O Invencível Mancha Negra

História do Mickey, de 1974.

Este é mais um ótimo mistério policial para o leitor resolver. O Mancha está foragido da cadeia mais uma vez (não devemos nos esquecer de que ele é um mestre em fugas), e todas as joalherias de Patópolis estão em alerta. Afinal, ele é também um notório ladrão de joias.

Uma delas chega inclusive a instalar um sistema anti roubos que tem aquele “jeitão” de ser coisa inventada pelo Professor Pardal, apesar de não se tocar no nome dele em nenhum momento. O problema é que ele será de pouco uso em uma sala cheia de convidados que não foram treinados para lidar com ele em uma situação de assalto.

A primeira e principal pista que papai deixa para o leitor é a sequência abaixo, onde o vilão não parece estar para muita conversa, repetindo sempre a mesma frase:

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Em seguida, temos mais uma pista quando o Coronel Cintra se lembra de que o Mancha estava “pensando em se regenerar”, e até mesmo fazendo um curso por correspondência. O problema é que ele não se lembra qual era, exatamente, a disciplina do tal curso.

Quando finalmente o bandido atravessa uma porta de metal como se ela fosse um biombo de papel, o que só serve para deixar a pulga atrás da orelha do leitor atento ainda mais agitada, o Mickey resolve armar uma emboscada para capturá-lo. A isca da vez será o Diamante Estrela do Sul, que existe de verdade e foi descoberto no Brasil. “Estrela” (de alguma coisa ou algum lugar) é um nome comum para diamantes no mundo todo, e uma tradição que papai continuou em muitas de suas histórias onde eles aparecem.

Por fim, não será apenas o Mancha que vai se surpreender com a reação da polícia no momento do segundo assalto. Isso certamente causará muitas risadas no leitor, logo antes da explicação lógica e solução do mistério.

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E depois ainda tem gente que diz que papai não tinha muito jeito para fazer histórias do Mickey…

E assim chegamos ao final de mais um ano. Desejo a todos os que acompanham este blog um Feliz Ano Novo e um 2017 de Paz e Prosperidade.

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Um Guia Em Apuros

História do Zé Carioca, de 1974.

Como diz o velho ditado, “não importa o que você faça e o quanto cobre, sempre vai haver alguém para fazer a mesma coisa mais barato e um pouco pior”.

Assim, o Zé passa a história toda enfrentando a concorrência desleal de um bando de gatos que montou uma banca de turismo igual à dele e parece ter prazer em roubar seus clientes em potencial.

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Ênfase na palavra “roubar”, aliás. Quando a concorrência começa a oferecer seus passeios de graça, única e exclusivamente para não dar chance ao papagaio, ele e o Nestor começam a desconfiar de que pode haver algo de muito errado acontecendo.

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É uma clássica história do tipo policial, com um mistério e pistas espalhadas ao longo das páginas, a começar da caracterização como gatos da turma rival. Infelizmente, são raros os heróis de quadrinhos representados como esse animal, por causa do preconceito das pessoas e da injusta má fama que os felinos têm.

Mas os quadrinhos muitas vezes são feitos de clichês, que acabam sendo usados para facilitar a compreensão de certas situações, poupando descrições mais longas que podem atrapalhar o bom andamento da história. Assim, o leitor atento vai sacar logo de cara que essa turma não pode estar com boas intenções

Mas para além da trama e da solução do mistério, temos hoje aqui mais uma pista sobre as origens do Afonsinho. De figurante em uma história do Canini no ano anterior, papai o transforma em personagem nesta história, em sua primeira aparição oficial, com o nome de “Dentinho”. O que talvez nunca saibamos é como e por quê o personagem passou de “Dentinho” a “Afonsinho”, perdendo os dentes no processo e ganhando sua peculiar personalidade.

Pode ser que, ao ver seu figurante “promovido”, o Canini tenha desejado ajudar a desenvolvê-lo, para não “dar” simplesmente a ideia a papai. Ainda assim, considerando que o que era um mero figurante para o Canini tenha passado a personagem com papai, eu ainda acho que, se não fosse pelo Said, o Afonsinho, por qualquer nome ou figura que tenha vindo a ter, não existiria. Isso tem de valer alguma coisa.

