Precisa-se De Uma Empregada

História do Professor Pardal, publicada pela primeira vez em 1973.

Este é um exemplo de uma história que parecia boa o suficiente para ser publicada há 42 anos, mas que hoje em dia já não é uma ideia tão interessante assim. Graças a Deus, atualmente esse tipo de piada com o tema “mulheres” já não soa tão engraçado. Mas naquele tempo era difícil não cair nos velhos clichês e preconceitos que rondavam a figura feminina.

Em todo caso papai nunca foi um machista ferrenho, sempre teve plena consciência de que mulheres também são gente, e com o passar do tempo e com o avanço cultural que testemunhou muitas conquistas sociais, econômicas e políticas das mulheres, tornou-se cada vez mais “feminístico”, cada vez mais livre de preconceitos.

Além disso, pode muito bem ser que (já que ele aceitava ideias que lhe eram oferecidas por colegas e amigos com bastante facilidade) esta história tenha sido inspirada em algo que foi sugerido por alguém bem mais machista do que ele. Com o tempo, esse tipo de brincadeira sexista foi ficando cada vez menos comum em suas histórias.

Precisando de ajuda com a arrumação do laboratório, o inventor maluco resolve inventar uma empregada robótica. Creio que o Pardal faz isso tanto para economizar com o salário da moça, já que ele não deve ter lá muito dinheiro sobrando, quanto pelo orgulho próprio de (como profissional e solteirão) saber solucionar seus problemas sozinho e criar uma máquina “tão boa quanto” uma empregada humana.

A princípio a robô faz o trabalho de limpeza e arrumação direitinho, mas depois de algum tempo começa a apresentar alguns problemas ligados à sua natureza de máquina (como cozinhar óleo cru para o jantar) e à sua “programação feminina” (como se, para se fazer uma limpeza, fosse obrigatório ser mulher).

Pardal empregada0

Seus principais “defeitos femininos” são gostar das novelas que passam na TV, ser distraída a ponto de varrer o Lampadinha junto com a poeira e jogar no lixo repetidamente (e esta “running gag” é sem dúvida a melhor piada da história) e se apaixonar à primeira vista pelo cortador de grama. O nome da novela que está passando na TV na casa do Pardal é uma alusão à famosa “Selva de Pedra”, que estava sendo exibida pela Rede Globo em 1972, época na qual esta história foi escrita.

Pardal empregada

Outra ideia subjacente à história é a “tecnofobia” que existia logo no início da era tecnológica, com o medo que as pessoas tinham de que as máquinas pudessem ficar tão avançadas que tomariam seus empregos até mesmo em áreas eminentemente humanas como os cuidados domésticos. Assim, rir da incapacidade delas para certas atividades era um modo de afastar esse medo, mesmo que momentaneamente. (E será que ridicularizar mulheres também não é uma maneira de afastar certos temores machistas a respeito delas?)

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Quem Samba Fica!

História do Zé Carioca, de 1972.

É uma das primeiras, e também mais clássicas histórias do papagaio verde escritas por papai. “Quem Samba Fica (Quem não samba vai embora)” é o nome de uma antiga canção dos compositores José Bispo e Tião Motorista, cantada por Jamelão, Beth Carvalho, e outros grandes artistas da música brasileira.

Assim, é nesse tema sobre quem fica e quem é mandado embora de um exclusivo clube de gafieira, onde só entram sócios, que a história toda se baseia. Esta é, também, a primeira história na qual o Zé é vítima de um caso de identidades trocadas. Ao que parece, ele é a cara de um dos músicos que se apresentarão esta noite. A verdade é que, na natureza, todos os papagaios da mesma espécie são bastante parecidos. É preciso conhecer muito bem esses bichos para conseguir distinguir até mesmo entre machos e fêmeas.

