Olimpíadas Na Selva

História do Pena das Selvas, de 1984.

Em 1984 tivemos os Jogos Olímpicos de Los Angeles. Para marcar a ocasião, como era seu hábito, papai nos brinda com mais uma paródia.

Hoje não teremos nenhuma trama muito dramática, nenhuma pretensão épica, nem roubos de nenhum tipo, e muito menos episódios proféticos. Em compensação, vão sobrar graça e motivos para que o leitor ria desbragadamente.

A exemplo de algumas histórias sobre esportes do Pateta, esta também é um “manual” sobre como *não* se fazer algo.

E apesar de todos os esforços do Pena das Selvas, da Glorijane e do Biquinhoboy, nada, absolutamente, vai sair ao menos remotamente parecido com uma olimpíada de verdade.

A selva, decididamente, ainda não está preparada para sediar uma olimpíada. Isso, aliás, conhecendo meu pai como eu conheço, foi também uma crítica as pretensões do Brasil, que já existiam na época, de sediar um dia os jogos olímpicos.

E mesmo depois de tudo o que vimos nas Olimpíadas do Rio, quem há de dizer que o Brasil esteve mesmo preparado algum dia?

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O Lugar Quase Perfeito

História dos esquilos Tico e Teco, de 1974.

São só duas páginas, mas a curta aventura dos simpáticos bichinhos tem toda a força de um manifesto pela proteção do meio ambiente.

Não é de hoje que a expansão das grandes cidades, com suas obras barulhentas acompanhadas da derrubada até mesmo das últimas árvores restantes – sobreviventes – em meio ao mar de cimento, apesar de representar o “progresso” e um “avanço” para os seus moradores humanos, é um verdadeiro problema para as espécies animais que vivem (ou tentam viver) conosco no mesmo ambiente.

O que acontece “de vez em sempre” é que esses animais se vêem forçados a fugir pelo bem de suas vidinhas, abandonar suas árvores e tocas, e encontrar um novo lugar para se instalar, com resultados às vezes desconcertantes. Não é raro ver pássaros, mamíferos, insetos e até répteis fazendo seus ninhos em casas e demais construções humanas, para a surpresa e desconforto dos invasores do habitat animal.

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Esta história, aliás, contém mais uma das “sacadas proféticas” de papai, com a mudança forçada dos esquilos para um dos buracos de um campo de golfe: nas Olimpíadas deste ano no Rio, vimos, entre surpresos e divertidos, jacarés, corujas e capivaras exatamente nas imediações do local onde foram disputadas as partidas da modalidade.

A explicação, é claro, é a de que o campo de golfe olímpico invadiu o habitat dos animais, e não o contrário. Isso, aliás, porque ninguém mais se surpreende com os quero-queros nos campos de futebol.

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Os Metralhas Olímpicos

História dos Metralhas Históricos, de 1982.

A poucos dias do início das Olimpíadas do Rio de Janeiro, esta história vem bem a calhar. Se bem que o termo “olímpicos”, aqui, está mais para “deuses olímpicos” do que “atletas olímpicos”. O que acontece é que o Monte Olimpo é a suposta morada dos deuses gregos, daí a alcunha “olímpicos”. E as Olimpíadas originais aconteciam na cidade de Olímpia, chamada assim em homenagem ao monte e aos deuses.

Mas não havia só deuses na mitologia grega: na verdade, para se tornarem deuses de pleno direito, eles primeiro precisaram lutar contra e derrotar seus próprios antecessores, os Titãs. Eles eram monstros enormes e bárbaros, eternos rivais dos deuses pela adoração dos seres humanos. Mas apesar de cruéis, os Titãs fizeram algumas benfeitorias aos humanos. A principal delas foi ensinar os mortais a usar o fogo, e é este o ponto de partida para esta história.

O interessante é que a civilização humana, de acordo com a mitologia grega, começa com um roubo. O Titã Prometeu rouba o fogo do Olimpo e ensina os humanos a usá-lo. É o domínio do fogo (saber fazer, manter aceso e usar para os mais diversos fins) que diferencia os seres humanos dos animais e nos aproxima dos deuses. Mas o semideus foi duramente punido por isso, sendo acorrentado a uma pedra para que uma águia devorasse o seu fígado durante o dia. À noite o órgão se regenerava, e na manhã seguinte lá estava a águia de novo. Era o tormento perfeito.

