O Jeito É “Dar Chapéu”

História dos Irmãos Metralha, de 1980.

Inspirada nos melhores romances policiais de Agatha Christie, esta história é milimetricamente calculada para dar um baita chapéu também no leitor. Principalmente no leitor. Só mesmo quem passou anos lendo com atenção as histórias de papai vai conseguir decifrar esta de primeira.

Trata-se de mais um embate “do século” entre os metralhas francamente criminosos e os supostamente regenerados Sherlock e Doutor Metralha. A guerra de inteligências será, como sempre, terrível, com reviravoltas constantes. Algumas delas bastante inesperadas.

Mas comecemos do começo:

Logo no primeiro quadrinho temos a menção do “endereço” dos metralhas: “Rua que Sobe e Desce, Número que Não Aparece”. Esta é uma velha brincadeira para significar um endereço genérico ou não sabido. Poderia ficar em qualquer lugar, e ao mesmo tempo não fica em lugar algum. Já no nosso caso, fica em Patópolis.

O endereço do Sherlock Metralha, obviamente, é inspirado no do Sherlock Holmes: “Sobreloja da Rua do Beco, número 17-B”. E se o Sherlock Metralha se inspira no xará britânico, o Doutor Metralha é fã de Agatha Christie e se identifica com Hercule Poirot.

A expressão “dar chapéu”, no título, é tomada do jargão do futebol e significa um tipo de drible. Além disso, sempre que há referência a chapéus em histórias de meu pai é bom lembrar outro velho ditado que ele citava sempre: “(tal coisa) é como comprar um chapéu – ou vai de embrulho, ou fica na mão ou leva na cabeça”. Ou seja, é uma situação que não pode acabar bem.

O nome do diamante a ser roubado, Kuly-Náryo, é inspirado no do Diamante Cullinan, um dos maiores e mais famosos do mundo.

Mas o mais interessante de tudo, e que vai colocar a pulga atrás da orelha do leitor atento para pular loucamente é a guinada na trama que começa quando o Sherlock telefonar ao Inspetor Joca para denunciar o plano maléfico:

Se o Intelectual está preso, então alguém está se fazendo passar por ele. Mas, quem?? É neste momento que papai nos apresenta mais um Metralha obscuro. Tão obscuro, na verdade, que aparentemente só aparece nesta história. Em todo caso, mais do que considerá-lo uma criação de papai, eu não posso deixar de notar uma grande semelhança do “Veterano 002”, como é visto aqui, com algumas versões estrangeiras (principalmente italianas) de ninguém menos que o Vovô Metralha. É papai, mais uma vez, resgatando personagens e “dando um alô” (ou um chapéu, como queiram) na direção de Carl Barks, sua grande inspiração.

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O Invencível Mancha Negra

História do Mickey, de 1974.

Este é mais um ótimo mistério policial para o leitor resolver. O Mancha está foragido da cadeia mais uma vez (não devemos nos esquecer de que ele é um mestre em fugas), e todas as joalherias de Patópolis estão em alerta. Afinal, ele é também um notório ladrão de joias.

Uma delas chega inclusive a instalar um sistema anti roubos que tem aquele “jeitão” de ser coisa inventada pelo Professor Pardal, apesar de não se tocar no nome dele em nenhum momento. O problema é que ele será de pouco uso em uma sala cheia de convidados que não foram treinados para lidar com ele em uma situação de assalto.

A primeira e principal pista que papai deixa para o leitor é a sequência abaixo, onde o vilão não parece estar para muita conversa, repetindo sempre a mesma frase:

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Em seguida, temos mais uma pista quando o Coronel Cintra se lembra de que o Mancha estava “pensando em se regenerar”, e até mesmo fazendo um curso por correspondência. O problema é que ele não se lembra qual era, exatamente, a disciplina do tal curso.

Quando finalmente o bandido atravessa uma porta de metal como se ela fosse um biombo de papel, o que só serve para deixar a pulga atrás da orelha do leitor atento ainda mais agitada, o Mickey resolve armar uma emboscada para capturá-lo. A isca da vez será o Diamante Estrela do Sul, que existe de verdade e foi descoberto no Brasil. “Estrela” (de alguma coisa ou algum lugar) é um nome comum para diamantes no mundo todo, e uma tradição que papai continuou em muitas de suas histórias onde eles aparecem.

Por fim, não será apenas o Mancha que vai se surpreender com a reação da polícia no momento do segundo assalto. Isso certamente causará muitas risadas no leitor, logo antes da explicação lógica e solução do mistério.