ZC fica

A primeira (e principal) grande piada da história é a aparência do “leão de chácara”, como são chamados os porteiros desse tipo de clube, que são as pessoas que decidem a respeito de quem pode ou não entrar, e de um modo geral cuidam da segurança do local. Esse é, realmente, um leão. É esse leão, também, quem na verdade apronta a confusão toda, e depois ainda força o Zé a lavar os pratos por ter “entrado de penetra”.

ZC fica1

Esta não é, decididamente, uma história na qual o Zé se dá bem no final, e o problema com a identidade trocada o perseguirá até o último quadrinho.

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Uma Invasão De Dar Pena

História do Biquinho, de 1982.

Os alienígenas em questão, pequenas e perigosas nuvens inteligentes que têm o poder de se transformar em outros personagens e que planejam invadir a Terra, sempre pertenceram ao “universo” do Zé Carioca. Mas é em Patópolis que eles finalmente encontram alguém à sua altura, ou seja, tão terrível quanto.

Esta série conta com exatas 4 histórias, as primeiras três passadas no Rio, e a última em Patópolis. Mas, por algum motivo que desconheço, a turma da redação inverteu a ordem de publicação das duas últimas, escritas em 1982: publicou primeiro esta, e só depois a penúltima, em 1984.

Em 1991 papai deixou uma nota na margem da primeira página da cópia que tenho aqui, atestando a verdadeira ordem das histórias:

Biquinho invasao

O que aliás faz sentido, porque é nesta história que a localização do planeta de origem dos alienígenas é finalmente revelada, e é nela que a tão planejada e ensaiada invasão finalmente acontece.

Biquinho invasao1

Mas antes que as nuvenzinhas possam invadir, elas precisam de um terráqueo para interrogar sobre armas, sistemas de ataque e defesa, e locais estratégicos. O problema é que esses seres são minúsculos, assim como suas naves. Desse modo, o “espécime” capturado também precisa ser pequeno, e é aí que o plano dos invasores começa a dar errado.

Biquinho invasao2

Afinal, o que é que um patinho de três palmos de altura sabe, sobre o que quer que seja? E ele até que tenta, revelando tudo o que pensa que sabe sobre tudo o que os vilões querem saber. É óbvio que o plano de invasão não vai dar certo, nem poderia, mas o divertido, mesmo, é ver o tamanho da confusão causada até a derradeira debandada.

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O Gato Que Sabia Demais

História das bruxas, de 1975.

Vai haver mais um concurso de bruxarias em Bruxópolis, e desta vez a intenção é testar o adestramento e a obediência dos gatos das bruxas. O prêmio de mil asas de morcego da Pomerânia nem é realmente a principal motivação delas, mas sim o prestígio que a ganhadora conquistará aos olhos do povo da cidade das bruxas.

A Maga Patalójika tem o seu “Lúcifer”, um gato vesgo preto e branco que é perfeitamente obediente, e é com ele que ela pretende participar.

Bruxas gato

Já o Mefistófeles, o gato pardo da Madame Min, não está se sentindo particularmente dócil no momento. Não quer ir ao concurso, não quer participar de nada, nem colaborar com nada. Mas, chegado o grande dia, lá está ele em Bruxópolis, desacompanhado de sua dona e absolutamente bem treinado. A participação dele no concurso é espetacular, mas quem conhece bem a Madame Min sabe que algo está muito errado…

Bruxas gato1

O título da história é baseado no nome de um filme de mistério, suspense e espionagem de 1956, “O Homem que Sabia Demais”, dirigido por Alfred Hitchcock. Mas as semelhanças param por aqui. Na verdade, o “demais” no título se refere mais a algo que é “bom demais para ser verdade” do que outra coisa.

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Lista de Trabalho VI

Nem tudo o que é mencionado nestas listas foi publicado. Algumas coisas são apenas ideias, outras são testes, ou outros tipos de projetos. Nem tudo está em ordem cronológica: às vezes, ele ia anotando conforme se lembrava de um projeto mais antigo. Além disso, algumas histórias foram compradas e nunca publicadas. Outras eram compradas e publicadas, mas com nomes diferentes, a critério do editor. E mais, nem tudo são quadrinhos. Há colunas para jornais e revistas, projetos de publicidade e vários outros tipos de textos.