Outro simbolismo do fogo ligado ao Olimpo, aos deuses e às Olimpíadas é, obviamente, o da Tocha Olímpica. Aceso quase sem intervenção humana (sem ferramentas como as pedras de sílex mostradas nesta história), mas diretamente pelos raios do Sol concentrados em um espelho côncavo, ele era considerado a manifestação física do deus Apolo na Terra. Ver passar a Tocha era o mesmo que ver passar um deus.

Uma das piadas de papai nesta história é justamente com o nome do Titã, que em português soa como alguma coisa ligada a “promessas”. Na verdade não é bem isso. O nome significa “aquele que pensa antes (de agir)”. Ele tem um irmão, chamado Epimeteu, ou “aquele que pensa depois”, e os dois, juntamente com Pandora, esposa do segundo, são os criadores da humanidade.

Metralhas olimpicos

Uma grande sacada é a comparação entre o topo do Olimpo, morada dos deuses, e Bruxópolis. Quem conhece as histórias de bruxas criadas por ele certamente reconhecerá a placa. A diferença é que, aqui, a palavra “ogros” é substituída por “titãs e humanos”. Mas é o mesmo conceito.

Metralhas olimpicos1

Além disso, ele faz uma comparação entre Prometeu e o próprio Metralha 1313. E como essa coisa de devorar fígados não “cabe” em histórias Disney, papai é obrigado a “dar uma diluída” no mito. (Aqui, o condenado é só “chateado” por abutres.) O leitor atento vai notar que há uma leve confusão entre o romano Febo e o grego Apolo, coisa que papai tentava evitar ao máximo, mas nem sempre conseguia, naqueles tempos anteriores à internet e suas pesquisas instantâneas. Antigamente, a coisa funcionava na base da memória, mesmo, e ela às vezes nos prega peças. Em todo caso, ele não perde a oportunidade de ensinar um pouco de mitologia ao leitor.

Metralhas olimpicos2

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Olimpíadas No Olimpo

História do Peninha, de 1984, escrita e publicada por ocasião das Olimpíadas de Los Angeles, que aconteceram naquele mesmo ano.

Se, em 1972, o “Pateta Olímpico” representava as Olimpíadas da Era Moderna, a história que comento hoje nos leva de volta aos tempos da Grécia antiga.

O fato é que Zeus está entediado, lá no alto do Monte Olimpo, e Hermes, o mensageiro dos deuses, é enviado à terra abaixo para ordenar aos mortais que divirtam o deus supremo. Os escolhidos, mais por obra do acaso do que desígnio, e aliás bem em linha com as vertentes mais fatalistas do modo de pensar da Era Clássica, são o Peninha, em sua identidade como “Penóibos”, e seu sobrinho Biquinho, aqui chamado de “Bikinhos”. Os finais em “OS” são comuns em nomes e sobrenomes gregos até hoje, e muito usados também para fazer graça com eles.

Peninha Olimpo

O interessante é que existe mesmo, desde tempos antigos, uma cidade na base do monte, chamada Litókhoro. Era ali perto, aliás, que Alexandre O Grande e seu pai, o rei Felipe da Macedônia, faziam suas oferendas aos deuses.

Papai faz, aqui, um esforço usar apenas os nomes gregos dos deuses, mas é muito fácil e muito comum que as pessoas façam confusão entre os nomes gregos e romanos dessas divindades. Alguns, como Hermes e Zeus, são mais conhecidos. Mas outros, como Hefestos e Apolo, podem ser mais facilmente identificáveis por seus nomes romanos. Era comum papai confundir um pouco, e usar o nome romano do deus do Sol em lugar do grego.

Peninha Olimpo1

Hoje vemos, também, uma espécie de “origem” da Companhia Teatral Peninha. Assim como há Metralhas em todas as épocas e civilizações, ao que parece há também diferentes “encarnações” da CTP.