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E depois ainda tem gente que diz que papai não tinha muito jeito para fazer histórias do Mickey…

E assim chegamos ao final de mais um ano. Desejo a todos os que acompanham este blog um Feliz Ano Novo e um 2017 de Paz e Prosperidade.

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Morcego Vermelho X Aranha

História do Morcego Vermelho, de 1975.

O “Aranha”, aqui, não é outro herói. Ele é um vilão, ladrão de jóias, criado por papai especialmente para esta trama e usado somente mais outra vez, por ele mesmo, em uma sequela publicada em 1983.

Outros dois personagens de papai nesta história são Rubino e Platino, dois joalheiros. Seus nomes são referências ao mineral chamado Rubi, e ao metal Platina, respectivamente. O diamante “Estrela do Norte” é mais uma das pedras fictícias de papai inspiradas em grandes jóias, como as da Coroa da Inglaterra, e pode ser também uma alusão ao “Estrela do Sul“, encontrado aqui mesmo no Brasil.

Todo mundo sabe que o Morcego não é um bom detetive. Além disso, ninguém em Patópolis dá muita bola para ele. Assim, o leitor atento certamente vai estranhar a reação do joalheiro Rubino à presença do herói, e esta é a principal pista que papai dá de que algo aqui não é o que parece.

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As conclusões mirabolantes às quais o herói-detetive chega são baseadas no livro “Os Assassinatos da Rua Morgue” de Edgar Allan Poe, considerado por muitos um dos primeiros grandes exemplos do que depois se tornaria o gênero da ficção policial. Uma pista disso está no quadrinho onde o Morcego diz que lê “muitas histórias de mistério e ficção científica”.

Mas a maior surpresa da história está no fato de que tudo o que o herói descreveu começa a se materializar diante de todos. Terá o Morcego finalmente acertado uma, ou será que a coisa toda é ainda mais complexa?

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Detetive Embolado

História da Turma do Lambe Lambe, de Daniel Azulay, escrita em maio de 1982 e publicada pela Editora Abril na revista da turma de número 8 em dezembro do mesmo ano.

É um daqueles pequenos mistérios resolvidos muito por acaso por um detetive totalmente inepto que poderia também se passar na Vila Xurupita, protagonizada pelo Zé Carioca. O estilo é o mesmo.

A expressão “embolado” no nome da história geralmente é usada mais em conexão com “bola” do que com “bolo”, mas pode também ser uma alusão ao formato arredondado do personagem elefante.

As meninas da turma abrem o mais recente empreendimento de uma longa série, desta vez uma loja de bijuterias finas. Como muitos tipos de lojas, parece uma boa ideia. Mas, também como em muitos outros tipos de negócios no Brasil, difícil de levar em frente. Essa realidade é bem representada na primeira página da história. A música que a menina canta é uma marchinha de Carnaval da época, chamada “Massa Real

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O resto é a confusão com o sumiço de um anel que seria uma cópia perfeita de algo que aparentemente estava em uma novela da TV da época, e fazia bastante sucesso. Vender bijuterias semelhantes a jóias famosas ou a coisas que aparecem na TV tem sido uma boa estratégia de marketing. Parece que as meninas estão no caminho certo.

É claro que o leitor também se sentirá convidado a investigar, entre muitas pistas falsas e linhas de investigação que não levam a nada. A principal pista sobre o paradeiro do anel e do “responsável” por seu desaparecimento está na cena abaixo. Como sempre nos mistérios de detetive de papai, o culpado é o menos suspeito.

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Muita Banana Para Um Papagaio Só

História do Zé Carioca, publicada pela primeira vez em 1973.

Para começar a entender esta história, é preciso lembrar que, naqueles tempos, o time de futebol Corinthians Paulista não estava ganhando muitos jogos. Uma vitória de goleada, como este 5 a 0, era realmente “coisa de gibi”. Apesar de o nome exato do time não ser citado, as expressões “Coringa” e “Timão”, aliadas a nomes como “Rilevino” (uma brincadeira com o nome do jogador Rivelino) não deixam dúvida sobre de qual time se trata.

ZC Banana

A trama em si é baseada em um velho clichê de histórias policiais: o ladrão esconde o produto de seu roubo em algum lugar ao qual outras pessoas podem ter acesso, e invariavelmente acaba tendo de ir atrás do objeto valioso quando um inocente qualquer o leva por acaso, sem nem saber do que tem nas mãos.

