O Último Dos Moipenas

História do Pena Kid, de 1984.

Nove anos após a clássica “O Vale dos Desaparecidos” papai volta ao primo Pena Sumida nesta nova fase do Vingador do Oeste para uma espécie de continuação da história anterior e desenvolvimento do personagem, contando um pouco mais sobre sua origem.

Da primeira para esta, por “gentil imposição” do editor, foi-se o Peninha Desenhista, foi-se a redação do Jornal, e foi-se o Tio Patinhas com sua rabugice. O Alazão de Pau agora é um cavalo de verdade, de nome Torniquete em uma paródia do Tornado, o cavalo do Zorro.

Mas mesmo assim, como se vê no quadrinho acima, (além de situar melhor o leitor e explicar de onde vem esse personagem) papai ainda consegue fazer com que o Peninha fique “subentendido” como o criador de mais esta história. Podemos não estar vendo o desenhista/argumentista em seu processo de criação, mas instintivamente sabemos que ele está lá.

O título da história é uma brincadeira com o livro “The Last of the Mohicans”, de 1826. Mais tarde, em 1992, um filme também foi feito sobre o tema.

Ele brinca também com a percepção do leitor a respeito de certas palavras e expressões. Assim, o significado que ele dá ao “último” dos Moipenas está mais para “o mais patético”, ou o “menos importante”, do que outra coisa.

A expressão “Ano da Graça“, que vemos no primeiro quadrinho, não se refere, é claro, a algo engraçado (apesar da interpretação do Pena Sumida – agora sob seu novo nome de “Quá-Quá”), mas sim à “Graça”, ou seja, a bênção, o milagre, do nascimento de Jesus Cristo. Ou seja, é uma maneira diferente de dizer que esta história se passa na Era Cristã (como todas as histórias do Velho Oeste, por sinal).

Por fim, “mil oitocentos e lá vai flechada” está para “índios” do mesmo modo que “mil oitocentos e lá vai pedrada” é uma tentativa de expressar a ideia de que uma época é tão antiga que pode ser comparada à Idade da Pedra.

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O Expresso Do Fim-Do-Mundo

História do Pena Kid, de 1984.

Depois do advento do “Torniquete”, o cavalo de brinquedo “Alazão de Pau” feito cavalo de verdade, papai se animou a escrever apenas quatro histórias para o personagem. A ideia decididamente não foi dele, mas foi imposta a ele por uma decisão da chefia da redação, e ele se ressentia disso.

O nome do personagem é uma brincadeira com Tornado, o cavalo do Zorro, mas eu acredito que isso também não foi ideia de meu pai. A transformação do cavalo de madeira em de verdade, além disso, parece (pelo menos para mim) algo inspirado na história de Pinóquio (o que também não é nada lá muito original, para se dizer o mínimo).

Esta é, para todos os efeitos, a última história do Pena Kid escrita por papai. Depois disto, ele não voltou mais ao seu Vingador do Oeste. Ele faz questão de levar o personagem literalmente até o fim do mundo para uma aventura tão inglória que o fará até mesmo desistir de ser um vaqueiro errante. (E de quem foi a ideia de desligar o Pena Kid da turma de Pacífica City, afinal???)

Acho que a cena abaixo define muito bem o resumo dos sentimentos que ele nutria pela descaracterização imposta ao seu personagem mais querido:

Realmente, se a ideia era fazer papai desistir do personagem, já que a proibição anterior não funcionou (o personagem era criativo e divertido, mas as vendas não eram lá essas coisas e a direção da redação não gostava de “gastar papel” com ele por esse motivo), então desta vez conseguiram.

O que papai fez, aqui, foi “matar”, ao menos simbolicamente, os dois personagens. RIP, Pena Kid e Alazão de Pau.

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O Ladrão Misterioso

História do Pena Kid, de 1977.

Enquanto faz o Peninha escrever mais uma hilária história do Vingador do Oeste, papai hoje leva suas aulas sobre como (não) fazer histórias em quadrinhos às últimas consequências.