De modo geral, primeiro vem o nome da história, seguido do nome do personagem principal e do número de páginas. “Rep” significa “Republicada”, e “Ref” ou “p/ Ref” é “para reformular”. Numerais romanos simbolizam a versão (I, II, III…) de uma história que voltou, foi reescrita, e em seguida enviada de volta.

De Janeiro de 1977 a Fevereiro de 1977

  • O Alquimista – Peninha 8 (Republicada)
  • Zé Milionário – Zé Carioca 7 (Republicada)
  • Um (Atchim!) Resfriado Caro – Patinhas 8
  • Campistas Vigaristas – Metralhas 10 (Republicada)
  • O Bronka Das Selvas – 0-0-Zéro 14
  • A Onça E O Valente – Zé Carioca 8
  • Os Homens Morcego – Tor 10
  • Os Patos Do Deserto – 0-0-Zéro 11
  • O gênio do Anel III – Zan 8 (novo texto)
  • A Super Pantera II – Pantera Cor de Rosa 7
  • A Armadura da Medusa – Homem Pássaro 9
  • O Rosado Mascarado Ataca Novamente II – Pantera 6
  • Querem Acabar Comigo II – Inspetor 9
  • A Caverna do Dragão II
  • Delícias De Um Acampamento – Donald E Peninha 9
  • Amor, A Contas Me Obriga… – Zé Carioca 6
  • Xita Da Silva – Zé Carioca (Reaproveitada)
  • Esse Agente Dá Pena – 0-0-Zéro 10
  • Quem Siri Por Último… – Zé Carioca 7
  • O Clube Dos Caçadores – Morcego Vermelho 10
  • A Volta De Luis Carlos – Zé Carioca 8 (Republicada)
  • O Poço Dos Desejos – Zé Carioca 8
  • O Estúpido E O Comprido – Morcego Vermelho 9
  • A Aprendiz De Feiticeira – Maga E Min – 8
  • O Planeta Dos Palhaços – Esquálidus 15
  • A Troca De Prisioneiros – Fantasma Do Espaço 9
  • O Curandeiro Bruxo – Tor 9
  • A Volta do Escorpião Negro II – Sansão
  • Os Morcegos Negros – Morcego Vermelho 8
  • A Ameaça do Gaiteiro – Tor 8
  • Maus Ventos O Levem – Donald X Silva 8 (Republicada)
  • A Mancha Cor-De-Rosa – Mancha Negra 9
  • O Dia Dos Namorados – Zé Carioca 7 (Republicada)
  • A Morte da Medusa – Homem Pássaro 4
  • O Tesouro De Vila Xurupita – Zé Carioca (Reaproveitada)
  • Um Alfaiate Sobre Medida – Penhinha 7 (Republicada)
  • O Preço Das Suíças – Tio Patinhas 11
  • Quem Tem Medo Do Bicho Papão? – Morcego Vermelho 8 (Republicada)
  • A Lei, Ora A Lei! – Patinhas (Reaproveitada)
  • Zé Bombeiro – Zé Carioca 8