Peninha Olimpo2

No final das contas, apesar de todas as confusões e bagunças da trama, que servem para divertir o leitor até mais do que aos deuses, esta é mais uma daquelas aulas informais de história que ele gostava de dar, com informações históricas corretas até o último detalhe, incluindo as datas. Nossa história começa no ano 780 antes de Cristo, e termina quatro anos depois, em 776 AC. Se isso causar estranheza a alguém, é preciso lembrar que os anos antes de Cristo contam-se de trás para frente, como uma espécie de “contagem regressiva”.

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Tiro ao Pombo

História da Esquadrilha Abutre, escrita em outubro de 1976 e publicada pela Editora Abril na revista Heróis da TV número 21, de fevereiro de 1977.

De acordo com a lista de trabalho de papai, pouco antes de escrever esta, ele estava trabalhando em uma história de mesmo nome para o Peninha. Ela consta como “reaproveitada” na lista, e esta que comento hoje aparece logo de cara registrada como “versão II” (sem versão I). Tudo isso, aliado ao fato de que a suposta história do Peninha não está registrada no Inducks, indica que a primeira história foi rejeitada pela Disney e que papai, que nunca desperdiçava uma boa ideia, a adaptou para a Hanna-Barbera.

O “Tiro ao Pombo” é uma modalidade pseudo esportiva que, no ano de 1900, chegou inclusive a ser um esporte olímpico, acredite se quiser. Caracteriza-se pelo uso de pombos vivos em pleno voo como alvo, e pela desumanidade de seus praticantes. Por sorte, já está caindo em desuso. Mas acredito que, no tempo em que esta história foi escrita, ainda era um “esporte” bastante popular.

A história em si é um daqueles planos maléficos do vilão para interceptar o pombo correio que leva mensagens pelos céus, e usa todos os elementos dos desenhos animados da TV, como os nomes esdrúxulos que o aviador dava às armas que criava, e os bordões “Faça alguma coisa” e “Medalha, medalha”. Nem é preciso dizer que o plano não dará certo, mas o que interessa é mostrar como vai dar errado, e fazer o leitor rir com toda uma série de trapalhadas e acidentes inusitados.

EA Pombo

Qualquer leitor que assistisse aos desenhos animados certamente se identificaria com a história em quadrinhos, reconhecendo as referências. A “sensação” da leitura, com a sucessão dos quadrinhos correspondendo mais ou menos aos quadros da animação, é a mesma, aliás.

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Olimpíadas Na Vila

História do Zé Carioca, de 1984.

Sempre que uma Olimpíada acontece, de quatro em quatro anos em algum lugar do mundo, surgem também as “modinhas” de competições esportivas a torto e a direito. Todo mundo se acha quase na obrigação de organizar uma “olimpíada de bairro”, ou coisa parecida, em “homenagem” ao grande evento, ou pelo menos para se sentir mais “antenado” com o que está acontecendo no mundo.

É claro que, passado o evento, que todo mundo assiste sentado na frente da TV com a pipoca e o refri no colo, as pessoas comuns voltam à vida  sedentária de sempre com aquele vago sentimento de dever cumprido. Todo mundo, menos o Zé Carioca. Adepto da lei do menor esforço, ele não vê lógica nenhuma em fazer essa correria toda só para depois voltar para a cama por mais 4 anos. Assim, ele nem se preocupa em aderir à modinha.

O problema aqui, pelo menos para o Zé, vai ser a pressão do grupo. Com a turma da Vila Xurupita ele nem se impressiona mais, mas uma “força maior” ainda é capaz de fazê-lo saltar da cama e sair correndo alucinadamente, mesmo sem ter um tostão no bolso, como sempre. A ANACOZECA. O pavor que ele tem dos cobradores é mais forte do que qualquer vontade de ficar deitado.

ZC Olimpiadas

Mas a presença da ANACOZECA cria uma situação delicada. Por um lado, a Rosinha tem a ideia de fazer o Zé correr com os quatro cobradores atrás nas “Olimpíadas da Vila”, porque desse modo ele seria invencível. Ninguém corre mais do que o Zé Carioca quando está fugindo de uma cobrança.

