Essa teoria propõe que a História se repete em ciclos, mas não de modo exatamente igual. Assim, não estaríamos exatamente andando em círculos viciosos, mas subindo por uma espécie de “escada caracol” cósmica. As situações se repetem, mas a cada vez de um modo um pouco diferente.

O que acontece é que, quando a humanidade completou o seu primeiro milênio de Cristandade, com a chegada do ano 1000 depois de Cristo, também havia muitos boatos de que o mundo iria se acabar. As populações da Europa passaram muitos anos sob a nítida impressão de que o fim estava próximo, até que resolveram achar uma “saída honrosa” para desistir da ideia. Será que nós também vamos passar décadas “esperando o meteoro”?

Por fim, na história de volta, papai começa brincando com as percepções do leitor. Tudo leva a crer que eles estão no tempo da fundação de Patópolis, até que o Mancha leva um tiro de uma espingarda de dois canos, que não existia na era colonial. Essa é a primeira dica que papai dá ao leitor de que nem tudo é o que parece e que eles estão, finalmente, de volta aos tempos atuais.

Este é o fim das revistas Disney, mas não do Blog. Eu ainda vou continuar por mais algum tempo, a partir de agora uma vez por semana com as histórias que papai escreveu para o Ely Barbosa, que são as últimas não-Disney que eu tenho na coleção, e em “edição extra” se eu conseguir encontrar alguma revista ou republicação de alguma história Disney que eu anida não tenha comentado.

Meu muito obrigada a todos os que me acompanharam até aqui, feliz Dia das Crianças, a comemorar amanhã, e vamos em frente.

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O Pássaro Da Felicidade

História do Professor Pardal, de 1973.

Para afastar o cansaço das longas horas de trabalho no laboratório e divertir um pouco ao Lampadinha, que parece positivamente entediado, o Prof. Pardal inventa um pássaro mecânico, um brinquedo ao qual chama de “Coió de Mola”, que é uma expressão usada para denotar uma pessoa boba alegre, aquela que se diverte com qualquer bobagem.

Tanto quanto eu sei, esse foi o nome dado no Brasil a um clássico brinquedo norte americano, o Jack In The Box. Ele consiste de uma caixinha com uma manivela que, ao ser girada, dá corda em um mecanismo que faz tocar uma musiquinha e, ao final, faz abrir de repente uma portinhola no topo de onde salta um boneco, o que dá um baita susto na criança e, em seguida, geralmente, também um acesso de riso.

É uma forma simples e boba de diversão, mas funciona. Ao que parece, foi uma coisa que fez muito sucesso com a criançada a partir do pós-guerra e até o início dos anos 1970. Até hoje parece bastante popular.

Já no caso da história de hoje, ela vai funcionar bem até demais. A coisinha mecânica é tão engraçada, e de uma maneira tão gratuita, que até parece mágica. Qualquer pessoa que esteja em sua presença não vai conseguir parar de rir, com resultados hilários até para o leitor.

O interessante é que, apesar da confusão que o brinquedo causa pelas ruas de Patópolis, estão todos se divertindo tanto que nem se importam. E quando ele finalmente para, há até quem fique bravo.

Em 1976 papai voltaria ao tema com O Espelho das Gargalhadas, outro de seus brinquedos prediletos de infância, mas com um efeito exatamente contrário sobre a população da cidade.

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Carnaval Em Patópolis

História de Carnaval, de 1982.

Esta deve ser uma das mais criativas histórias de papai sobre o tema. Ela consegue reunir, em 15 páginas, tantos personagens diferentes que nem é lá muito fácil saber quem é o personagem principal da trama.

A história começa como uma competição entre Patinhas e Patacôncio para ver quem organiza a festa de Carnaval mais bem sucedida. A ideia é ver qual salão vai lotar, e qual dos organizadores vai ficar com o seu salão vazio.

Assim, como jogada de marketing, o Peninha (sempre bom publicitário) sugere trazer do Rio de Janeiro o Zé Carioca, contratado como carnavalesco. O Zé, por sua vez, tem a ideia de organizar um concurso de fantasias de alto luxo (como as que aconteciam no Teatro Municipal da Cidade Maravilhosa em seu auge), com a “milionária carioca” Rosinha fantasiada de Rainha de Manoa e usando jóias de verdade (como também já aconteceu em muitas festas de Carnaval organizadas por e para gente muito rica), para chamar a atenção.