De março de 1977 a setembro de 1977

  • Escalando A Duras Penas – Peninha 8
  • O Dia Do Mascote – Donald 8
  • O Ataque Dos Pés Pretos – Urtigão 9
  • Zorrinho Contra O Abóboras – Zorrinho 8 (Republicada)
  • Zé Crusoé – Zé Carioca 8
  • As Árvores Ambulantes – Patinhas 10
  • A Longa Noite Dos Pernilongos – Zé Carioca 9
  • Em Briga De Cão E Gato… – (Reaproveitada)
  • As Flores Assassinas – Homem Pássaro 8
  • Fantasma do Espaço no Planeta Mithos (Pesquisa e Resumo)
  • Gelo Seco – Pateta ½
  • Pegamos o Pombo! – Esquadrilha Abutre 8
  • Os Homens Leopardos – Tor 9
  • Zé Relâmpago – Zé Carioca (Reaproveitada)
  • A Volta Do Monstrengo – Morcego Vermelho 9
  • Os Mini-Metralhas – Metralhas 11
  • Em Briga De Cão E Gato… II – Donald X Silva 8
  • O Trevinho Da Sorte – Sobrinhos 10 (Republicada)
  • O Planeta Mithos – Fantasma do Espaço 12
  • Um Lixo De Armadilha – Morcego Vermelho 7
  • Um Vizinho Marreta – Zé Carioca 8
  • Os Super Cupins – Formiga Atômica 8
  • Páginas Computadas (Licença) 25
  • Idem (Licença) 68
  • Idem (Licença) 50
  • Idem (Licença) 34
  • A Vaca Invisível – Vaca Voadora (RGE)
  • O Sítio Sitiado – Sítio 18 (RGE)
  • As Garras do Abutre – Falcon 21 (Republicada) (3)
  • O Rapto de Narizinho – Sítio (RGE)
  • Luta Selvagem – Falcon 10 (Republicada) (3)
  • Espoleta, Gabiroba e Pixaim – Espoleta 5 (NB)
  • Triplo Mesmo! – Espoleta 2 (NB)
  • Enganando as Formigas – Espoleta 1 (NB)
  • Espoleta no Circo – Espoleta 10 (NB)
  • O Salto – Espoleta 1 (NB)
  • Páginas Computadas (Licença) 16
  • MK 259 (Não HQ)
  • MK 260 (Não HQ)
  • MK 261 (Não HQ)

De Setembro de 1977 a Dezembro de 1977

  • MK 262 (Não HQ)
  • MK 263 (Não HQ)
  • MK 264 (Não HQ)
  • MK 265 (Não HQ)
  • MK 266 (Não HQ)
  • MK 267 (Não HQ)
  • MK 268 (Não HQ)
  • MK 269 (Não HQ)
  • MK 270 (Não HQ)
  • O Mistério das Múmias – Falcon (Resumo) (3)
  • O Ladrão Misterioso – Pena Kid 5
  • MK 271 (Não HQ)
  • MK 272 (Não HQ)
  • MK 273 (Não HQ)
  • MK 274 (Não HQ)
  • MK 275 (Não HQ)
  • MK 276 (Não HQ)
  • MK 277 (Não HQ)
  • MK 278 (Não HQ)
  • MK 279 (Não HQ)
  • MK 280 (Não HQ)
  • MK 281 (Não HQ)
  • MK 282 (Não HQ)
  • MK 283 (Não HQ)
  • MK 284 (Não HQ)
  • MK 285 (Não HQ)
  • MK 286 (Não HQ)
  • MK 287 (Não HQ)
  • MK 288 (Não HQ)
  • MK 289 (Não HQ)
  • MK 290 (Não HQ)
  • MK 291 (Não HQ)
  • MK 292 (Não HQ)
  • MK 293 (Não HQ)
  • MK 294 (Não HQ)
  • MK 298 (Não HQ)
  • MK 299 (Não HQ)
  • MK 300 (Não HQ)
  • AD 65 (Não HQ)
  • AD 66 (Não HQ)
  • AD 67 (Não HQ)
  • AD 68 (Não HQ)
  • AD 69 (Não HQ)
  • AD 70 (Não HQ)
  • AD 71 (Não HQ)
  • AD 72 (Não HQ)
  • AD 73 (Não HQ)
  • AD 74 (Não HQ)
  • AD 75 (Não HQ)
  • AD 76 (Não HQ)
  • AD 77 (Não HQ)
  • A Caverna do Dragão IV – Escorpião Negro
  • A Volta do Escorpião Negro IV – Homem Pássaro
  • Morcego X Conde Dráculo – Morcego Vermelho
  • Praça da Ironia – Pancada 5
  • PD 1260 (Não HQ)
  • PD 1262 (Não HQ)
  • PD 1264 (Não HQ)
  • PD 1266 (Não HQ)
  • PD 1268 (Não HQ)
  • PD 1270 (Não HQ)
  • PD 1272 (Não HQ)
  • PD 1274 (Não HQ)
  • PD 1276 (Não HQ)

O Planeta Mithos

História do Fantasma do Espaço, escrita e publicada em 1977 na revista Heróis da TV, primeira série, Ano III, Número 29.

