Pra MIN Sete É Número De Azar

História da Madame Min, de 1983.

Do mesmo modo que a Maga Patalójika é obcecada com a Moedinha Número 1 do Tio Patinhas, os Sete Anões Maus estão sempre em busca de um livro de magia para roubar, já que não sabem fazer seus próprios encantamentos.

O alvo preferido deles é o livro do Mago Mandrago, mas ele é também difícil de roubar. Além disso, sempre que eles tentam, a reação do Mago é fulminante. Mas, ao contrário da Moedinha, que é única no mundo, livros de magia existem aos montes. Cada bruxo ou bruxa tem o seu.

Assim sendo, hoje os duendes malvados resolvem mudar de alvo e roubar o livro de magia da Madame Min. Ela também é muito poderosa mas, em um primeiro momento, subestima os Anões. Essa será a ruína da bruxa, pelo menos por hoje.

Mas é claro que os Anões não podem se dar bem, porque eles também são vilões. Em todo caso, eles começam com algo que parece ser uma vantagem, mas que logo se virará contra eles.

Como sempre, as regras da magia são caprichosas e levam a resultados inesperados. Afinal, até mesmo grandes bruxos já foram meros aprendizes de feiticeiros, e precisam ter começado a aprender de alguma maneira, com alguma espécie de “cartilha” de magia.

O nome da história é uma referência à superstição que dá conta que o número sete é um número de sorte. A não ser, é claro, que os “sete” sejam os Anões Maus. Aí é realmente azar na certa.

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A Feiticeira Eletrônica

História da Maga Patalójika, de 1975.

Apresentando “Bruxax”, o bruxo robô computadorizado, este é mais um engraçado exercício em tecnofobia. Mas o fato é que, apesar de tudo, o tema desta história também é bastante profético. (E sim, apesar de ainda não estar creditado no Inducks, esta história é de papai.)

Dizem os atuais futuristas que, em 20 anos, mais ou menos, metade das profissões que temos hoje já serão exercidas por robôs e que 95% dos carros nas ruas serão autônomos. Ninguém mais precisará levantar caixas pesadas em almoxarifados, fazer tarefas perigosas em indústrias, tirar carteira de motorista, ou mesmo ter um carro particular em casa. Quem viver, verá.

Mas a verdade é que, já agora, neste exato momento, muitos sites especializados em direito, por exemplo, contam com robôs para responder perguntas simples (ou vocês achavam mesmo que há um advogado de plantão o tempo todo do outro lado da telinha só esperando alguém acessar a caixa de diálogo “fale com um advogado”?).

A própria Internet é a maior biblioteca de todos os tempos, com milhões de conteúdos sobre todos os assuntos que qualquer pessoa pode consultar a qualquer momento, sem nem mesmo sair de casa. Se bem que papai colocou na biblioteca cheia de traças da Maga alguns volumes interessantes, como um tomo sobre Kabala.

E para profissionais de muitas profissões que se baseiam na consulta constante a livros, como tradutores, escritores, médicos, os já citados advogados, professores, historiadores, etc. etc., hoje em dia já é mais fácil e rápido encontrar esses conteúdos auxiliares online. Isso, enquanto os próprios conteúdos ainda não são capazes de fazer o trabalho por si sós, tornando os profissionais humanos redundantes.

Os trabalhos que sobrarão para os humanos, em 30 anos, serão as artes e as humanidades, para os quais as máquinas não terão “alma” e sensibilidade suficientes. A própria bruxaria, no exemplo desta história, apesar de contar com uma biblioteca virtual armazenada em um grande computador e fornos elétricos e alambiques industriais no lugar do velho caldeirão, ainda terá um elemento muito humano, apesar do que possa parecer.

Mas tudo isso vem com um preço, é claro, e dos bem monetários, que o velho laboratório cheio de traças e aranhas pelo menos não tinha.

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No Reino Das Peças de Xadrez

História da Turma da Fofura, de Ely Barbosa, composta em setembro de 1987 e publicada pela Editora Abril na Revista da Fofura número 11 ainda no mesmo ano.

