Mas Que Bronka!

História do Peninha, de 1984.

A trama em si é a confusão de sempre feita por 00-ZÉro e Pata Hari em suas disputas contra a Bronka, que é inspirada em séries e filmes de espionagem como “Agente 86”, por exemplo. É claro que tudo está bem trabalhado, com muita ação e suspense, como nas melhores obras do gênero.

Mas a parte mais importante da história não é essa. O mais importante, hoje, está nos detalhes, a começar pelo “transplante” do Parque Taquaral, que fica em Campinas (onde morávamos na época) para Patópolis. Está tudo lá: a lagoa, a Caravela, e até o bonde turístico, que havia mesmo acabado de ser inaugurado.

Apresentado o parque, na primeira página, papai então começa a trabalhar as livres associações que vão ligar o local à trama de espionagem. Para começar, ele transforma um antigo anúncio do remédio Rum Creosotado, que com o tempo se transformou no símbolo da era dos bondes no  Brasil, em uma espécie de senha entre espiões.

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Em seguida, ele faz da Caravela o veículo mutante dos agentes secretos, como o leitor atento logo vai desconfiar, pela cor e pelos remendos metálicos no casco, que não existiam nas naus de madeira do século 16.

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Por fim, a disputa da vez é sobre um produto químico perigoso que existe de verdade, de nome hidrazina. Consta que, além de ser tóxica, ela também é explosiva e usada inclusive como combustível para foguetes. Com um pouco de calculado exagero, papai faz com que o líquido se comporte como outro explosivo famoso, a nitroglicerina.

É óbvio que toda essa correria com e atrás de uma garrafinha contendo algo tão perigoso não pode acabar bem. Mas até aí a homenagem a Campinas, cidade que o viu crescer e na qual ele desenvolveu todo o seu talento para os quadrinhos, está feita.

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A Torre Sinistra

História do 00-ZÉro e Pata Hari, de 1975.

Em mais uma missão para o leitor atento, os agentes secretos são chamados para investigar uma série de assaltos a joalherias nos quais a Bronka está envolvida.

Como sempre todos são suspeitos, nada é o que parece ser, e papai joga pistas falsas para todos os lados.

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A primeira tarefa do leitor, mais do que decidir se o contato é realmente um aliado ou um inimigo disfarçado, será descobrir qual é a ligação entre os roubos e a misteriosa figura apelidada de “o Fantasma da Torre Sinistra” que tem aparecido todas as noites na janela de uma torre abandonada.

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O nome escolhido para a cidade, “Londônia”, não é um acaso nem uma coincidência. A similaridade com o nome da cidade de Londres, capital da Inglaterra, serve para justificar os frequentes e fortes nevoeiros que aparecem na história. Eles também terão sua função na solução do mistério, já que nada aparece ou acontece por acaso na trama.

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Mistério No Museu

História dos agentes secretos 00-Zéro e Pata Hari, publicada pela primeira vez em 1977.

A Bronka está agindo no Museu de Patópolis. Seus agentes roubaram um diamante, mas ainda não conseguiram sair de lá. Como o museu é um espaço cheio de coisas esquisitas e lugares para alguém se esconder, o cenário para uma grande confusão está montado.

Para começar, os agentes têm os seus comunicadores secretos camuflados em objetos do cotidiano, como patinhos de borracha e sabonetes, o que só complica as coisas. Complicado para eles, divertido para nós.

É interessante ver como papai vai brincando com os diferentes elementos da trama. Para começar, o Lobo é proibido de entrar no museu, e tem de ficar esperando os seus colegas do lado de fora. Essa aparente desvantagem dos agentes vai se revelar uma coisa positiva, no final da história.

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E lá dentro, nada é realmente o que parece ser. Mas se o Zéro desconfia de algo, é porque não há nada de realmente errado com aquilo. É quando ele não desconfia de nada que a coisa complica. Além disso, uma declaração ambígua do diretor do lugar, o senhor Mutt Zeu (uma brincadeira com a própria palavra museu), leva o nosso agente nada secreto a mais uma conclusão errada, e desvia a atenção do leitor do óbvio. Qualquer um que conheça a história e o cavalo logo vai desconfiar do que está acontecendo, apesar de tudo.