Na semana em que a existência de um planeta “semelhante à terra” foi anunciada, esta história vem bem a calhar. A lista de trabalho de papai mostra que, antes de escrever a versão final, ele fez uma pesquisa e resumo com a proposta da trama, e só depois que a proposta foi aprovada escreveu a história como nós a conhecemos.

Em um planeta que consta como “inabitável” nos mapas estelares, o Fantasma do espaço e seus ajudantes encontram uma atmosfera convenientemente rica em oxigênio, rios, montanhas, florestas, e tudo o mais necessário à vida. Estariam os mapas errados? Ou será que algo muito estranho estaria acontecendo?

Descendo à superfície para investigar, eles começam a encontrar diversos seres oriundos da mitologia grega, como centauros, faunos, e até um ciclope e a temida Medusa. O nome “Mithos” é uma referência a mitologia, é claro, bem ao estilo de papai, aliás.

Mithos

Como, exatamente, o planeta foi “terraformado” permanece um mistério, mas o nome do vilão responsável pela proeza é Mutor. Ele é, portanto, um “mutador” (ou “mudador”), um especialista em mutações e ilusões armado com poderosos “raios mutantes” de natureza tecnológica. Nada do que ele cria dura muito tempo, mas a espetacular explosão do planeta inteiro, no final, é algo bem real.

Mithos1

Ainda em 1977 papai escreveu uma história parecida para o personagem Falcon, “As Garras do Abutre”, sobre um vilão que escraviza pessoas com um raio hipnotizante em uma ilha misteriosa, e em 1981 ele voltaria ao tema com a história “Perigo na Ilha”, do Capitão Valente, ambas já comentadas aqui.

Esta história também tem semelhanças com “Os Doze Trabalhos do Morcego Vermelho” e “É de Arrepiar os Cabelos”, também já comentadas aqui, entre outras. Como já deu para perceber, o tema é um dos favoritos dele.

Mithos2

 

A diferença, aqui, é que ele trocou a ilha deserta por um planeta inteiro, e o aviador aventureiro por um astronauta, adicionando uma pitada de mitologia para “temperar”. Já bruxaria e tecnologia são certamente intercambiáveis nas histórias em quadrinhos, ambas com efeitos semelhantes.

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O Trevinho Da Sorte

História dos sobrinhos do Donald, de 1978.

Que o Gastão e o Donald estão sempre brigando pela atenção da Margarida, isso todo mundo sabe. Mas o que pouca gente sabe é que, neste triângulo amoroso, não são só a Margarida e o Donald que têm sobrinhos. O Gastão também tem o seu, um obscuro personagem criado no exterior em 1955 de nome Trevinho, que tem a mesma sorte enervante do tio.

O Trevinho aparece em apenas três histórias, e a única história brasileira onde ele é usado é esta aqui, de papai. Portanto, neste momento declaro que esse fato o torna, oficialmente, o “santo padroeiro dos personagens Disney obscuros e esquecidos”. 😉

Como em muitas tramas do Zé Carioca, esta se baseia na falastronice dos personagens principais. É o famoso “eu e minha grande boca”, mesmo que isso não seja dito pelos personagens em momento algum. Mas o leitor sabe, e já começa a rir desde o terceiro quadrinho.

Trevinho

Outra característica do Trevinho em comum com seu tio é a desonestidade, a mesma que levou o Gastão a oferecer tomates às tartarugas do Donald em “A grande corrida de tartarugas”, já comentada aqui. Mas é claro que eles não se consideram desonestos. No entender deles, estão apenas “dando uma mãozinha à sorte”.

