História do Donald e Silva, publicada pela primeira vez em 1977.
Eles até que tentam, mas não conseguem parar de brigar, e cada vez por um motivo diferente. A bola da vez é um par de estufas para plantas raras, que os dois resolvem construir em seus quintais. O curioso é que os projetos são iguais, e a primeira planta a ser abrigada em cada uma das estufas também é do mesmo tipo (uma samambaia supostamente rara).
O pato e o cão não entendem a situação, acusam mentalmente um ao outro de inveja, mas continuam com seus planos mesmo assim. Quando a briga inevitavelmente estoura, os sobrinhos do Donald lembram aos dois brigões que anos atrás o Donald deu ao Silva uma muda da planta, e este retribuiu com uma cópia dos planos da estufa.
Os planos da estufa que o Donald tem estão datados de 1965. E a samambaia do Donald foi um presente da Margarida, “no início do namoro”, nas palavras dele. Assim, podemos deduzir que eles começaram a namorar em meados dos anos 1960. De resto, esta seria apenas mais uma história de briga com estes dois personagens, se não fosse a “história oculta” por trás deste roteiro: a verdade é que os acontecimentos desta história estão intimamente ligados à vida de nossa família na cidade de Campinas/SP naquele tempo.
A samambaia especial é uma referência às muitas plantas do mesmo tipo que minha mãe cultivava no jardim de inverno da nossa casa, e a chuva de granizo retratada na história aconteceu de verdade em junho ou julho de 1977 e deixou para trás um estrago grande, inclusive nos vidros do nosso jardim de inverno.
Esse tipo de precipitação é comum por lá, e os campineiros certamente sabem o que é isso. Este vídeo dá uma ideia da coisa. O difícil é convencer quem nunca esteve à mercê de uma dessas, e a equipe da Abril naquele tempo quase se recusou a publicar a história porque eles não acreditavam que uma chuva de granizo pudesse fazer esse estrago todo.
E pelo menos uma cena desta história foi inspirada diretamente nas brigas de criança (aquelas, por ciúme bobo) entre meu irmão e eu. O diálogo abaixo também era comum, lá em casa… 🙂