Robinson Peninha

História do Peninha, publicada pela primeira vez em 1974.

O título é uma alusão à história de Robinson Crusoé, e uma indicação do que vai acontecer com o nosso pato predileto. Mas não apenas com ele. O Ronrom, gato do Pato Donald, também vai estar envolvido na confusão.

Uma coisa interessante é que esta história não tem “splash panel“, aquele primeiro quadrinho que geralmente engloba as duas primeiras tiras da primeira página de uma HQ. Muito pelo contrário, são quatro quadrinhos, dois por tira, onde o leitor vê o Peninha saindo de casa de fininho com seu caniço de pesca e bolsa de apetrechos, trocando de veículos pelo menos uma vez e olhando por cima do ombro o tempo todo, como se temesse estar sendo seguido.

De quem, exatamente, ele está fugindo é revelado no quadrinho seguinte, quando “aquele gato” finalmente aparece, de clandestino no para choque do táxi. O Ronrom também não gosta nadinha do Peninha, mas adora peixes, que o Donald nunca serve a ele. Vai daí…

Assim, a primeira página é usada para apresentar tanto o tema da história quanto os personagens, e o “conflito” inicial em toda a sua rica complexidade. É um bocado de informação para 7 quadrinhos, mas mesmo assim a coisa toda parece bastante natural e fluida.

É no final da segunda página que o caldo engrossa: não apenas o Ronrom não foi despistado, como o Peninha se esqueceu de checar a previsão do tempo antes de sair. Quando ele finalmente liga o rádio, já é tarde demais. Outra coisa interessante é aquele “sexto sentido” que o Peninha tem, que é mais ou menos o mesmo que a sensação que o Mickey tem quando o Mancha Negra está por perto.

Robinson Peninha

O resto da história dá conta de como os dois, que certamente não se bicam, vão conseguir se virar juntos em uma ilhota que não é muito maior do que uma mesa de festa até serem finalmente resgatados. A sequência de quadrinhos que começa ao final da sexta página, com a descoberta do segundo par de pegadas na areia, e que continua por toda a sétima, na qual o Peninha passa por algumas das fases do Modelo de Kübler-Ross, desde a negação, passando pela negociação e até a constatação da chocante realidade, é francamente hilária.

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Recortes de jornal, 1982

Recebi recentemente da Biblioteca Municipal de Campinas o seguinte recorte de jornal, com duas matérias, uma delas publicada no Correio Popular, sobre a produção artística de papai.

Uma diz respeito ao Prêmio Abril por “Um Natal Bem Diferente”, em 1982, e a outra é sobre o processo de “renascimento” do Zé Carioca como personagem genuinamente nacional.

IvanSaidenberg

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Pra Ver A Banda Passar…

História do Peninha, de 1976.

Com o Ronrom no papel de vilão, a inspiração para esta história vem de duas canções brasileiras.

O título é uma referência a “A Banda”, de Chico Buarque. Todos saem à rua para ver a banda passar, mas o gato, sempre ranzinza, não está muito interessado. Em todo caso, esse desinteresse todo dura somente até ele ouvir dizer que a banda está indo tocar na cerimônia de abertura da FEPEPA, a Feira de Pesca de Patópolis.

Interessante é essa facilidade de criação de acrônimos interessantes, sugestivos ou hilários que caracteriza o idioma português, e que papai sempre explora para efeitos muito engraçados.

Peninha banda

Depois de apresentado o tema “banda”, a partir do momento no qual o interesse do gato do Donald é despertado, a trama passa a ser algo como uma dramatização da canção infantil chamada “Tem Gato na Tuba“.

O problema é que um dos músicos da banda, mais exatamente o “homem da tuba”, é o Peninha. O gato não gosta nem um pouco do pato, e a recíproca é perfeitamente verdadeira, mas, para conseguir entrar na tal feira e ter acesso aos peixes, o Ronrom é capaz de absolutamente tudo, com consequências hilárias.

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Um Certo Capitão Mendoza

História do Zorro, de 1976.

(O título da  história me lembra qualquer coisa como “Um Certo Capitão Rodrigo”, mas a referência para por aí.)

Da série “planos perfeitos para capturar o Zorro”. Um capitão novo, tido como o melhor espadachim da Califórnia, é enviado a Los Angeles para tentar, pela enésima vez, prender aquele a quem os poderosos chamam de bandido, e o povo humilde chama de herói.