Como eu já disse em outras postagens, começar a escrever uma história sem antes ter decidido como ela vai terminar pode levar a um fluxo mais livre de ideias e a mais criatividade, mas pode também fazer com que o redator se perca em seus pensamentos e não consiga terminar a história de maneira coerente.

Outro elemento desta história é uma leve autocrítica de papai sobre a própria criação. Todo autor de histórias em série, e com a produção intensa demandada por um regime de trabalho como o dele, com o tempo desenvolve certos temas fixos sobre os quais fazer variações e “muletas” nas quais se apoiar quando as ideias originais ameaçam rarear.

Era preciso escrever um grande número de páginas por mês, e nem sempre as ideias vinham facilmente. Assim, a “muleta” de papai era “o ladrão”: quando ele não sabia mais o que fazer, acabava colocando um ladrão na história para tentar dar uma chacoalhada nas coisas.

Assim criava-se uma distração e a trama podia seguir um rumo bem definido: era preciso resolver o roubo e prender o ladrão. Pronto, problema solucionado e história terminada. (Mas é óbvio que nem isso o Peninha consegue fazer, o que só adiciona graça ao meta quadrinho.)

O problema é que às vezes ele exagerava um pouco, e a turma da redação “estrilava”. Ele estava ciente disso. Fazer graça de si mesmo era uma maneira de se “penitenciar”. E de colocar mais algumas páginas sobre a mesa e dindin na conta no fim do mês, é claro.

Interessante é a invenção de um cachorro farejador para o Pena Kid, chamado “Tim-Rim-Rim”, uma brincadeira com o famoso “cão-ator” Rin-Tin-Tin, popular nos EUA nos anos 1920 e 1930. Um de seus sucessores (houve vários “Rin Tin Tin” ao longo dos anos) fez sucesso no Brasil nos anos 1950 com filmes de faroeste.

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O Vale-Tudo Em Vale Seco

História do Tio Patinhas, de 1980.

No universo Disney é comum que os membros mais velhos das famílias contem histórias aos mais jovens, especialmente sobre antepassados ou lembranças de suas aventuras da juventude.

Mas o que aconteceria se os membros de diferentes famílias tivessem a mesma história para contar? Afinal, Patópolis é uma cidade relativamente pequena, todo mundo lá se conhece, e alguns personagens já estão dando seus pulinhos pela região há algumas décadas.

O interessante, e essa é a principal sacada de papai, é que toda história tem pelo menos dois lados, dependendo de quem a conta. Na maioria das vezes a versão que fica é a dos mocinhos, ou a dos vencedores.

Também é verdade que, ao contar uma história sobre si mesma, a maioria das pessoas tenta “adaptar” os fatos para aparecer bem na fita. Ninguém vai se acusar de um crime, por exemplo, nem reconhecer que fez algo de que não deveria se orgulhar. Além disso, se alguém já desconfiava de que o Vovô Metralha vai inventando as histórias sobre os antepassados à medida que as vai contando, agora não vai mais ter dúvidas. E, ao que parece, o Patinhas também também não é lá muito santo, nesse quesito.

Hoje temos o relato de um assalto, no qual um jovem “vovô” Metralha, aqui sob seu antigo nome de “Grande Metralha”, tenta roubar uma valiosa carga de água potável que um jovem Patinhas está transportando pelo meio do deserto.

E esta é a segunda grande sacada de papai para esta história, pois o fato é que, durante a corrida do ouro nos EUA e Canadá, nem sempre eram os mineiros que ficavam ricos. Na realidade, a maior parte do ouro extraído ia mesmo parar nas mãos de comerciantes de todos os tipos.

Muita gente que chegou a essas áreas para minerar logo percebeu que valia mais a pena suprir as necessidades dos outros aventureiros do que se esfalfar de sol a sol por alguns gramas do metal precioso. Esse parece ter sido o caso também do Patinhas. Afinal, os mineiros também eram gente e precisavam comer, beber, se vestir, ter boas ferramentas, descansar e se divertir.