Aqui voltamos mais uma vez ao tema do jogo de Xadrez, o esporte predileto de papai. Como a proposta dos personagens é para crianças bem menores do que os leitores da Disney, a abordagem será também bem mais simplista. Não por acaso, na primeira página nenhum dos personagens sabe jogar, a ponto de interpretarem a palavra “jogar” como “arremessar”, com resultados doloridos para alguns.

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Como sempre, ele faz questão de tentar ensinar alguns rudimentos, como a menção à “oitava casa preta à esquerda”. Essa é a maneira correta, de acordo com as regras, de colocar o tabuleiro sobre a mesa para se iniciar uma partida: a última casa preta da primeira fileira do tabuleiro fica à esquerda do jogador e, consequentemente, a primeira casa branca fica à direita dele.

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E, claro, para deixar as coisas interessantes e evitar passar a impressão de “aula”, papai inventa um desaparecimento dos peões e cavalos brancos com um pequeno mistério para o coelho Escovão resolver. O exercício de imaginação gira em torno da livre associação de ideias com a palavra “peões”. Afinal, no Brasil “peões” são também – e principalmente – os “de boiadeiro”.

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Somente após a resolução do mistério e a volta das peças brancas poderá o jogo de Xadrez começar, para que o Nenê possa finalmente realizar seu desejo de aprender alguma coisa sobre como realmente se joga.

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A Fonte Da Velhice

História do Tio Patinhas, de 1976.

O primeiro quadrinho desta história já deixa claro o que está acontecendo. Não é nem preciso ser o “leitor atento” de papai para entender o que se passa. A Madame Min, (muito mal) disfarçada de mensageiro, acaba de entregar um livro ao Patinhas, e vai saindo de fininho.

Mesmo assim, o Pato Mais Rico do Mundo resolve seguir as instruções do livro à risca e sair atrás do tesouro com Donald e os Sobrinhos a tiracolo. Será que a idade finalmente o pegou de jeito e ele ficou gagá, ou será que há mais aí do que parece? Nada que venha dessas bruxas malvadas pode resultar em algo de bom… Ou será que pode?

TP velhice

A história diverte e surpreende justamente porque o leitor custa a acreditar que o Patinhas esteja realmente caindo como um patinho em um plano maléfico tão óbvio. Ele parece cometer todos os erros, e cair na armadilha das bruxas de uma maneira tão inconsequente, que o leitor até se assusta. Ou será que é papai, o argumentista, que endoidou, desta vez?

TP velhice1

Nem uma coisa, nem outra. É claro que meu pai nunca foi mais “doido” do que o estritamente necessário, e não descaracterizaria um personagem desse jeito. Muito pelo contrário, o Tio Patinhas dele é fiel ao original de Barks até a última pena: o muquirana não é bobo, não dá nem nunca deu ponto sem nó, e não iria começar agora. É o velho talento que o pato tem de transformar tudo, até as adversidades, e também as aventuras mais malucas, em lucro.

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Marsupial: http://www.lojamarsupial.com.br/ivan-saidenberg-o-homem-que-rabiscava

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Cultura: http://www.livrariacultura.com.br/p/ivan-saidenberg-o-homem-que-rabiscava-15071096

Monkix: http://www.monkix.com.br/serie-recordatorio/ivan-saidenberg-o-homem-que-rabiscava-serie-recordatorio.html

O que os amigos dizem sobre Ivan Saidenberg

Mauricio de Sousa:

“Fui amigo do Said e realmente quando me perguntaram sobre suas aptidões, na Abril, falei um monte de verdades (meritórias, lógico) sobre ele. Ainda bem que tudo foi bem, e ele deu sua contribuição para a Disney permanecer com mais brilho, durante muito tempo, no Brasil. Imagino que muitas histórias ainda publicadas (republicadas) são de sua autoria. Abraços à família do Said.”

Renato Canini:

“Por incrível que pareça, só vi o Ivan uma vez. Eu trabalhava na Revista Recreio lá por 69 e 70, e o Ivan apareceu por lá. Acho que ele já colaborava com a Disney, que ficava na sala ao lado.