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Natal Muito Doido

História de Natal dos Metralhas, de 1985.

O que é pior do que passar o Natal na cadeia? Bem, se você é um Metralha, a resposta é: “passar o Natal fora da cadeia”, é claro.

Na penitenciária de Patópolis, pelo menos, há ordem, relativa calma, e comida. Para quem não consegue se ajustar à sociedade, a privação da liberdade é apenas um detalhe. Os vilões parecem estar tão acostumados com o ambiente da prisão que, para eles, o mundo exterior chega a ser ameaçador.

Tanto que, ao tentar fugir (para quê, nem eles sabem), eles acabam se deparando com uma passagem para o País das Maravilhas. O subterrâneo, para papai, sempre foi uma espécie de “passagem para o subconsciente”, ou para a “Terra Oca”. Túneis e cavernas abrigam todo tipo de surpresa, e quanto mais malucas forem as coisas, melhor.

E bota “maluco” nisso. Esta é uma das últimas histórias de Natal que ele escreveu, e é certamente a mais criativa. O Natal no País das Maravilhas certamente não é nada parecido com o de nossa realidade, e a maluquice é demais para eles. Em vista disso, os Metralhas não terão alternativa senão bater em retirada e voltar para a cadeia de onde vieram.

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A história ainda não está creditada a papai no Inducks, mas acredito que isso será sanado em breve. Eu sei que esta é dele não apenas por causa do nome na lista de trabalho e a revista na coleção, mas também porque me lembro bem que ele ficou muito contrariado porque ela foi publicada na revista Natal Disney de Ouro número 7 com algumas páginas trocadas, e ele veio me mostrar.

Além disso, ele também deixou anotado nas páginas a ordem certa, como deveria ser. Não sei se o problema já foi sanado em outras publicações, mas deixo a ordem correta abaixo:

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Além desta história, há também uma piada de Natal do Morcego Vermelho, de uma página só, publicada em 1976. Não tenho a revista na coleção, mas ela pode ser lida no link.

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Os Sete Ajudantes De Papai Noel

História da Vovó Donalda, de 1982.

O problema das pessoas más é que elas não acreditam serem merecedoras de nada. Assim, agem sempre na suposição de que o que elas querem, ou até mesmo necessitam, lhes será negado por outras pessoas. Desse modo, para não passar pela humilhação de pedir, elas preferem tentar roubar. Esse é o caso dos Sete Anões Maus, pelo menos no tratamento dado a eles por papai.

É véspera de Natal e os anões estão vagando, com fome e com frio, nas proximidades do sítio da Vovó, onde toda a família Pato está reunida. Como não acreditam que serão bem recebidos se pedirem abrigo, nem mesmo na noite de Natal, eles armam um plano para invadir a festa.

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Eles foram criados na Itália em 1939 como antagonistas dos Sete Anões da Branca de Neve mas, quando papai os “adotou” em 1974 para a série Grandes Duelos, eles já não eram usados pelos autores italianos desde 1966.

E de 1974 até 1986 eles foram usados somente por papai, que os desligou do universo da Branca de Neve e os colocou entre os bruxos, criando também o Mago Mandrago, uma espécie de “gêmeo” não muito bonzinho do Feiticeiro de quem o Mickey foi aprendiz em “Fantasia” para ser o “patrão” deles. O nome do Mandrago, aliás, vem da planta “Mandrágora“, um clássico – e muito tóxico – ingrediente de poções mágicas.

A grande sacada de papai a respeito dos vários “anões”, os bons e os maus, foi perceber que os companheiros de aventuras da Branca de Neve são na verdade Gnomos, caracterizados como tal por causa da mina de pedras preciosas associada a eles, e que os Anões Maus são mais exatamente Duendes, seres bem menos bondosos mas ainda assim meio “aparentados“, já que as distinções entre eles são muitas vezes pouco claras nas mitologias europeias de onde se originam.

E o fato é que, na lenda do Papai Noel, os ajudantes do Bom Velhinho são todos duendes bonzinhos. Assim, o exercício de imaginação parece até bastante lógico: se os ajudantes do Papai Noel são Duendes, e os “Anões Maus” também são, quais poderiam ser as consequências de um encontro entre eles?