Zorro Mendoza

Os militares tentam todos os truques do livro, desde o desafio barato para um duelo, passando por tentativas de emboscada, perseguições noite adentro, aumento da recompensa, e chegando até mesmo à luta desleal. Obviamente, nada disso adianta. O Zorro está em todos os lugares, seja como Don Diego, ou vestido de capa e roupa preta. Ele sabe de tudo o que se passa, luta melhor que todos, é mais esperto que qualquer um e tem o povo ao seu lado. Ninguém segura o Zorro!

Zorro Mendoza1

A Estrada Real citada pelo Capitão Mendoza na história existe de verdade. Foi aberta pelos espanhóis mais ou menos na mesma época na qual se passa a lenda do Zorro, e um belo mapa antigo feito à mão pode ser visto no link. Vale o clique.

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A Fonte Da Velhice

História do Tio Patinhas, de 1976.

O primeiro quadrinho desta história já deixa claro o que está acontecendo. Não é nem preciso ser o “leitor atento” de papai para entender o que se passa. A Madame Min, (muito mal) disfarçada de mensageiro, acaba de entregar um livro ao Patinhas, e vai saindo de fininho.

Mesmo assim, o Pato Mais Rico do Mundo resolve seguir as instruções do livro à risca e sair atrás do tesouro com Donald e os Sobrinhos a tiracolo. Será que a idade finalmente o pegou de jeito e ele ficou gagá, ou será que há mais aí do que parece? Nada que venha dessas bruxas malvadas pode resultar em algo de bom… Ou será que pode?

TP velhice

A história diverte e surpreende justamente porque o leitor custa a acreditar que o Patinhas esteja realmente caindo como um patinho em um plano maléfico tão óbvio. Ele parece cometer todos os erros, e cair na armadilha das bruxas de uma maneira tão inconsequente, que o leitor até se assusta. Ou será que é papai, o argumentista, que endoidou, desta vez?

TP velhice1

Nem uma coisa, nem outra. É claro que meu pai nunca foi mais “doido” do que o estritamente necessário, e não descaracterizaria um personagem desse jeito. Muito pelo contrário, o Tio Patinhas dele é fiel ao original de Barks até a última pena: o muquirana não é bobo, não dá nem nunca deu ponto sem nó, e não iria começar agora. É o velho talento que o pato tem de transformar tudo, até as adversidades, e também as aventuras mais malucas, em lucro.

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A Carroça De Ouro

História dos Aristogatas, criada em 1974 e publicada uma vez só em 1976.

Esta é mais uma história que tem como tema o Teatro de Rua e antigas tradições do teatro medieval, como a carroça do título. Em 1975 papai já havia usado este tema em “Os Cavaleiros da Távola Quadrada”, e voltaria a ele em outras histórias da Companhia Teatral Peninha e também do Zé Carioca, como “Zé Mambembe”, de 1977 e “Brincadeira Tem Hora!”, dos Metralhas em 1980.

Como eu já disse antes, A Carroça de Ouro foi um projeto cultural que passou por Campinas em meados dos anos 1970 e, ao que parece, por muitas outras cidades também, percorrendo 17 estados brasileiros em mais de 20 anos, levando o teatro para locais sem acesso à cultura. O projeto ganhou até mesmo um livro em sua homenagem, em 2010.

Assim, quem lia assiduamente as histórias de papai não apenas aprendia alguma coisa sobre vários assuntos, mas também podia se aprofundar um pouco mais em alguns dos seus prediletos, já que ele explorou bastante os vários aspectos desta antiga tradição teatral, desde a “commedia dell arte”, passando por sua ligação com o teatro de rua moderno, com o risco de haver batedores de carteiras no meio da multidão, e até com o Carnaval brasileiro.

Esta história em especial começa mais ou menos a partir de onde “Edgar, o Desmancha Concursos” parou, com a continuação e eventual solução dos conflitos da turma do Matinhos com a dos Gatos da Margem Esquerda (do Rio Sena), a necessidade de se fazer uma apresentação beneficente para os gatinhos carentes, e algumas coisinhas mais, mas na verdade tudo isso é um pretexto para se apresentar um tema com um verdadeiro valor cultural ao jovem leitor, algo que o fizesse se interessar e ir pesquisar mais.

Aristogatas carroça

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Inventos Fraudulentos

História do Professor Pardal, de 1983.

O tema, aqui, é definitivamente “fraude”. Não apenas os inventos que estão sendo vendidos na rua são fraudulentos, porque são inventos defeituosos vendidos baratinho como se fossem bons, mas também a própria pessoa que os está vendendo, apesar de se parecer perfeitamente com o Pardal, é um tipo de fraude.