Por último, uma curiosidade: eu sei que os personagens Disney são na verdade eternos, mas os dois personagens principais estão muito bem conservados para os seus mais de 100 anos de idade, não? Vai ver, Patópolis tem um toque de “Terra do Nunca”, também.

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No Território Dos Pés-Chatos

História do Pena Kid, de 1975.

Esta história, na verdade, é menos sobre o que acontece entre o Vingador do Oeste e os índios Pés Chatos (ênfase em “chatos”) do que sobre o “processo criativo” do Peninha na redação de A Patada e como os palpites do Tio Patinhas influenciam na coisa toda.

É também uma crítica aos clichês dos filmes de faroeste “macarrônicos“, produções italianas e espanholas de baixo custo e muitas improvisações que tomaram as telas dos cinemas nos anos 1960, na onda dos grandes Westerns Norte Americanos dos anos 1950.

Assim, além dos panos de fundo mal disfarçados e cidades construídas somente de fachadas, outros elementos que não podiam faltar eram o conflito com os índios, as cenas de luta corpo a corpo nas quais o herói sempre começava perdendo mas no final saía vencedor (mesmo que para isso fosse preciso dar uma forçada no roteiro), a presença e o salvamento de uma mocinha em apuros (idem), a ocasional cena melodramática (ibidem) e outras coisas do gênero.

E tudo isso, é claro, era feito na intenção de manter feliz ao público que assistia a esses filmes. Os produtores temiam que, se os espectadores saíssem descontentes dos cinemas, eles fossem acabar perdendo dinheiro. Era algo mais ou menos parecido com o que acontece hoje em dia com as novelas de televisão, que vão avançando às vezes de maneira meio errática, mas sempre de acordo com os gostos dos telespectadores.

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O Norte Contra o Sul

História do Pena Kid, de 1976.

Esta é uma brincadeira com a Guerra Civil nos EUA. Pode ser considerada também um manifesto pacifista, ou uma sátira que tenta demonstrar a inutilidade de todas as guerras. “Norte Contra Sul” é também o nome de um livro, de autoria de ninguém menos do que Julio Verne.

A premissa é bastante logica: se a história se passa no Velho Oeste, em algum momento a cidade de Pacífica City deve ter se visto envolvida no conflito. Esta é a primeira desvantagem das guerras em geral: se os governantes decidem que o país está em guerra, todos os habitantes serão envolvidos, queiram ou não. Em tempos de paz é muito fácil ser pacifista, mas isso pode não ser tão simples em épocas de conflito.

Outro problema é que lado tomar, já que não há alternativa. E esta é outra das desvantagens de uma guerra: é obrigatoriamente preciso tomar um partido, mesmo que isso signifique ter de ver seus amigos ou entes queridos do outro lado. Aqui, enquanto os personagens decidem de que lado ficar, vemos as caricaturas de alguns membros da redação. Um deles, inclusive, chega a ser preso só por achar os uniformes azuis mais bonitos do que os cinza.

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Em seguida, juntamente com a suposta localização de Pacífica City no mapa, vemos um importante detalhe geológico. A cidade fica às margens do “Rio Colorido”, em uma alusão ao “Rio Colorado“, que corta cinco estados na região mais desértica dos EUA. Desses, só o Arizona ficou do lado dos sulistas. Se Pacífica City realmente existisse no mundo real, eu arriscaria então dizer que ela ficaria em algum lugar às margens do Lago Powell, entre Utah e Arizona. Mas os mapas antigos podiam ser bastante imprecisos e isso, em época de guerra, também pode ser um grande problema.

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Por fim, meu “mui modesto” (sqn) papai também deixou uma anotação no alto da primeira página. Mas enfim, ele era realmente um gênio, e tinha todo o direito de mandar a modéstia às favas de vez em quando.

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O Vale Dos Desaparecidos

História do Pena Kid, de 1975.

As histórias do Pena Kid buscam divertir não apenas pelo humor da comédia do absurdo, mas também pela sátira dos clichês dos filmes de faroeste. Me parece, inclusive, que os quadrinhos e o cinema, que surgiram mais ou menos na mesma época, eram uma inspiração um para o outro, “emprestando” clichês de lado a lado.