Isso, é claro, vai atrair não apenas o público em geral mas também ladrões como o Mancha Negra. Portanto, será preciso chamar o Mickey e o Pateta para fazer a segurança da festa. Além disso, ao ver sua festa dar com os costados na praia, o Patacôncio fica furioso e resolve entrar de penetra para tentar estragar o evento do rival. O que começa como uma festa de carnaval e uma competição entre dois magnatas logo vira uma história policial para ninguém botar defeito.

E é aí que papai começa a brincar com as percepções do leitor: como o baile é a fantasia, qualquer pessoa pode estar fantasiada de qualquer coisa. O leitor sabe das intenções do Mancha. Assim, quando o Coronel Cintra entra duas vezes, uma sem e outra com convite, e ainda por cima começa a se comportar de um modo totalmente bipolar, o Mickey e o Pateta tiram as próprias conclusões, e o leitor vai na deles.

Preste atenção na cena abaixo, caro leitor: você tem certeza de que todos são o que parecem ser? Que o “Coronel” está com más intenções é óbvio. Mas o que fazem ali os Metralhas com essa calma toda? E por que o Pateta estaria com essa cara de quem comeu e não gostou?

De pista em pista, tudo será revelado, o bandido preso e a confusão desfeita. Mas, até lá, as risadas também serão muitas.

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Pena Rubra, O Viking

Este é o primeiro capítulo original da História de Patópolis, publicado pela primeira vez em 1982.

A coisa toda se baseia nas teorias que pregam que o continente americano teria sido descoberto pelos vikings por volta do ano 1000, uns 500 anos antes da chegada de Cristóvão Colombo.

O antepassado viking do Peninha tem muita coisa em comum com o pato moderno, a começar pelas frequentes demissões do jornal onde trabalha sob a batuta do antepassado viking do Tio Patinhas. Boa parte da graça da história tem a ver com esse paralelo, combinado com uma dose generosa de piadas “de viking”.

Mas não podemos nos esquecer de que esta é a história de como Patópolis se iniciou, e a coisa toda é bem mais complexa do que parece ser. Sempre brincando, papai apresenta ao leitor conceitos sérios, como a revolução cultural e tecnológica que resulta do contato entre os índios e os vikings.

Não parece, de tão acostumados que já estamos com ela, mas a escrita é uma tecnologia. Ela nos permite pensar de modo simbólico, e esse exercício mental dá a quem sabe ler e escrever uma marcada superioridade intelectual sobre quem não sabe. Essa era uma tecnologia “avançada” que os vikings tinham, na forma de Runas, e que os índios da América do Norte ainda não tinham.

Desse modo, o desenvolvimento da “Pedra do Jogo da Velha” pelo antepassado do Peninha acaba sendo uma verdadeira revelação e um acontecimento com o mesmo efeito devastador que a primeira Revolução Industrial da era moderna teve sobre os meios de produção e as relações de trabalho na Europa do século XIX.

Por fim, temos o mapa da viagem de Pena Rubra até o continente americano e ao local onde teoricamente fica Patópolis… no Hemisfério Norte, inequivocamente! (Papai faz inclusive a “gracinha” de trazer o barco até quase o Brasil, quase, só para depois levá-lo para o norte de novo.)

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Criança Sofre!

História do Professor Pardal, de 1980.

Muita gente sonha em voltar aos tempos de infância e ser criança de novo para poder fazer todas as coisas de que gostava e rever seus entes queridos que podem já não estar entre nós.

Mas pouca gente se lembra de que, mesmo que a idade adulta não seja fácil, a vida de uma criança pode ser também bastante complicada. O principal problema de ser criança é a falta de autonomia que faz com que elas estejam sempre sob a supervisão e submetidas à autoridade dos adultos, que sempre acham que sabem o que é melhor para elas (e frequentemente com toda a razão) e podem não acreditar no que elas têm a dizer, mesmo que seja verdade.

Em todo caso, mais do que uma oportunidade para filosofar sobre as dores e as delícias de ser criança, papai viu aqui uma chance de proporcionar à Nani Metralha (criada no exterior em 1977 com o nome original de Nanny Beagle para uma história só e publicada no Brasil em 1979) mais uma aventura antes que ela caísse na mais completa obscuridade.