Por outro lado, o Zé está liso e sem dinheiro, daí que ele não tem por que correr. Mesmo com a Rosinha dando a ele um emprego temporário, para que ele tenha o dinheiro e a motivação, a principal regra das histórias de cobrador é que eles nunca conseguem cobrar o Zé de verdade, esteja ele com dinheiro ou não.

Desse modo, papai se coloca em uma “sinuca de bico” criativa: O Zé não pode desapontar a Rosinha e voltar para a cama, simplesmente. Seria uma desfeita grande demais. Melhor seria se ele fosse realmente competir, e ainda por cima fizesse bonito. E apesar dos esforços da Rosinha para transformar o Zé em um cidadão de bem, pagador de suas dívidas, os Anacozecos não podem, absolutamente, conseguir cobrar o Zé. Nunca, nunquinha, em momento algum.

E agora, José? Quero dizer, e agora, Said? Essa não é a Grande Corrida de Tartarugas, e não é uma coisa muito bonita usar o papagaio como se ele fosse algum tipo de “isca”. Não é assim que se compete em um esporte sério. Além disso, mesmo que o Zé conseguisse correr dos cobradores, ganhar a corrida e ainda por cima escapar com a grana, seria óbvio demais colocar na história a cena que a Rosinha imaginou para as Olimpíadas locais. Em termos de composição da história em quadrinhos, o leitor já está com a cena na imaginação, e não haveria surpresa nem graça nenhuma em uma mera repetição.

ZC Olimpiadas1

A solução encontrada foi meio mirabolante, mas não deixa de ser criativa. Ela também se encaixa direitinho na trama, já que uma instalação portuária pode mesmo conter alguns equipamentos bastante perigosos. E como se não bastasse, o Zé não seria o primeiro herói dos quadrinhos a ganhar “poderes” ao entrar em contato com algum tipo de radiação atômica. O Homem Aranha e o Hulk são dois exemplos clássicos disso.

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Marsupial: http://www.lojamarsupial.com.br/ivan-saidenberg-o-homem-que-rabiscava

Comix: http://www.comix.com.br/product_info.php?products_id=23238

Cultura: http://www.livrariacultura.com.br/p/ivan-saidenberg-o-homem-que-rabiscava-15071096

Monkix: http://www.monkix.com.br/serie-recordatorio/ivan-saidenberg-o-homem-que-rabiscava-serie-recordatorio.html

O Esportista

Vamos abrir os trabalhos de 2014 com uma história do Zé Carioca, publicada pela primeira vez em 1973.

Que o Zé Carioca e o Nestor são dois preguiçosos, isso todo mundo sabe, inclusive a lesminha do Canini, que não cansa de repetir, a cada vez que passa por perto:

ZC lesma 2

Só que desta vez o Nestor acorda de um sonho especialmente vívido com vontade de se tornar um atleta, e por uma dessas coincidências que só acontecem nos quadrinhos, logo encontra um treinador que vê nele o potencial para se tornar um atleta olímpico.

ZC Nestor Treinador

Como o treinador do Nestor não está interessado em treinar também o Zé, que fica bastante enciumado com a oportunidade do seu amigo, e além disso quer provar à Rosinha (e na verdade para todo mundo) que não é tão preguiçoso assim, resolve pedir ajuda a um amigo seu, dono de uma academia de ginástica chamada “Clube do Morcego Vermelho”.

ZC Clube MOV

Em 1974, provavelmente inspirado por esta história, um menino chamado Yuri criou em Campinas um  “Clube do Morcego Vermelho” e escreveu uma carta a papai – enviada à redação das infantis – que quis ir lá conhecer o local. O moleque era uma praga, e o tal “clube” era meio que uma casa construída com caixotes no fundo do quintal, mas era certamente criativo, e uma homenagem sincera.