Trevinho1

É claro que a trapaça não ficará impune, e por isso o patinho sortudinho não vencerá a competição com os meninos pela atenção das meninas. O problema é que, assim como frequentemente acontece com o Gastão, até mesmo quando ele tem azar ele acaba tendo sorte, para o desespero dos patos menos afortunados.

Outro personagem que participa desta história, e somente desta história (e portanto foi criado por papai), é o Professor Mikowsky, um estudioso de micos raros, daí o “miko” no nome.

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Patetópolis

História do Pateta, publicada em 1974.

É a primeira da série de três histórias sobre a cidade dos patetas, sendo que as primeiras duas foram escritas por papai. A terceira, ao que tudo indica, é de outro autor (ainda desconhecido) já que seu título não é mencionado nas listas de trabalho dele, e o nome do seu autor não é mencionado no Inducks.

Estas primeiras duas começam com a mesma situação: o Pateta desapareceu, em seu lugar há apenas um bilhete, e cabe ao Gilberto encontrá-lo e livrá-lo da enrascada. A trama também tem pontos em comum com outras histórias de papai onde há cenas de julgamento, e principalmente com o fato de que o réu já é tratado como culpado das acusações e considerado “condenado” desde o início, sem chance alguma de defesa ou julgamento justo. A situação, que na vida real seria uma verdadeira tragédia, nas histórias em quadrinhos costuma ser bastante engraçada, especialmente porque o leitor sabe que o herói da história não pode, possivelmente, se dar tão mal assim.

A solução do mistério a respeito do rapto do Pateta está bem clara, já desde o primeiro quadrinho. Qualquer um, com um pouco de atenção e boa visão (e quem sabe uma lente de aumento, de preferência), será capaz de saber, imediatamente, quem o levou e para onde. É papai fazendo o leitor desatento de “pateta”, ou até quem sabe talvez deixando uma mensagem velada para as pessoas sempre lerem as letrinhas miúdas…

Patetopolis

Já em Patetópolis em si ainda não é proibido pensar, mas na verdade essa lei nem é necessária: lá ninguém parece ser muito inteligente, de qualquer maneira. A característica principal do povo da cidade parece ser a rejeição a “coisas modernas”, como fósforos, por exemplo. A cadeia sem paredes que também aparece na segunda história já está lá, e o Metralha 1313 faz uma pontinha como o “prisioneiro veterano”. O que ele revela ao seu colega de “cela” Pateta, em uma breve conversa corriqueira que pode parecer insignificante para o leitor, terá importância na hora de finalizar a história.

No final o caso que levou ao julgamento é irrelevante, a acusação não procede, não há testemunhas, e a história toda pode ser interpretada também como uma parábola sobre a tolice de se acreditar em difamações e calúnias, ou ter preconceito de alguém só porque ouviu falar algo negativo sobre a pessoa, por mais idôneo, confiável e convicto que o caluniador possa parecer.

Patetopolis1

A participação do Gilberto na história me lembra também o ditado que diz que “a mentira tem asas, mas tem pernas curtas, e a verdade é uma velhinha que mora no fundo de um poço”. Esse conceito é baseado em uma antiga fábula, na qual se conta como a verdade pode demorar um pouco a se revelar, mas uma vez que ela consiga sair à luz, toda a mentira se torna inútil (perde as asas) e é logo neutralizada.

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A União Faz… O Susto

História do Tico e Teco com participação especial do Ronrom, publicada uma única vez em 1974.

Hoje todos os personagens principais são bichos, e precisarão unir forças para solucionar seus problemas, que para nós parecem insignificantes, mas para eles são enormes. Os esquilos estão tendo dificuldades com o peso das nozes, mas o gato está bem mais encrencado. O seu dono, Pato Donald, está bravo porque ele não consegue pegar um rato que invadiu sua casa.