O título da história vem de um seriado com temática de faroeste dos EUA dos anos 1940. Ele é tão antigo, na verdade, que naquele tempo era exibido nos cinemas.

Um exemplo de clichê dos filmes e quadrinhos clássicos que tem sido usado até hoje, com poucas variações, é o do medalhão. Em tempos muito anteriores aos exames de DNA, uma joia de família ou outro objeto pessoal passado de uma geração a outra poderia ser uma das poucas evidências que se poderia usar para tentar identificar um suposto parente, com todas as desvantagens que isso acarretava. O problema é que isso foi tão explorado nos melodramas como solução rápida e fácil, que rapidamente ficou cansativo.

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Quanto à interpretação por papai do nome do vale em questão a situação começa bem prosaica, como apenas mais uma desculpa do Peninha para cochilar durante o expediente, e vai ficando cada vez mais elaborada à medida que a insatisfação do Tio Patinhas com a condução do roteiro vai aumentando. Mas isso não quer dizer que as sucessivas soluções encontradas pelo Peninha para os desaparecimentos não vão ser menos clichê (e absurdas) do que o resto.

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As sucessivas reviravoltas ilógicas introduzidas por papai vão deixando a história cada vez mais caótica. A mensagem que ele tenta passar é a de que se, por um lado, um pouco de confusão é algo bom, uma situação absurda demais pode transformar até o mais sério dos filmes de faroeste em uma comédia. Um delicado equilíbrio é necessário para fazer a história “funcionar”, mesmo em situações declaradamente satíricas. Já o uso do “Peninha Quadrinista” dava a ele uma liberdade de brincar com os elementos das histórias em quadrinhos que ele não tinha com outros personagens mais tradicionais.

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O Roubo Da Diligência

História do Pena Kid, de 1975.

A proposta é fazer uma grande sátira dos antigos filmes de faroeste, apontando de maneira bem humorada todos os clichês do gênero.

São aquelas cenas que “não podem faltar” em um filme de bangue-bangue, por mais batidas que sejam, desde a cena da emboscada dos bandidos, na primeira página, passando pelos mal disfarçados panos de fundo que imitam paisagens do “oeste selvagem”, o mocinho amarrado em uma estaca pelos índios que dançam à sua volta e até os truques baratos de câmera e de edição que foram os precursores dos atuais efeitos especiais.

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Como sempre o Peninha escreve e desenha e o Tio Patinhas dá palpites, que o quadrinista de A Patada vai tentando adaptar à história para satisfazer o tio e chefe, desde que isso não o obrigue a redesenhar a história toda, para poupar trabalho (primeira lição ao quadrinista iniciante: nunca tenha medo de rasgar tudo e começar novamente desde que, é claro, o resultado inicial esteja realmente ruim. Pois é, criar dá trabalho).

Isso, aliás, se relaciona com a história que comentei ontem, do Zé Carioca, que foi originalmente publicada na mesma revista que esta: tem a ver com a presença dos personagens principais na trama desde o início, para evitar que personagens “caiam de paraquedas” no meio da ação e confundam o leitor (e esta é a segunda lição de hoje ao quadrinista iniciante, além, é claro, de fugir dos clichês como o Diabo foge da Cruz 😉 ).

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Se a Min estava na história desde o primeiro quadrinho, mesmo que na forma de um siri ou caranguejo (mas ainda reconhecível para o leitor atento), onde é que está o Pena Kid na diligência do Banqueiro Patatinhas no primeiro quadrinho? E será que o leitor, atento ou não, terá alguma chance de identificar o personagem desde o início? E essa solução é mesmo válida, ou só vale para uma sátira?

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A História Do Alazão-de-Pau

História do Peninha na redação de A Patada, de 1976.

Hoje veremos as origens do Alazão de Pau, o cavalinho de brinquedo animado que é o companheiro de aventuras do Pena Kid. Pois é, cada personagem principal tem o assistente que merece. Isso, aliás, vale também para o Tio Patinhas, chefe do Peninha no jornal patopolense.