Yuri Clube MOV

Aliás, o moleque era criativo de verdade, e alguns anos depois inventou um sistema de luzes que piscava no mesmo ritmo da música que saía dos alto falantes de um aparelho de som, algo prodigioso para aqueles tempos analógicos. Papai, que havia mantido o contato por esse tempo todo, chegou a usar esse sistema na sonoplastia de uma peça de teatro que escreveu, “O Menino do Planeta Ximbix”, uma divertida viagem de um menino alienígena pelo Brasil.

Voltando à nossa história, tanto o Zé quanto o Nestor vão bem nos treinos, e o papagaio até consegue usar a sua nova forma física para enfrentar um rival numa briga e reconquistar a Rosinha.

ZC briga

O problema é que agora que a Rosinha sabe que ele está treinando para as olimpíadas, o Zé não vai poder parar de fazer força antes de 1976.

Pateta Olímpico – A Olimpíada

Passado o momento dramático nesta série de histórias de 1972, uma vez recuperada a tocha, os jogos e as risadas podem continuar.

Finalmente temos a cerimônia de abertura, onde o Pateta recebe uma série de honrarias e ganha o direito de entrar no estádio com a tocha, e ainda por cima acender também a pira olímpica, entre tropeços e queimaduras. Além disso, acaba sendo inscrito em quase todas as modalidades da competição, o que dá ao leitor a certeza de que muitas boas risadas virão nas próximas páginas.

O Mickey acaba ficando com a função de “treinador” do Pateta ao longo da história. É ele quem encoraja e consola o nosso “atleta”, inclusive bancando a babá, quando preciso. (Nota para a Cuca na corrida com barreiras).

Pateta cuca

Nesse meio tempo, alguns fios da meada são retomados, como a desaprovação do Mickey pela presença do Pluto, o que acaba deixando o cachorro deprimido. Sentindo-se rejeitado, ele encontra amizade com outro cãozinho que está vagando por aí, que é justamente aquele adotado pelo Gastão no início da série e que traz sorte a ele. Descobre-se que o bichinho é uma espécie de mascote dos jogos.

Pluto Waldi

E há também algumas “running gags”, como a insônia do Pateta, as trapalhadas nos mais diversos esportes e a “alergia” dele a disparos de arma de fogo, além da repetida destruição da cartola do Tio Patinhas, que assiste da arquibancada juntamente com o resto da turma.

Cartola dardo   Cartola flecha

Depois de muitos tombos, trapalhadas e correrias, o Pateta acaba tomando gosto pela “brincadeira” e insiste em ficar até o fim. Enquanto isso, papai aproveita para “esbanjar” seus conhecimentos do idioma alemão:

Pateta Alemao   Pateta Alemao1

Já viram a minha coletânea dos escritos de meu pai sobre quadrinhos?

Pateta Olímpico – O Roubo Do Fogo Olímpico

Continuando com a nossa série de historias com temática Olímpica que foi publicada em 1972, chegamos agora a um capítulo que foi escrito para adicionar drama ao enredo, mas que acabou se tornando quase profético.

Tragicamente incrível na coincidência é o uso que o Mancha Negra faz de um helicóptero para cometer seu crime. Pelo menos uma cena desta HQ lembra muito o cenário do terrível desfecho do sequestro dos atletas israelenses, que morreram justamente na explosão do helicóptero onde estavam presos, de pés e mãos atados.

Mickey Helicoptero

É preciso lembrar que as Olimpíadas de Munique aconteceram em setembro de 1972, e que esta revista especial foi publicada um mês antes, em agosto. Isso quer dizer que o primeiro rascunho desta história saiu da mesa de papai em Campinas alguns meses antes disso, provavelmente ainda no primeiro semestre daquele ano.

Voltando à história propriamente dita, o plano do Mancha Negra, ao usar o helicóptero para laçar a tocha olímpica, é recuperar da base do archote um enorme diamante que teria sido roubado pelo bisavô dele e escondido ali durante as Olimpíadas de 1900, em Paris, quando a tocha teria inclusive desaparecido misteriosamente por algumas horas.