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Papai Noel Existe?

História do Nenê, da turma da Fofura de Ely Barbosa, composta em agosto de 1987 e publicada pela Editora Abril na revista “Turma da Fofura em Quadrinhos” número 7 em dezembro do mesmo ano.

É uma história bem mais simples do que outras sobre o mesmo tema escritas para outros personagens, mas certamente não é menos charmosa. É o Natal visto pelos olhos de uma criança bem pequena, que ainda não sabe direito se Papai Noel existe, ou se quem dá os presentes é mesmo o pai de todos os dias.

Aqui vemos o carinho pelo ursinho de pelúcia, o amiguinho e presente ganho no Natal do ano anterior. Para uma criança de mais ou menos 2 anos de idade como o Nenê, um ano é uma vida inteira. Essa é a importância do brinquedo para ele.

E além de mostrar a casa no “Polo Norte da Terra da Fantasia” e a “logística de entregas” do Papai Noel, completa com computadores, trenó a jato e uma explicação simplificada sobre fusos horários, para tentar ensinar algo de útil aos leitores, a história também terá um pequeno suspense ao redor do desaparecimento do ursinho, de nome Caquinho.

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O problema é que, em um lugar cheio de brinquedos como a casa do Bom Velhinho na véspera do Natal, é fácil fazer confusão. Mas o sumiço do brinquedo querido terá um efeito bastante forte no Nenê, a ponto de deixá-lo em estado de choque e fazê-lo “regredir” e não conseguir mais falar.

Isso é algo que acontece mais vezes do que pode parecer com crianças dessa idade, e até mesmo um pouco mais velhas: um trauma, por menor que seja, como um susto ou a perda de um brinquedo querido, pode ter consequências bem graves, mas geralmente a criança também se recupera com relativa facilidade.

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O milagre de Natal será, é claro, o reencontro com seu brinquedo de estimação e a volta à normalidade falante do Nenê. Afinal, não se deixa um nenem sem seu amiguinho em uma noite como essa.

(A propósito, esta é a última história de Natal “não Disney” que eu tenho aqui. Segundo a lista de trabalho, papai escreceu também histórias de Natal para o Bionicão e o Scubidu mas, se foram publicadas, as revistas não estão na coleção.)

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Um Sonho De Natal

Esta história do Tio Patinhas, de 1985, é uma espécie de continuação de outra, publicada em 1978 e já comentada aqui, chamada “Patinhas, o Generoso”.

Ainda jovem e durante a corrida do ouro no Yukon, o pato salva do congelamento um cão perdido na neve e recebe por recompensa a realização de três desejos, mas com uma “pegadinha”: após a realização de cada um ele terá de fazer, novamente, alguma coisa generosa.

Por uma questão de algo que se pode chamar de economia, ou algo parecido, o Patinhas usa apenas dois dos desejos a que tinha direito. O terceiro fica “guardado”, até hoje, para um caso de real necessidade. O interessante é que, além do tema dos desejos, papai retoma aqui a questão das histórias repetidas à exaustão pelos mais velhos de qualquer família, aquelas que os netos já se cansaram de ouvir, Natal após Natal.

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E como o Natal é uma época mágica, propícia à visita por seres sobrenaturais, o quaquilionário receberá um pedido de ajuda que não poderá recusar para ajudar uma rainha e seus duendes a retomar seu castelo de gelo das garras de um malvado Ogro a tempo para as festividades de Natal.

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Papai não gostava de deixar “pontas soltas” em suas tramas. Ele certamente ficou com esse “terceiro desejo” bem guardado em sua mente por anos, apenas esperando o momento apropriado para escrever mais uma história sobre o tema. Desse modo, durante o embate com o monstro o Patinhas será obrigado a usar o terceiro e último desejo e depois ser generoso, como prometera ao velho esquimó, terminando, assim, a história.

O “sonho” no nome da história tem a ver com o insólito da situação, na qual os patos são transportados por mágica ao castelo da Rainha e de volta. A coisa toda é tão repentina que os sobrinhos do Donald pensarão, depois de tudo terminado, que foi tudo apenas um sonho. Mas é claro que papai nunca terminaria uma história dessa maneira simplista, e logo brindará os patinhos (e o leitor) com uma pequena surpresa final.