Mas isso é algo que, em um primeiro momento, o leitor não vai saber. Nem o leitor, e nem os personagens, que serão todos levados no bico, e não por acaso. A coisa começa a se esclarecer quando vão, todos os cidadãos lesados de Patópolis, ao mesmo tempo até a porta da casa do inventor para reclamar. É aí que o leitor atento verá uma silhueta que pode muito bem passar despercebida por olhos menos alertas, e que é a chave para tudo.

Pardal inventos

Já a pista do que possa ser o “invento secreto”, roubado do laboratório assim que a porta se abre, está nos nomes do cliente que o encomendou e da cidade onde ele mora. “Nitrus” e “Glicerius” vão lembrar, para quem conhece um pouco de química, tem bons conhecimentos gerais, ou era fã de quadrinhos e dos desenhos animados que passavam na TV naqueles tempos, a palavra “Nitroglicerina“, e também não por acaso.

Outro detalhe interessante nesta história, que já é alicerçada em tantos deles, é uma rara trégua entre Donald e Silva. Eles chegam a concordar, enquanto colaboram com o inventor e o resto da turma para tentar entender o que havia acabado de acontecer.

Pardal inventos1

E como também acontece frequentemente, há toda uma ação secundária protagonizada pelo Lampadinha, enquanto a trama principal se desenrola. Isso tudo junto, com toda certeza, fará o leitor voltar atrás e folhear a história várias vezes, em busca de todos os detalhes que deixou escapar, alguns deles bastante discretos, mas não menos engraçados.

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El Metralhón

História dos Irmãos Metralha, de 1976.

Mais ou menos um ano antes de publicar “Los Bandoleros”, já comentada aqui, papai já brincava com o tema dos “Metralhas Bandoleiros”. Esta primeira versão do tema é uma trama bem mais simples do que a intrincada história posterior, mas não deixa de ser engraçada.

É uma história contada pelo Vovô Metralha, como a outra, e o 1313 está presente também aqui, mas seu papel será bem mais secundário. A “estrela” da vez é o antepassado do Intelectual, o chefe do bando.

Como sempre, o golpe parece perfeito, pelo menos a princípio: o bando entra nos vilarejos cantando e atirando para cima, aterroriza todo mundo, exige dinheiro para deixar a cidade em paz, e depois vai embora. Quando confrontados pela polícia, eles se fazem de inocentes e dizem que os tiros são apenas para inspirar o chefe, e que “receber dinheiro” não é crime. Mas convenientemente “se esquecem” de que fazer ameaças, mesmo que seja de forma velada, é crime sim.

Os nomes terminados em “ón”, do Metralhón e do Xerife “Trabucón”, um baixinho invocado que costuma carregar para todo lado uma espingarda que é maior do que ele próprio, são uma brincadeira com a percepção que os falantes do português têm do idioma espanhol. A primeira coisa que um brasileiro faz, ao “arriscar um portunhol”, é trocar o “ão” final das palavras pela sílaba acima citada, na (vã) esperança de soar mais autêntico.

Mas a brincadeira não para aqui, e é menos inocente do que pode parecer. O baixinho com o trabuco é também uma referência a uma antiga crença, (um preconceito muito malicioso, por sinal) de que homens baixinhos, e em especial anões, costumam ter “armas” grandes, se é que os senhores entendem o que eu quero dizer. Isso, aliás, demonstra o esforço que papai fazia para colocar, em suas histórias, alguma coisa para leitores de todas as idades. Essa é uma referência (e uma piada) que certamente escapará aos mais jovens e inocentes, mas não a quem já tem um pouco de experiência com as piadas que se conta(va) por aí.

El metralhon

Já uma das mais engraçadas piadas da história fica por conta do “coro” feito pelo burrico de El Metralhón, e da inversão das sílabas da “cantoria”, o que transforma os dois personagens em algo como “a imagem no espelho” um do outro. São dois burros. A diferença é que um tem quatro patas, e o outro não.

El metralhon1

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A Cascata Do Zé

História do Zé Carioca, de 1976.

Corretores de imóveis, no imaginário popular, são mais ou menos como vendedores de carros usados: têm uma má fama tremenda, sendo não raro considerados grandes e habilidosos trapaceiros.

E – dizem – não há “furada” maior para um cidadão do que se aventurar a comprar um daqueles imóveis “na planta”, ou seja, que ainda nem começaram a ser construídos. É um investimento dos mais arriscados, pois nunca se sabe se a realidade corresponderá, algum dia, às expectativas, muitas vezes elevadas à enésima potência por quem está tentando vender o proverbial “castelo nas nuvens”.