Mas como sempre nesses casos, a inocência do personagem principal será sua proteção e salvação. Os únicos “crimes” cometidos pelo Zé nesta história serão fazer a maior bagunça, em direta contradição às instruções da Rosinha, e comer todas as bananas que ela iria usar para fazer uma torta. E por isso ele será exemplarmente punido.

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O Gato Gatuno

História dos Irmãos Metralha, de 1980.

O plano da vez parece bem bolado. Mas só parece… Ele é, inclusive, inteligentemente baseado em princípios científicos, como a Teoria do Reflexo Condicionado de Pavlov. Pois é… Eu já disse que quadrinho é cultura? Para papai era, e ele não perdia a chance de tentar ensinar alguma coisa de útil a seus jovens leitores.

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A trama é toda baseada em jogos de palavras e referências a diamantes famosos. Assim, a palavra “gatuno” lembra “gato” mas é sinônimo de “ladrão”, em uma alusão à tendência que certos bichos de estimação têm de pegar coisas ou atacar alimentos quando acham que seus donos não estão vendo.

Outro jogo de palavras nada aleatório é o nome da joalheria a ser assaltada: não é por nada não que ela se chama “Falso Brilhante”. O leitor atento vai ficar com a pulga atrás da orelha quando o vendedor mostrar sua mercadoria aos falsos clientes. Afinal, os famosos diamantes “Orloff“, e “Cullinan” já têm dono, e o “Grão-Mogol” (também chamado de “Grande Mogul”) está desaparecido desde o século XVII.

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O resto da graça da história fica por conta das habituais falhas bobas na implementação dos “planos perfeitos” do Metralha Intelectual, e da reação do gato Percival a elas. Ao que parece, ele é realmente um gato com mentalidade de ladrão, e o velho ditado que diz que “não há honra entre ladrões” é seguido também por ele.

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Mistério No Garimpo

História do Mickey, publicada uma vez só em 1978.

É uma história de mistério policial para ninguém botar defeito, onde nada é o que parece e todos são suspeitos. Com uma denúncia misteriosa a investigar, uma população assustada em franco declínio na vila dos garimpeiros e caras nada simpáticas por todos os lados, o ambiente realmente não inspira confiança nenhuma.

MK garimpo

Conseguirá o leitor descobrir antes do Mickey quem são os culpados, e quem são os inocentes? Uma dica: o testado e comprovado método das histórias policiais clássicas de desconfiar justamente dos personagens menos suspeitos e exonerar os mal encarados não funciona, aqui. Esta é a “pegadinha” desta história. O mote, hoje, é justamente o velho e bom “não confie em ninguém”.

Ah, nem é preciso dizer que o fantasma também é falso, né? Em todo caso, ele é bem sólido e rende algumas cenas de suspense bastante dramáticas, como esta aqui abaixo. Não é à toa que ninguém tem coragem de ficar por ali.

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O Roubo Do Grande Gorgonzola

História dos irmãos Metralha, de 1979.

Hoje papai volta ao tema do “grande diamante famoso que dá um azar danado em exposição à mercê de ser roubado”, mas como sempre arranjando os elementos clichês clássicos de maneiras novas.

A história é cheia dos pequenos detalhes, alguns mais óbvios, outros menos, alguns mais hilários e outros até bastante educacionais, como a explicação que o Vovô dá para o nome do diamante em questão. O “diamante que dá azar” é, como sabemos (ou pelo menos acreditamos), o Hope, que em algum momento na História pertenceu a um senhor chamado Henry Hope. De resto, os diamantes famosos geralmente recebem o nome do local onde foram encontrados, como o Cullinan, por exemplo.

Para unir os dois conceitos papai inventa um “Barão de Gorgonzola”, que teria sido o proprietário do diamante. Na verdade, Gorgonzola é o nome da localidade na Itália onde esse tipo de queijo foi inventado. Mas isso não quer dizer que não existam alimentos com o nome de pessoas, é claro. Um exemplo disso é o famoso (e delicioso) chá “Earl Grey“, uma homenagem ao Conde Charles Grey, que foi Primeiro Ministro da Inglaterra nos anos 1830.

Mas há outros detalhes interessantes: a cena onde o Azarado diz “desculpe a ignorância do Metralha” é uma referência a um programa de TV popular naquela época chamado “Planeta dos Homens”, onde um personagem com cara de macaco repetia o bordão “desculpe a ignorância do macaco”, de vez em quando.