Feliz Natal para todos!

(Mas a maratona continua na semana que vem)

(PS: A propósito, só para constar: NÃO dê chocolate quente, ou qualquer outra coisa contendo chocolate, para o seu bichinho de estimação. Nunca. Isso é o mesmo que veneno, para eles)

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Um Natal Do Passado

Publicada pela primeira vez em dezembro de 1982, a história mescla acontecimentos do tempo presente com as lembranças de Natais passados da Vovó Donalda.

Assim, temos os personagens que já conhecemos, juntamente com suas versões mais jovens e outros, apresentados hoje ao leitor, que são antepassados dos atuais, mais ou menos como aconteceu na saga da História de Patópolis (que foi publicada, aliás, no mesmo ano). Seria esta uma história de Natal não oficial da série?

Não há menção à Pedra do Jogo da Velha, mas temos um mapa das minas de ouro da cidade, encontrado e muito bem oculto pelo jovem Patinhas que, na época, era apenas um patinho, assim como a Donalda. Outros personagens são tios avós dos metralhas atuais, e alguns parentes da Vovó, como sua própria avó, de nome Hortênsia, e um tio chamado Donaldo.

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O trunfo da história, o detalhe central que denota a esperteza precoce do Patinhas e leva à derrota dos bandidos, gira em torno do boneco de neve que a jovem Donalda, na época com 5 anos de idade, está fazendo quando a história começa. Papai confia na atenção do leitor para que ele perceba o que está acontecendo.

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O resto é a história da luta de uma família desarmada contra bandidos ferozes, com o uso de um engraçado detalhe, que é o que vai finalmente colocar os vilões para correr sem que os patos precisem recorrer à violência. Uma vez derrotados os bandidos, a história pode então terminar enquanto começa a festa de Natal da Família Pato, com direito a votos de Boas Festas aos leitores.

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O Banquete De Natal

História de Natal “perdida”, de 1977.

Começo hoje uma pequena “maratona de Natal”, com todas as histórias sobre o tema que ainda não foram comentadas. Esta, em especial, está na lista de trabalho de papai, e as duas revistas nas quais ela foi publicada estão aqui na coleção. Neste momento o credito ainda não foi confirmado no Inducks, mas eu acredito que agora é só uma questão de tempo.

Todo mundo sabe que o Tio Patinhas é um muquirana que não abre a carteira nem mesmo no Natal. Aliás, esta é justamente a origem do personagem, que nasceu de uma adaptação da história “Um Conto de Natal” de 1843, de Charles Dickens. Esta é a natureza do personagem.

Mas o que aconteceria se ele resolvesse, em um arroubo de “quase generosidade” (ainda que não desinteressada: o objetivo é ganhar um concurso) abrir (só um pouquinho) a carteira e oferecer um banquete de Natal à fina nata da sociedade patopolense?

O problema é justamente esse “só um pouquinho”: para não gastar demais, o pato quaquilionário deixa a improvisação do almoço a cargo dos desastrados Peninha e Donald, que não irão desapontar no quesito trapalhadas. Destaque para o nome do Peru de estimação do Urtigão, o Guglielmo. Esse era o nome próprio, aliás, de Marconi, o inventor do rádio.

(Esta parte é inspirada em uma velha piada de caipiras, na qual a esposa do anfitrião passa a história toda perguntando se já pode levar o peru, e ele sempre dizendo que não. Quando finalmente acaba a sopa de nabos com pão que fora servida e o convidado pensa que finalmente vai colocar os dentes em um peru assado, o anfitrião manda trazer o pásaro, que sobe na mesa, vivinho da silva, para comer as migalhas.)

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Mas como é Natal, ninguém está ligando muito para certos “detalhes”. O que importa, de verdade, é o espírito natalino e o esforço do Patinhas para agradar. Papai também parte da premissa de que os ricos são “gente como a gente” e que também sabem apreciar as coisas simples da vida.

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O Lugar Quase Perfeito

História dos esquilos Tico e Teco, de 1974.

São só duas páginas, mas a curta aventura dos simpáticos bichinhos tem toda a força de um manifesto pela proteção do meio ambiente.