Na melhor das hipóteses levará um tempão para tudo aquilo sair do papel e se tornar realidade. Na pior delas, o esperançoso comprador nunca mais verá seu dinheiro, nem a realização do empreendimento, e nem mesmo o corretor. Mas nesta história ficaremos no meio termo. O Zé pode ser um embrulhão, às vezes, mas não é um bandido.

ZC Cascata

A imagem da “cascata” é usada nesta história ao mesmo tempo para simbolizar os planos mirabolantes que frequentemente caracterizam esse tipo de projeto (antigamente eram os gigantescos projetos paisagistas inspirados nos lendários Jardins Suspensos da Babilônia, completos com cachoeiras artificiais e todo tipo de cafonice. Hoje em dia, são os “terraços gourmet” e o “lazer completo”) e para denotar a pouca honestidade do corretor, já que “cascata” é também um sinônimo de “mentira”, ou mais exatamente “gabolice; conversa longa sem conteúdo; conversa fiada”.

É a famosa “conversa de vendedor”, aquele tipo de falatório incessante, entusiasmado, de quem não quer dar tempo ao seu interlocutor para pensar e analisar o que está sendo dito antes de abrir a carteira. E é exatamente o que o Zé está fazendo, aqui.

Já o Nestor geralmente parece mais bonzinho que o Zé, especialmente quando se trata de ser “parceiro de tramoias”, mas quando a coisa aperta, ele afrouxa. Que beleza de amigo…

Interessante é a tábua no barraco do Zé, com a inscrição “Sabão Edson”. Infelizmente, não sei exatamente do que se trata. Pode ter sido um amigo que deu ou inspirou alguma ideia que papai usou na história, ou pode ser uma inserção do Canini.

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O Exame Final

História das Bruxas, de 1976.

Crianças vão à escola, no universo Disney. Faz parte da visão de mundo da marca. E crianças bruxinhas vão, é claro, à escola de bruxarias. Mas, como toda criança sabe, nem tudo são flores no ambiente escolar. Além da convivência forçada com coleguinhas nada simpáticos e professores exigentes, ainda há o temido exame final anual. E, se exames escritos já são temidos, os orais são perfeitamente apavorantes. Nestes, não apenas não é possível colar facilmente, como também o aluno tem menos tempo para pensar em uma boa resposta. Adicione-se a isso o nervosismo natural de uma criança na frente de uma figura de autoridade, e temos a receita certa para um desastre.

Em todo caso, sempre que papai está envolvido, nada é o que parece e até mesmo o desenvolvimento de tramas aparentemente simples, como esta, pode render boas piadas e um final perfeitamente surpreendente, e eu não estou falando do resultado do exame. Qualquer leitor com um mínimo de imaginação e conhecimento sobre como as histórias Disney funcionam sabe que o bem sempre vence o mal, não importa o quanto pareça impossível.

Para começar, nesta história podemos perceber por que papai usava a “Bruxinha Criança” como se fossem duas: a Magali e uma segunda, chamada Perereca. Uma de modo geral boa (Magali), e a outra quase sempre má (Perereca). Me parece que esta foi uma tentativa de resolver um conflito que se arrastava desde 1967, no qual a bruxinha mudava de aparência e até mesmo de personalidade, dependendo do argumentista/desenhista que lidava com ela. A coisa toda estava, francamente, confusa demais. Já a solução de papai coloca frente a frente dois “casais” de bruxinhos, um bom e outro mau, o que cria um bem vindo equilíbrio de forças e uma interessante simetria.

Bruxas exame

Então, pessoal do Inducks, conformem-se. Depois da passagem de papai pelo universo Disney, podemos dizer que não são “duas versões da Magali (Witch Child)”. São duas personagens diferentes, mesmo. A Magali e a Perereca. Pode ser que elas sejam “gêmeas separadas no nascimento”, ou talvez a existência de uma delas possa ser resultado de alguma magia que as desdobrou em duas (afinal, nesse tipo de história tudo é possível), mas as duas bruxinhas são necessárias e têm sua razão de ser, nas histórias de meu pai.

Bruxas exame1

O nome do Mago Matusalão, o examinador oficial de todos os cursos de bruxaria em todo o mundo, é inspirado no do personagem bíblico Matusalém, que teria vivido por longos 969 anos e morrido no Dilúvio Universal (ou seja, se não fosse o Dilúvio ele teria facilmente vivido 1000 anos). Matusalém, então, passou a ser sinônimo de pessoa muito velha, na verdade um pouco “velha demais”. É o tipo de velho decrépito que já está enfraquecido, meio surdo, muito míope, mas que, entra ano, sai ano, continua entre nós. Em todo caso, esse é o tipo de pessoa que também costuma ser respeitado por sua sabedoria e experiência de vida.

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