Essa personagem é um misto de babá com avó e tia velhinha, uma cuidadora super protetora e condescendente que trata os jovens Metralhas como se fossem anjinhos, mesmo sabendo de suas traquinagens. Como bem sabemos, mimar uma criança, fazer todas as suas vontades e fazer vista grossa para todos os seus erros é a receita certa para criar um adulto de valores completamente distorcidos.

Assim, temos pelo menos uma explicação possível para o mau caráter dos Irmãos Metralha e de como eles chegaram a ser os bandidos que são.

O resto são variações sobre o tema da história original, com algumas coisas fielmente adotadas, como a máquina do tempo que mais parece um cofre e a boa fé do Pardal, que se deixa levar na lábia dos Metralhas na esperança de poder regenerá-los, e outras diferentes, como a volta à infância propriamente dita e não à adolescência.

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A Receita Da Invisibilidade

História do Professor Pardal, de 1980.

O título original na lista de trabalho era “A Fórmula Da Invisibilidade”, o que faz muito mais sentido, mas o editor achou por bem mudar, sabe-se lá por qual motivo.

A inspiração vem da literatura, mais especificamente de uma novela de ficção científica escrita por H. G. Wells e publicada em capítulos em 1897, antes de ser lançada como livro no mesmo ano. Além disso, a história virou também filme em 1933, com várias sequências pelos anos 1940 adentro e nas muitas décadas desde então.

Ao longo dos séculos figuras mitológicas, magos e cientistas vêm procurando uma maneira de tornar coisas e pessoas invisíveis, seja por meio de “poções”, capas ou mantos, anéis, capacetes (como o de Hades, depois emprestado a Perseu) e outros objetos e métodos.

Aqui papai segue a linha de Wells, com o Tio Sabiá inventando uma fórmula (se fosse uma bruxa, poderia ser igualmente uma poção) que, quando fervida, produz um vapor que deixa invisíveis a tudo e a todos que toca. O efeito é tão forte que até a casa do inventor fica completamente transparente. Parte da graça da história é observar o Pardal trabalhando às cegas em um laboratório e com objetos que ninguém vê.

A tarefa do Pardal será encontrar um antídoto para ajudar o tio a voltar ao normal, enquanto enfrenta o Professor Gavião com a ajuda do Lampadinha para que a receita não caia em mãos erradas.

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No Tempo Dos Piratas

História do Professor Pardal, de 1980.

Muito antes de “De Volta Para o Futuro”, papai já brincava com a noção de paradoxos nas viagens no tempo. A pergunta que se faz é: se esse tipo de viagem fosse possível, quais seriam realmente as chances de que um visitante de um tempo com tecnologia mais avançada entrasse e saísse de uma época sem influenciá-la de alguma maneira?

Será que essa pessoa conseguiria resistir à tentação de adaptar seus conhecimentos para poder viver melhor, ou até mesmo enfrentar alguma situação de perigo, como a que vemos nesta história? E como isso afetaria a vida dos habitantes originais daquele tempo? (É, aliás, nessa mesma premissa que se baseia Erich Von Däniken em sua teoria dos “antigos astronautas”: seriam os “deuses” na verdade astronautas – ou até mesmo viajantes do tempo – que ensinaram os rudimentos da alta tecnologia aos nossos antepassados mais primitivos?)

A máquina do tempo do Pardal é sempre a mesma, em todas as histórias que papai escreveu com esse tema: trata-se de um aparelho parecido com um enorme despertador analógico, daqueles antigões. A curiosidade é que a máquina tem uma aparência bastante humanoide, com o sino no topo por chapéu, os ponteiros parecendo bigodes, pés com sapatos, e uma projeção frontal que lembra uma língua, e que serve de assento para o viajante. Ela é quase um personagem por si só.

O interessante é que algumas coisas nunca mudam, apesar de tudo. Hoje veremos que ambos os laboratórios, o do Pardal do presente e o do Pardal do passado, têm caixas reservadas para “inventos inúteis”. Se prestarmos atenção, veremos que a do Pardal do presente contém nada menos do que a Máquina Talvez, que seria no futuro a estrela da História do Computador.

Hoje temos a primeira aparição de Thomás “El Borrón”, o pirata antepassado do Mancha Negra. Ele seria usado novamente dois anos depois no episódio da História de Patópolis que trata do ataque dos piratas à antiga Vila de Patópolis.