O Igayara, que era o chefe de arte da Recreio me apresentou o Ivan por ser o irmão do Luiz, que foi um grande amigo lá de Porto Alegre, onde eu morava. Eu era funcionário público, mas fazia um expediente na CETPA – Cooperativa e Editora de Porto Alegre – Fundada por José Geraldo, que era do Rio. Era uma tentativa de nacionalizar as histórias em quadrinhos, e o José Geraldo trouxe para Porto Alegre vários desenhistas do Rio e de São Paulo: o Luiz, o Shimamoto, o Flávio Colin, o Getúlio Delphin e muitos outros. A CETPA não deu certo, e cada um voltou para o seu estado.

O Zé Carioca ainda não havia entrado na minha vida.

Em 71 eu estava querendo voltar para Porto Alegre e o Igayara me deu força. Desenharia a Recreio de lá e enviaria pelo malote da Abril. E o Yga me perguntou se eu não gostaria de tentar desenhar o Zé Carioca. Topei e daí surgiu nossa “inesquecível dupla”. Antes o Zé Carioca já havia sido desenhado por vários artistas brasileiros: Izomar Camargo Guilherme, Jorge Kato, e o próprio Igayara.

A nossa parceria durou de 71 a 75 ou 76, por aí. O meu único contato com o Ivan era pelas anotações que ele fazia nos argumentos. Depois que eu parei, o Ivan continuou a escrever roteiros para outros desenhistas.

Anos depois soube que o Ivan estava em Israel. Não sei quanto tempo ele ficou lá.

Depois o Ivan voltou para Santos e ficou de me visitar em Porto Alegre, mas nunca pode vir. Até hoje mantenho correspondência com o mano Luiz, grande desenhista e cronista.”

Ziraldo Alves Pinto:

“O Ivan e o Canini eram dois dos maiores roteiristas da Editora Abril, quando as histórias em quadrinhos da editora dominavam o mercado brasileiro. Eles – acho que até mais o Ivan – praticamente deram uma vida verdadeiramente brasileira ao Zé Carioca e fizeram do Tio Patinhas um velho usura dos mais simpáticos. Quando fui fazer a revista da Turma do Pererê para a Abril, entre os roteiristas da casa, coube-me o Ivan. O que foi uma coisa muito boa, principalmente pelo fato de ele ter vindo acompanhado da Thereza, sua mulher, que também era muito criativa. Foi uma bela experiência que teve o defeito de durar pouco. Mas, que até hoje, me deixa muita saudade.”

Os depoimentos a seguir apareceram originalmente no gibi especial “A História de Patópolis”, publicado pela Editora Abril em abril de 2012:

Primaggio Mantovi:

Em 1973, uma das minhas atribuições era avaliar os roteiros Disney made in Brazil. Logo que as primeiras histórias do Said caíram nas minhas mãos, fiquei embasbacado com a qualidade do material. Ele era único! Eu morria de rir com suas histórias (e ainda ganhava pra isso!) e, consequentemente, aprovava todas, com raríssimas modificações.

Euclides Miyaura:

Conheci o Said assim que entrei na Editora Abril, em julho de 1973. Para um garoto de 14 anos como eu, aquele senhor de terno caqui e calça marrom era o “monstro sagrado” dos roteiros. Tenho na memória até hoje o dia em que fui encarregado de desenhar minha primeira história com argumento do mestre Said (lembro-me do fato, mas não da HQ em si, porque posteriormente vieram muitas outras). Aquilo foi a afirmação da minha maioridade como desenhista profissional.