É provável que algum amigo, colega ou mesmo chefe tenha perguntado a papai como é que ele explicaria a existência do Alazão de Pau, e ele então resolveu “dar ao Peninha” a incumbência de contar. (A verdade é que ele é inspirado nos brinquedos de infância prediletos de papai, mas essa explicação não “cabe” em uma história em quadrinhos).

O Peninha como sempre vai inventando a história de acordo com as circunstâncias, mais ou menos “ao redor” das implicâncias e sugestões do Tio Patinhas. A primeira ideia é a mais óbvia, sempre com o objetivo de explicar e se desincumbir o mais rapidamente possível para poder voltar a cochilar em serviço: um cavalinho de madeira só pode ter sido feito em uma serraria.

Mas é claro que só isso não é o suficiente, e é preciso explicar por que é que um brinquedo pode pensar e até mesmo se locomover sozinho e tomar as próprias decisões. No caso do Lampadinha, por exemplo, é a “magia da tecnologia” em ação. Já no Velho Oeste só nos resta a velha e boa magia, mesmo.

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Além disso, alguns quadrinhos são também um valioso vislumbre de como papai compunha suas histórias. Enquanto alguns criadores não encostam o lápis no papel até terem toda a história esquematizada e planejada, papai muitas vezes começava a rascunhar sem ter ideia nenhuma, ou com apenas uma vaga ideia de como ela terminaria. Esse livre fluxo de ideias algumas vezes podia se complicar e exigir várias correções em uma história, mas na maior parte do tempo dava às tramas essa característica de humor espontâneo que é tão apreciada no estilo de papai.

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Mas a história não é só isso. Ela tem vilões, e um conflito por causa de uma valiosa mercadoria que chegará na diligência das cinco da tarde. O nome do vilão principal, Matt Rindo, é um jogo de palavras bastante óbvio que alude à capacidade de alguns homens maus de matarem pessoas com um sorriso no rosto. Além disso, é uma referência ao Xerife Matt Dillon, personagem de antigos filmes de faroeste. Temos também uma pequena menção do lendário xerife Wyatt Earp, que existiu de verdade, e uma brincadeira com o próprio nome do Pena Kid, que passa todo o resto da história sendo chamado só de “Kid” após ter a pena de seu chapéu arrancada a bala pelo vilão.

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Tenho o prazer de anunciar um novo livro, que não é sobre quadrinhos, mas sim uma breve história do Rock and Roll. Chama-se “A História do Mundo Segundo o Rock and Roll”, e está à venda nos sites do Clube de Autores agBook

O Cavalo-de-Ferro

História do Pena Kid, de 1976.

A estrela de hoje é o trem, e tudo gira em torno dele. A estrada de ferro está chegando a Pacífica City, no legendário faroeste, trazendo consigo o progresso e o desenvolvimento. Até mesmo o assalto cometido pelos Metraltons tem menos importância na história do que o trem, e o ataque dos índios também não passa de “cena de filme”.

E por falar em filmes, é neles que papai foi buscar a inspiração: “The Iron Horse” (O Cavalo de Ferro) é um filme mudo dos EUA que foi lançado em 1924, dirigido por John Ford e produzido pela Fox Film. Ele conta a história, iniciada em 1825, dos fatos, intrigas, disputas políticas e conflitos (incluindo a clássica cena do ataque dos índios) que levaram à abertura da primeira linha férrea nos EUA. Ele pode, aliás, ser assistido aqui, com as vinhetas (meio mal) legendadas em Português, mas está valendo.

Em 1966 uma série para TV, também ambientada no velho oeste e chamada de Iron Horse/Cavalo de Ferro, foi lançada com 47 episódios divididos em duas temporadas. A abertura dessa série pode ser vista aqui.

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O resto são os geniais meta-quadrinhos de sempre, primeiro com uma pequena demonstração de como se fazia o rafe, e depois com os costumeiros palpites do Tio Patinhas e as soluções mirabolantes do Peninha.

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