A ilha de nome Barataria que o Borrón cita, de onde viriam reforços de piratas, existe de verdade. Fica na costa dos EUA, no estado da Louisiana. No ano citado nesta história, 1738, os Estados Unidos ainda eram colônia britânica e os piratas a usavam para desembarcar mercadorias contrabandeadas fora das vistas dos fiscais do Rei, já que ela ficava longe das bases navais oficiais. Já no final do século XVIII e início do XIX, a ilha ficou famosa como base do Pirata Lafitte.

Curiosamente, a ilha é citada também na história de Dom Quixote: seu escudeiro, Sancho Pança, se torna governador do lugar.

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Feitiço Caprichado

História do Professor Pardal, de 1974.

Um velho ditado diz que “situações desesperadoras exigem ações desesperadas”. E nessas horas, ao que parece, vale tudo: até mesmo recorrer aos serviços de uma bruxa. E é exatamente o que fará o Professor Gavião, após ser expulso do laboratório do inventor do bem pela enésima vez.

Isso, aliás, é algo muito comum aqui mesmo no Brasil. Muito mais gente do que pode parecer (e não, não tem nada a ver com pobreza ou ignorância), ao primeiro sinal de que alguém não vai fazer suas vontades, ou à menor frustração, corre se consultar com uma cartomante (especialmente aquelas que fazem “trabalhos”) ou encomendar feitiços “cabeludos” a algum feiticeiro ou milagreiro de aluguel.

Mas é claro que, em uma história em quadrinhos Disney, ainda que magias e poderes mágicos possam ser tratados como algo real, nenhum mal pode realmente acontecer aos bons, e nenhum crime poderá ficar impune.

O detalhe que porá os planos do Gavião a perder é uma pequena falha de comunicação, aliada à vontade da Madame Min de “caprichar” para impressionar o comparsa cientista. Na parte da magia, mais um ditado se aplica: “cuidado com o que você pede, você pode conseguir exatamente isso”. E na ciência, como sabemos, “um computador não faz o que você quer, mas sim o que você manda”. Nesta história, a bruxa será o veículo de um pouco de cada uma das duas coisas. 

Interessante é a pressuposição de que não se pode simplesmente criar dinheiro por meio de magia, mas que ele precisa ser ganho (ou atraído) de algum modo (de preferência honesto), e que até mesmo bruxas superpoderosas precisam dele de vez em quando. Que poder é esse que tem o dinheiro que o torna “imune” às forças ocultas? Ou será que é a dificuldade que nós, simples mortais, temos em ganhá-lo que nos dá essa impressão? É algo para se pensar.

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O Planeta Dos Autômatos

História do Professor Pardal, de 1975.

Esta história é um resumo de todos os anseios de papai no que diz respeito à existência de vida em outros planetas, à possibilidade de que nossa civilização se encontre com civilizações alienígenas no futuro e às consequências desse encontro.

Ao contrário das visões apocalípticas de muitos, que temem que esses seres sejam hostis e que possam querer nos aniquilar para tomar nosso lugar sobre a Terra, ele acreditava que esse contato poderia ser amigável e trazer grandes avanços tecnológicos a todos os envolvidos.

Para que isso acontecesse, ainda segundo suas teorias, bastaria que a humanidade alcançasse um nível suficiente de capacidade tecnológica que viesse a nos permitir encontrar com eles já no espaço, ou descobri-los antes que eles nos descubram. Essa teoria, aliás, é a base que rege séries de TV de ficção científica como Star Trek, por exemplo.

Isso, mais aliás ainda, difere bastante da tecnofobia exibida em outras histórias de ficção científica criadas por ele, nas quais não há alienígenas envolvidos. O porquê de haver essa confiança tão grande na suposta tecnologia alienígena e tão pequena na tecnologia humana é um paradoxo que eu não sei explicar. Muito provavelmente, é algo que tem mais a ver com os clichês dos quadrinhos do que realmente com as ideias pessoais de meu pai.

Representando a humanidade como um todo, ao fazer o “test drive” de uma nova e revolucionária tecnologia para foguetes, o Professor Pardal acaba encontrando uma civilização de pequenos robôs muito parecidos com o lampadinha. Eles a princípio são hostis, e têm a intenção de invadir o nosso planeta.

Já que, para evitar essa catástrofe, uma guerra está fora de questão, somente a cooperação tecnológica poderá resolver o problema. A grande sacada de papai é a de que, se os seres são artificiais, criados por um inventor alienígena (e nesse ponto temos também um “aceno” às teorias de “Eram os Deuses Astronautas” de Erich Von Daniken), por quê o planeta deles também não pode ser?

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