Esta história, publicada pela primeira vez em 1978, é um bom exemplo de “ficção baseada em fatos reais”, quando papai usava coisas que aconteciam com ele ou com a família como inspiração para suas histórias.
Adapta daqui, exagera dali, dá-se uma “esticada” e uma “costurada” nos fatos, e algum personagem, neste caso o Zé Carioca, ganha uma história muito engraçada.
Se até mesmo hoje em dia, nos meses de verão, os pernilongos são considerados um aborrecimento e uma ameaça, imaginem então o que acontecia há 35 anos. E pior, as alternativas para se lidar com eles eram bem mais limitadas.
Os verões em Campinas costumavam ser quentes, e a presença de pernilongos na casa da família, especialmente ao anoitecer e à noite, era uma constante. Inseticidas e repelentes em espiral eram usados, e mesmo quando conseguíamos afastar os bichos, sabíamos que era só uma questão de tempo até que eles voltassem.
Nesta aventura o Zé e o Nestor estão cansados de não fazer nada o dia todo e resolvem ir dormir, cada um no seu barraco. Quer dizer, eles pelo menos tentam, mas são impedidos pelos insetos.
Primeiro é um só bicho, zumbindo no ouvido do Zé. Quando nosso herói é picado e resolve reagir, uma verdadeira guerra acaba se iniciando entre ele e os mosquitos, que passam a contra-atacar em bandos cada vez maiores e mais organizados, num “crescendo” que parece não ter fim.
O Zé e o Nestor tentam de tudo para afastar os insetos. Inseticida é coisa cara, à qual eles não têm acesso, e matar os pernilongos um por um, na base do mata moscas, não é viável. A tentativa de usar fumaça para espantar os bichos é só parcialmente bem sucedida, e o papel pega moscas “artesanal” se revela um perfeito desastre.
No fim, quando a situação se torna insuportável e tudo parece perdido, os pernilongos se dispersam sozinhos, repentinamente. Está amanhecendo e, se os bichos não venceram a batalha, também não perderam. Como bons monstros que são, voltarão assim que noitecer novamente.