Não é de hoje que a expansão das grandes cidades, com suas obras barulhentas acompanhadas da derrubada até mesmo das últimas árvores restantes – sobreviventes – em meio ao mar de cimento, apesar de representar o “progresso” e um “avanço” para os seus moradores humanos, é um verdadeiro problema para as espécies animais que vivem (ou tentam viver) conosco no mesmo ambiente.

O que acontece “de vez em sempre” é que esses animais se vêem forçados a fugir pelo bem de suas vidinhas, abandonar suas árvores e tocas, e encontrar um novo lugar para se instalar, com resultados às vezes desconcertantes. Não é raro ver pássaros, mamíferos, insetos e até répteis fazendo seus ninhos em casas e demais construções humanas, para a surpresa e desconforto dos invasores do habitat animal.

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Esta história, aliás, contém mais uma das “sacadas proféticas” de papai, com a mudança forçada dos esquilos para um dos buracos de um campo de golfe: nas Olimpíadas deste ano no Rio, vimos, entre surpresos e divertidos, jacarés, corujas e capivaras exatamente nas imediações do local onde foram disputadas as partidas da modalidade.

A explicação, é claro, é a de que o campo de golfe olímpico invadiu o habitat dos animais, e não o contrário. Isso, aliás, porque ninguém mais se surpreende com os quero-queros nos campos de futebol.

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Natal Na Floresta

História da Turma do Lambe Lambe, de Daniel Azulay, escrita em julho de 1982 e publicada pela Editora Abril na revista da turma de número 8 em dezembro do mesmo ano.

O Natal é realmente uma festa mágica, e não apenas por causa da religião Cristã. Até mesmo membros de outras religiões acham difícil resistir às suas luzes, seus símbolos e à troca de presentes. Mas a celebração também carrega consigo vários problemas e dilemas que, novamente, pouco têm a ver com religião. Como já vimos em “Um Natal Bem Diferente”, costumes como o pinheiro enfeitado vêm da tradição pagã nórdica, representando a resiliência da vida no auge do inverno.

E se o problema nas histórias Disney tem a ver com as origens da festa, aqui o dilema está em sua adaptação para um ambiente tropical e – ainda por cima – ambientalmente correto. O Professor Pirajá e a Galinha Xicória vivem na Amazônia, com acesso limitado a certos confortos da vida moderna, como TV e coisas assim. Eles têm eletricidade, pelo menos, mas tentam viver sem agredir o meio ambiente. A intenção, é claro, é ensinar aos jovens leitores a ter alguma consciência ecológica.

Não parece, mas este é um problema ecológico sério. Todos os anos, em países como os EUA, milhões de pequenos pinheiros naturais são cortados, montados em bases de madeira e vendidos para servir de enfeite. Enquanto essas árvores são belíssimas e perfumadas, uma vez cortadas é impossível evitar que sequem e morram no processo.

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Os mais conscientes as arrancam pela raiz e plantam em um vaso, mas são grandes as chances de que a árvore ainda assim morra no final. Como são poucas as pessoas que podem ter um pinheiro plantado na frente da casa o ano todo só para servir de enfeite no final do ano, resta o problema: o que fazer com milhões de toneladas de árvores secas após as festas? Nos EUA existe inclusive um serviço de coleta de pinheiros secos, e até mesmo uma tentativa de manejo sustentável do material.

Quem opta por árvores e enfeites artificiais pode até estar poupando a vida de uma árvore natural, mas ainda assim está lidando com plásticos, que são derivados de petróleo. Não é a coisa mais “ecológica” do mundo. Há quem faça seus enfeites com galhos já secos, garrafas PET e outros tipos de materiais descartáveis, mas esta também não é a solução perfeita.

Assim sendo, fica a pergunta: como fazer uma festa de Natal sem pinheiro, já que na Amazônia não existe esse tipo de árvore na floresta nativa, e sem cortar nenhuma outra árvore? Natal sem árvore enfeitada dentro de casa ainda é Natal? Quais símbolos dessa festa são indispensáveis, e quais se pode adaptar, e como?

Após a aparição do Papai Noel de verdade, para que se cumpra o costumeiro milagre de Natal que deve acontecer nesse tipo de história, tanto o Professor como a Xicória encontrarão suas soluções criativas para o problema.

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