Metralhas Gorgonzola

A música que os Metralhas cantam ao sair do esconderijo não precisa de explicações, e “Casa do Chapéu”, que dá nome à chapelaria da história, é uma expressão geralmente usada quando se quer mandar alguém “àquele lugar”. É papai burlando as regras da Disney de novo e colocando “palavrões velados” em suas histórias.

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O Honesto Rei Do Crime

História do Sr. X, o Rei do Crime, de 1976.

Nunca houve, nem haverá, pretenso bandido tão frustrado quanto o Sr. X. Ele não dá uma dentro, e além de não conseguir cometer nenhum crime, e nem mesmo ser preso por tentativa de alguma coisa, em seus encontros com a polícia ele ainda por cima chega a ser elogiado por sua “honestidade”.

Há quem tente fazer o bem, mas acaba fazendo o mal, sem querer. Já o “Rei do Crime” é um exemplo do exato contrário: tentando fazer o mal, ele faz o bem.

Esta é uma mistura de mistério policial com comédia de erros, a começar do primeiro quadrinho. O leitor atento (sim, sempre ele) já vai notar logo de cara a confusão que o Pateta faz, na tentativa de bancar o ajudante do Mickey. Em todo caso, ninguém é tão boboca que não haja alguém mais bobo ainda, e a turma de comparsas do Sr. X é um exemplo disso.

Os elementos são mais ou menos os mesmos da maioria das histórias desse tipo, desde os clássicos romances policiais de outrora, em uma mistura com histórias de marujos e confusões mil. Para começar, temos o clichê da placa: certos números, e especialmente o 6 e o 9, podem ser facilmente trocados com um pouco de falta de atenção.

Aqui temos também o colar de diamantes, desta vez com o nome inventado de “Zanzirul”, um cerco da polícia, e um receptador de jóias que é muito parecido com o Pateta, o que só adiciona ao caos. Até o Mickey vai fazer uma pequena trapalhada ou duas. Não há como ficar imune ao caos reinante no cais do porto.

Sr X Honesto

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Marsupial: http://www.lojamarsupial.com.br/ivan-saidenberg-o-homem-que-rabiscava

Comix: http://www.comix.com.br/product_info.php?products_id=23238

Cultura: http://www.livrariacultura.com.br/p/ivan-saidenberg-o-homem-que-rabiscava-15071096

Monkix: http://www.monkix.com.br/serie-recordatorio/ivan-saidenberg-o-homem-que-rabiscava-serie-recordatorio.html

Os Olhos do Tigre!

História de terror escrita em 1961 e publicada pela editora Taika em “Histórias Sinistras – Seleções de Terror”.

Tenho aqui apenas as páginas da história recortadas da revista original, e por isso não sei o número da edição. Além disso, também não há sinal dos nomes dos artistas. Em nenhum lugar das páginas consta o nome do autor, desenhista ou letrista, como era costumeiro. Estou portanto me guiando pelas anotações de papai na velha lista de trabalho.

Já o estilo da história é dele, sem dúvida. Esta é mais uma variação sobre o tema “olho da deusa”, Diamante Hope, e lendas urbanas semelhantes. De acordo com essas lendas, certas pedras preciosas trazidas para o ocidente da ásia (e especialmente da Índia) pelos britânicos teriam sido na verdade roubadas da decoração de objetos religiosos variados.

Elas são parábolas para a arrogância dos britânicos frente à religiosidade “primitiva” dos nativos, que a moral cristã (convencida de sua própria suposta superioridade) considera meras superstições. Mas o ato de se arrancar olhos, mesmo que seja de estátuas inanimadas, causava uma profunda má impressão e certamente horror e remorsos até mesmo nos próprios ladrões.

A história se passa na Inglaterra, mas se refere a acontecimentos de um passado recente na Índia. Um homem atormentado por visões procura outro que ele conheceu no navio que tomou para voltar da Índia à Inglaterra, no tempo em que o país asiático era colônia do europeu. No decorrer das páginas da história o primeiro vai desfiando uma história inacreditável de ganância e sacrilégio enquanto o outro o encoraja a “contar tudo e não esconder nada”, adotando uma postura paternalista, como a de um médico ou psiquiatra.

Mas é só quando o supostamente racional “doutor” dá completo crédito à história, no final da penúltima página, que o leitor atento começa a desconfiar que algo está mais errado do que o pobre atormentado ladrão de jóias se dá conta. Mas aí, como sempre, já é tarde demais.

A moral da história, além da advertência contra a arrogância religiosa, é que não se deve ir logo acreditando ou confiando em estranhos. Eles nem sempre são o que dizem ser.

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