O Gato Gatuno

História dos Irmãos Metralha, de 1980.

O plano da vez parece bem bolado. Mas só parece… Ele é, inclusive, inteligentemente baseado em princípios científicos, como a Teoria do Reflexo Condicionado de Pavlov. Pois é… Eu já disse que quadrinho é cultura? Para papai era, e ele não perdia a chance de tentar ensinar alguma coisa de útil a seus jovens leitores.

Metralhas gatuno

A trama é toda baseada em jogos de palavras e referências a diamantes famosos. Assim, a palavra “gatuno” lembra “gato” mas é sinônimo de “ladrão”, em uma alusão à tendência que certos bichos de estimação têm de pegar coisas ou atacar alimentos quando acham que seus donos não estão vendo.

Outro jogo de palavras nada aleatório é o nome da joalheria a ser assaltada: não é por nada não que ela se chama “Falso Brilhante”. O leitor atento vai ficar com a pulga atrás da orelha quando o vendedor mostrar sua mercadoria aos falsos clientes. Afinal, os famosos diamantes “Orloff“, e “Cullinan” já têm dono, e o “Grão-Mogol” (também chamado de “Grande Mogul”) está desaparecido desde o século XVII.

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O resto da graça da história fica por conta das habituais falhas bobas na implementação dos “planos perfeitos” do Metralha Intelectual, e da reação do gato Percival a elas. Ao que parece, ele é realmente um gato com mentalidade de ladrão, e o velho ditado que diz que “não há honra entre ladrões” é seguido também por ele.

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Já leste o meu livro? Quem ainda não leu está convidado a conhecer minha biografia de papai, à sua espera nas melhores livrarias: Marsupial – Comix – Cultura – Monkix 

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Tenho o prazer de anunciar um novo livro, que não é sobre quadrinhos, mas sim uma breve história do Rock and Roll. Chama-se “A História do Mundo Segundo o Rock and Roll”, e está à venda nos sites do Clube de Autores agBook

Zé Farofeiro

História do Zé Carioca, de 1979.

Coisa rara, o Zé já está de pé, todo animado, às 6 da manhã de um feriado, para lembrar aos amigos da vizinhança no morro que eles haviam combinado fazer um piquenique no primeiro feriado que aparecesse.

Isso prova que, quando realmente vale a pena, o nosso amigo até esquece a preguiça. Aliás, parece aquelas crianças que reclamam a semana inteira de ter de levantar cedinho para ir à escola, mas estão de pé (e até se vestem sozinhas) no sábado cedinho, antes até da hora normal de acordar durante a semana, porque querem passear com os pais. Nunca é cedo demais para se divertir.

Combinada a festa ao ar livre, cada um busca um pouco do que tem na despensa, mais pratos, copos, talheres, uma toalha… até aí tudo bem, mas só até a hora em que a Rosinha chega com uma sacola cheia de farofa. (Justo ela, moça tão fina, topa fazer farofa? Se isso não é amor, eu não sei o que é).

A história é um reflexo de um problema muito comum nas cidades do litoral do país todo: os “turistas relâmpago”, que chegam às cidades em veículos nem sempre apropriados e vão direto para a praia passar o dia. Não alugam quarto em pousadas, não vão a restaurantes, e não gastam dinheiro nenhum na cidade. Nem ao menos dos ambulantes da praia eles compram algo: trazem a comida de casa, e quando vão embora deixam um rastro de sujeira atrás de si.

ZC farofeiro

Por isso tudo, são extremamente mal vistos, e naqueles tempos menos politicamente corretos, eram às vezes até maltratados, ridicularizados, e expulsos das praias pela guarda municipal. Hoje em dia o problema persiste, mas as diversas prefeituras têm seus próprios métodos, menos drásticos, mas igualmente eficientes, para lidar com o problema e obrigar os turistas a deixar algum dinheiro na cidade (já que usam a infraestrutura) e não poluir.

A história também mostra um “passeio” por várias praias do Rio de Janeiro, incluindo uma visita ao Recreio dos Bandeirantes, onde nossa família costumava passar as férias, sempre que íamos à cidade (e não, nunca “fizemos farofa”) 😉

A última praia onde eles tentam “piquenicar” é o “Pontal do Grumaré”, uma referência ao belo Pontal do Grumari. O desenho no rafe de papai, que depois o Herrero desenhou, até lembra a geografia real do lugar.

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E há o meu livro, também. Dê uma olhada:

Marsupial: http://www.lojamarsupial.com.br/ivan-saidenberg-o-homem-que-rabiscava

Comix: http://www.comix.com.br/product_info.php?products_id=23238