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Os desastrados agentes quase deixam os “bronqueados” escaparem, mas o Lobo (lembram dele, esquecido do lado de fora?) vai servir de elemento surpresa, salvar a pátria e, de quebra, dar uma boa amarrada em algumas pontas soltas da história.

No fim, sobra o cavalo de Troia. Qualquer um com um mínimo de cultura geral sabe que o original nunca foi encontrado, e se não sabe, vai aprender sobre isso agora. Então por que o diretor do museu disse que aquilo que está em exposição não é uma reprodução? Por incrível que pareça, ele tem uma boa explicação para isso.

Bronka À Carioca

História do 00-ZÉro e Pata Hari, publicada pela primeira vez em 1979.

Esta é uma típica comédia de erros, passada no Rio de Janeiro e com a participação do Zé Carioca e de sua turma.

De férias no Rio após derrotar a Bronka, os agentes secretos logo dão de cara com o Zé e o Nestor, que vivem em “férias permanentes”. O pouso como sempre desastrado da nave mutante, e sua mutação nada convincente em guarda sol de metal faz os cariocas pensarem que os espiões são alienígenas. Já os visitantes, ao ver o Zé, se convencem de que estão ás voltas com o Barão de Bazófia, mais um personagem criado por papai e usado em exatas quatro histórias. A última delas, por sinal, é esta.

O Barão é um papagaio muito parecido com o Zé, mas de personalidade totalmente oposta: é rico, bem educado, e vive muito bem vestido, sempre acompanhado de seu chofer e guarda costas. Obviamente, sua maior “utilidade” nas poucas histórias em que aparece é ser confundido com o Zé, ou usar o Carioca como dublê, ou alguma variação da coisa.

Começa assim uma louca perseguição que vai da praia ao morro, os agentes secretos em estilo “Surfista Prateado“, aliás.

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A perseguição também é pretexto para o Zé e o Nestor darem uma volta pela vizinhança, interagindo com seus vizinhos de maneiras hilárias. Para tentar despistar o Lobo, o Zé se vale até da coleção de gatos do Afonsinho:

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Depois de muita confusão e coisas quebradas, o mal entendido é desfeito e a paz volta a reinar. Afinal, não existem espiões na Vila Xurupita (não é?), e a Bronka está acabada… ou será que está, mesmo?

Uma das graças da história fica por conta das várias brincadeiras com a palavra “alienígena”. Assim, vemos a turma do morro chamando os visitantes de  “ali sei lá o quê”, “alienados” e “alienistas” (alienista é, aliás, o profissional que trata de alienados, como no livro de Machado de Assis. Papai certamente esperava que seus fãs fossem procurar no dicionário o sentido das palavras, ou que percebessem a conexão com o romance clássico.).

Esse Agente Dá Pena

História do Peninha com 00-Zéro e Pata Hari, de 1977.

O Peninha acaba de ser demitido novamente, por dormir em serviço, e os agentes estão fugindo da Bronka, por causa de um microfilme. Um encontrão entre eles na porta do jornal A Patada dá início à confusão.

A partir daí todos os clichês de história de agente secreto se aplicam, com o rolinho de filme mudando de mãos o tempo todo e a perseguição cheia de reviravoltas. Dos agentes, o objeto passa para o Peninha. Depois, para o Tio Patinhas. Aí, o Peninha se disfarça de Patinhas para despistar os agentes da Bronka. Enquanto isso, os agentes do bem conseguem fugir do QG da Bronka, onde somos brindados com uma aparição do Grande Bronka, sempre de costas, sentado em seu “trono”, e com seu gato no colo.

Grande Bronka

Na verdade, nada nesta trama é mais importante do que a perseguição e a bagunça. Tem até tiroteio! Nem mesmo o microfilme e seu conteúdo, que não é revelado em nenhum momento, importam. Tanto, que o leitor nem percebe. Não vem ao caso.

Bronka tiros

No final papai devolve a história ao início, como era seu costume, com o Peninha novamente adormecido sobre a mesa de trabalho, mas com uma pequena variação, o que só torna a coisa toda mais engraçada. Tão engraçada, na verdade, que dá até pena. 😉