O interessante é que os animais nunca falam com os humanos, nas histórias Disney (eles apenas pensam o que gostariam de dizer, quando muito), mas podem perfeitamente conversar entre si. Assim, temos uma rara oportunidade de ver o Ronrom agindo de um jeito completamente diferente que na maioria das histórias.

Quem conhece o gato do Donald sabe que ele não é nenhum “gato de almofada”, e pode ser bastante arisco quando necessário. É um gato que, decididamente, sabe mostrar as unhas. Mas o problema é que o rato em questão também não é de fritar bolinho:

Ronrom susto

É nessa hora que a criatividade, e principalmente as patas dianteiras preênseis dos esquilos virão bem a calhar. Assim, eles ajudam o amigo gato a afastar o rato (que aliás também é adepto dos livros de “faça você mesmo”), e recebem dele a retribuição do favor, para a completa surpresa do Pato Donald, que nesta história faz apenas uma pequena participação.

Ronrom susto1

É uma história curta, criativa e meiga, que merecia ter sido publicada mais vezes. A verdade é que nem eu, nem papai, nem qualquer outro artista dos estúdios Disney no Brasil nunca ganhou qualquer coisa a mais (além do pagamento pelo trabalho inicial de fazer a história) por qualquer republicação, nem ganhará, enquanto as regras continuarem as mesmas. É verdade também que, mesmo aceitando essas regras, papai se sentia meio incomodado com as sucessivas republicações. Mas eu não me incomodo nadinha, já que a republicação é uma maneira de continuar mostrando o ótimo trabalho dele e de seus colegas às novas gerações, mantendo viva a memória dos quadrinhos Disney no Brasil.

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O Colete-Ladrão

História do Sr. X e seu bando, de 1975.

A maior característica “do mal” do Sr. X é a sua megalomania. Seu maior sonho, que nunca se realizará, é claro, é conseguir ser reconhecido e temido por todo o mundo como o “Rei do Crime”. Já a segunda maior de suas características do mal é aquela que impede que seus golpes deem certo: a total falta de cumplicidade com aqueles que deveriam ser seus cúmplices, os membros do seu bando, os baixinhos X-1, X-2 e X-3, e o corvo X-8.

O plano da vez não é ruim, e gira em torno de um dispositivo inventado por ele, um disfarce na forma de uma espécie de barriga falsa com um buraco, que se veste como se fosse um colete à prova de balas, ou algo do tipo. O truque é usar braços falsos nas mangas do casaco, e usar as mãos de verdade de um modo que não atraia a atenção para cometer crimes.

Sr X Colete

E a coisa toda só não dá certo porque o vilão insiste em não explicar o plano todo aos seus asseclas, deixando-os no escuro quanto aos detalhes. O problema é que ele vê a si mesmo como alguém muito superior, em inteligência e astúcia, aos outros. Os trata como empregados, meros serviçais, e indignos de sua suposta genialidade maléfica. Isso gera um conflito entre o bando e seu chefe, que sempre acaba estragado a execução dos planos.

Sr X Colete1

O nome do dispositivo é Colete-Ladrão. Não importa se o colete em si, mero objeto inanimado, não rouba nada, mas é usado para que se roube através dele. Esse é o nome que papai quis que o Sr. X escolhesse para o objeto, e eu me lembro que ele ficou muito chateado quando, em 1980, alguém lá na Abril resolveu mudar o nome da história para “O Colete do Ladrão”; e sem consultá-lo, ainda por cima. Ele esbravejou bastante em casa quando contou para mim o “absurdo”, protestou na redação, tentou explicar o seu ponto de vista, mas a julgar pela lista de republicações no Inducks, não foi atendido. Algum “expert” achou que o segundo nome está mais “correto”, sem consideração nenhuma ao autor, e assim ficou.

Fica então o pedido, se alguém algum dia resolver publicar essa história de novo: o nome dela é “O Colete-Ladrão”, e nenhum outro. Por favor, publiquem a história com seu nome original. É o mínimo que se pode fazer pela memória de um gênio.

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