Aqui, papai “passa por cima” de vários detalhes históricos, sacrificando-os por licença poética, para fazer sua trama “funcionar” melhor. Começando com o ritual do fogo olímpico: o Mickey menciona uma suposta “pira permanente” que ficaria na Grécia e onde todas as tochas seriam acesas. É realmente uma ideia muito bonita, e talvez tenha sido verdade nos tempos antigos, mas não é mais assim que acontece. Hoje em dia um espelho côncavo é usado por atrizes representando antigas sacerdotisas para concentrar os raios solares (que simbolizam o deus grego Apolo) e acender o fogo que então será transportado nas tochas.

E por falar nelas, em 1900 em Paris não havia nenhuma. A pira olímpica só foi acesa pela primeira vez em 1928 em Amsterdã, e o revezamento dos atletas trazendo a tocha da Grécia foi introduzido justamente pelos nazistas em 1936, nas Olimpíadas de Berlin. Além disso, desde então (ou muito me engano ou) uma nova tocha é criada para cada nova edição dos Jogos, então mesmo que houvesse um archote em 1900, ele certamente não teria sido usado em 1972.

Mas isso tudo são detalhes, na verdade, e é claro que uma história em quadrinhos não tem nenhuma obrigação de se manter fiel à verdade histórica a não ser que seja essa a proposta, o que aqui não é o caso.

O fato é que o Mickey e o Pateta conseguem encontrar o esconderijo do Mancha e recuperar a tocha e o tal diamante roubado, e devolver tudo às autoridades. Assim, os jogos de Munique nesta realidade alternativa onde Patópolis é uma “cidade-estado” que pode inclusive enviar atletas para a competição podem finalmente começar.

Mais engraçado ainda é que a tocha da nossa história, mesmo depois de ter sido laçada e levada pelos ares e manipulada de todos os jeitos por mocinhos e bandidos, nem por um momento chega a se apagar.

E não se esqueçam de da uma passadinha lá pelo site da Amazon e ver o meu livro.

Pateta Olímpico – A Prova

Se estivesse vivo, meu pai completaria hoje 73 anos. Ao ler estas linhas, por favor dedique um momento de oração em sua memória.

Continuando com a série sobre as Olimpíadas de 1972, a segunda história descreve as atrapalhadas competições de classificação entre as equipes do Tio Patinhas e do Patacôncio.

A primeira pista de que algo está errado com os Metralhas fica evidente quando um deles empresta um revólver para o Peninha dar a largada da prova. Outo problema é que o Pateta tem pavor do som de tiros, e reage a eles de modo inesperado.

Quando o Peninha tenta contornar o problema dos tiros com uma sirene de bombeiro, é a vez dos Metralhas terem uma crise de pânico. E assim vai. É claro que o objetivo da história não é exatamente descrever uma competição realista, mas principalmente fazer rir. Entre trapalhadas, acidentes e desistências, os dois times chegam quase ao fim da disputa empatados. O desempate, então, acontecerá com uma maratona em volta de Patópolis.

Mapa Patópolis

Pelo Mapa, vemos que a cidade é realmente um ecossistema completo: tem praia, montanhas, uma lagoa, florestas… Mais um pouco e poderia até competir com o Estado de Israel pelo recorde de maior diversidade de paisagens na menor extensão territorial. Interessante é a cabeça de Cornélius Patus, o fundador da cidade, esculpida na encosta da montanha. Isso é uma referência ao Monte Rushmore, nos EUA.

No final se descobre que os Irmãos Metralha estavam usando a competição como parte de um plano para assaltar a Caixa Forte, e eles são desclassificados. Assim, o Pateta ganha a aposta para o Tio Patinhas, e mesmo sem realmente vencer prova nenhuma, a vaga nas Olimpíadas de Munique.

Nesta história aprendemos que a praia da cidade se chama Praia da Pataquada. E na mesma cena temos um problema de coordenação entre a fala da Margarida e as cores do desenho: falando como a editora de moda que é na Patada, ela descreve os calções dos Metralhas como sendo vermelhos, e no quadrinho seguinte os vemos de calções azuis, como, aliás, estavam desde o início da história. Parece que papai se atrapalhou, aqui, e o fato passou despercebido aos revisores.

Praia Patópolis