Júlio de Andrade Filho:

Quando frequentei a Escolinha Disney da Editora Abril, em 1973, Said já era um autor renomado. Eu e meus colegas éramos um grupo de jovens aprendizes que ficavam lendo, rabiscando folhas de papel e estudando maneiras de dar vida a personagens como Mickey, Donald e Zé Carioca. Num belo dia, chegou um homem de cabelos compridos que desciam por cima dos ombros, de óculos quadrados, meio prognático e sorridente. Nosso chefão, Claudio de Souza, o recebeu com festa, mostrando a ele o primeiro volume da coleção de livros ilustrados Os Grandes Duelos. O homem abriu o exemplar com olhar crítico, folheou lentamente página a página, como que saboreando as ilustrações. Os editores, ao lado, suspenderam a respiração, esperando o veredicto… O homem fechou o livro, olhou para o chefão e disse, com um brilho nos olhos: “Ficou do grande $#@&!” Todos respiraram aliviados e eu fiquei me perguntando quem seria aquele sujeito tão respeitado. Victor Civita, o dono da editora? Não, não era. Mas acho que, sem ele, a Abril seria menor. Aquele era Ivan Saidenberg.

Marsupial: http://www.lojamarsupial.com.br/ivan-saidenberg-o-homem-que-rabiscava
Comix: http://www.comix.com.br/product_info.php?products_id=23238

Livro Ivan Saidenberg – O Homem que Rabiscava

Tenho o prazer de anunciar que meu livro, que escrevi sobre papai e sua obra, está à venda pela Editora Marsupial no link http://www.lojamarsupial.com.br/ivan-saidenberg-o-homem-que-rabiscava.

Capa Livro Marsupial

O lançamento oficial será no dia 31 de janeiro de 2015, a partir das 13:00, no Memorial da América Latina em São Paulo, como parte dos eventos do 31° Troféu Ângelo Agostini.

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Nova tarde de autógrafos!

No dia 27 de junho de 2015, um sábado, os autores Lucila Saidenberg, Nobu Chinen e Pedro de Luna vão autografar as biografias que escreveram de Ivan Saidenberg, Primaggio Mantovi e Marcatti.
Vai rolar ainda um bate-papo entre os autores, mediado pelo quadrinista Flavio Soares.

Isso tudo vai acontecer às 16:00 (quatro da tarde) na Livraria Monkix, localizada na R. Harmonia, 150 – Loja 3, 05435-000 São Paulo.

Estão todos convidados!

Minha Vida Daria Um Livro

História do Peninha, publicada pela primeira vez em 1973.

Ela foi feita primeiramente para promover o Manual do Peninha, que seria lançado pouco depois, e cujo tema é o jornalismo. Mas isso só será mostrado ao leitor nos últimos quadrinhos.

O que acontece durante a trama é uma combinação recorrente das ideias “jornalismo” e “livro”. O Peninha quer escrever um livro, mas não sabe exatamente sobre o quê. A ideia inicial que ele tem é um livro de suspense e terror, chamado “O Barão, o Porão e a Assombração”, mas o editor, no caso o Tio Patinhas, não quer nem ouvir falar disso.

Peninha livro

Mandado cobrir um incêndio no “Edifício Martelinho” (que me lembra bastante o nome Martinelli, edifício onde aliás ficava o estúdio no qual papai, seu irmão Luiz e alguns colegas produziam histórias em quadrinhos de terror nos anos 1960), nosso herói passa a história toda filosofando sobre que tipo de livro daria cada aspecto da vida e profissão dele: a vida de repórter primeiro “daria um romance”, aí “daria uma tragédia”, depois “daria uma comédia”, então “daria um conto de suspense”, e por fim “daria uma novela”. Todos esses aspectos da vida de repórter se fundem, no final, na ideia do Manual, que seria em teoria escrito pelo Peninha com o apoio moral do Donald e publicado pelo Tio Patinhas.

Nesta história também aprendemos que Patópolis tem mais um jornal, além de “A Patada” e “A Patranha”. Chama-se “A Patativa Ilustrada”.

Peninha reporteres

Aqui vemos também lançada a base para a história que seria publicada no ano seguinte, e que eu já comentei neste blog, na qual o Peninha transforma o livro de terror em história em quadrinhos. O que era para ser um livro pouco interessante, virou uma HQ de vanguarda. Às vezes, o formato é que faz a diferença.