A Receita Da Invisibilidade

História do Professor Pardal, de 1980.

O título original na lista de trabalho era “A Fórmula Da Invisibilidade”, o que faz muito mais sentido, mas o editor achou por bem mudar, sabe-se lá por qual motivo.

A inspiração vem da literatura, mais especificamente de uma novela de ficção científica escrita por H. G. Wells e publicada em capítulos em 1897, antes de ser lançada como livro no mesmo ano. Além disso, a história virou também filme em 1933, com várias sequências pelos anos 1940 adentro e nas muitas décadas desde então.

Ao longo dos séculos figuras mitológicas, magos e cientistas vêm procurando uma maneira de tornar coisas e pessoas invisíveis, seja por meio de “poções”, capas ou mantos, anéis, capacetes (como o de Hades, depois emprestado a Perseu) e outros objetos e métodos.

Aqui papai segue a linha de Wells, com o Tio Sabiá inventando uma fórmula (se fosse uma bruxa, poderia ser igualmente uma poção) que, quando fervida, produz um vapor que deixa invisíveis a tudo e a todos que toca. O efeito é tão forte que até a casa do inventor fica completamente transparente. Parte da graça da história é observar o Pardal trabalhando às cegas em um laboratório e com objetos que ninguém vê.

A tarefa do Pardal será encontrar um antídoto para ajudar o tio a voltar ao normal, enquanto enfrenta o Professor Gavião com a ajuda do Lampadinha para que a receita não caia em mãos erradas.

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O Golpe Do Sumiço

História do Superpateta, de 1976.

Trata-se de mais um plano do Sr. X para ver se consegue, finalmente, cometer um crime e se transformar no “Rei do Crime” que ele tanto quer ser.

O interessante é que o Superpateta é tão bobo, que bastaria gritar por socorro e ele viria acudir do mesmo jeito. Mas aí, é claro, a coisa toda não seria assim tão engraçada. Além disso, esse é o laço que vai unir as pontas da trama, a primeira e a última página. Fazer o Super pensar que está ouvindo mal pode ajudar a confundi-lo o suficiente para que ele sirva de inocente útil no início, mas no final vai ser prejudicial aos maus da história.

SP sumico

O nome do inventor maluco da vez, um tal de “Professor Sumidus”, é mais um daqueles pensado sob medida para um personagem que apareceria apenas uma vez: é, obviamente, uma brincadeira com a palavra “sumido”, no sentido de “desaparecido”. O fato é que ele é inventor de uma fórmula da invisibilidade, e passa a maior parte da história presente, mas sem ser visto.

SP sumico1

É a famosa luta do bem contra o mal, desta vez ao redor de uma fórmula tecnologicamente avançada, mas potencialmente perigosa. Nada é inerentemente bom ou mau, tudo são apenas ferramentas. A diferença está no uso que se faz dessas coisas.

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A Ameaça Invisível

História do Tio Patinhas, de 1975.

Esta é certamente uma das mais criativas histórias de papai para as bruxas, e uma da qual podemos extrair também várias noções das tradições da bruxaria “de verdade”.

Depois de mais uma tentativa fracassada de tomar a moedinha do Patinhas, a Maga tem uma ideia ao ouvir a propaganda de um circo que anuncia, como uma de suas atrações, um “homem invisível”. Novamente, a história tem duas fases distintas: uma para a criação da fórmula da invisibilidade e o novo ataque à Caixa Forte, e a segunda sobre tudo o que acontece lá dentro até a derrota final da vilã.

Nossa “lição de magia teórica” começa com os ingredientes da poção: “extrato de estrega” e “penas de Fênix“. Em português, “estrega” é, a rigor, um sinônimo para “esfregar”, mas a tentativa aqui é aportuguesar a palavra “Strega“, que é uma referência à bruxaria tradicional italiana. Dada a conexão da Maga com o vulcão Vesúvio, nada mais natural. E é, também, o nome de uma famosa marca de deliciosos licores.

Além disso, temos também a noção da substituição de ingredientes mágicos, que funciona mais ou menos como aquelas substituições um tanto amalucadas de ingredientes e temperos de uma certa nutricionista morena que virou meme nas redes sociais. Em magia, a ideia é a mesma: se não há um determinado ingrediente à disposição, ele pode ser substituído por algo semelhante, ou que tenha a mesma “vibração”.

Maga invisivel

Por fim, vemos que o Patinhas resolve combater fogo com fogo e contratar um caçador de bruxas para lidar com a ameaça dos ataques. Mas isso o leitor só vai saber mais tarde, porque a princípio ele se parece com tudo, menos com a imagem que fazemos de um bruxo. Disso aprendemos que nem todos os magos e bruxas andam por aí o tempo todo com roupas esquisitas e voando em vassouras.

Maga invisivel1   Maga invisivel2

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A Rebelião Das Roupas

Esta história do Morcego Vermelho, de 1975, é inspirada no filme “O Homem Invisível”, de 1933, que por sua vez foi inspirado no livro (1897) de mesmo nome de H. G. Wells, o mesmo autor de “Guerra dos Mundos”.

Fico imaginando os efeitos especiais desse filme, feitos sem a ajuda da computação gráfica que conhecemos hoje. Rudimentares pelos nossos padrões, certamente, mas de uma criatividade e coragem incríveis para seu tempo.

Pelo que sei, entre outros truques de palco, filmagens e retoques diretamente na película, os cineastas usaram fios para puxar as roupas do personagem principal. É possível que em alguns momentos esses fios tenham aparecido no filme projetado na tela do cinema, revelando o truque, arrancando risos dos espectadores e marcando o imaginário de papai, que viu o filme quando criança provavelmente no Cinema em Campinas.

Aqui o Morcego Vermelho luta com assaltantes dos quais se vê apenas as roupas, e chega a propor a hipótese de estar às voltas com uma quadrilha de homens invisíveis antes de descobrir o plano do Dr. Estigma.

MOV roupas

Os pulos errados, trombadas e trapalhadas do herói se aplicam abundantemente, todos muito engraçados. O Peninha quase revela sua identidade secreta várias vezes, por causa da confusão com as roupas, mas no final acaba se dando bem, até um pouco melhor do que ele mesmo esperava.