O Roubo Do Ursinho

História do Superpateta, de 1979.

Esta é mais uma variação sobre o tema do cientista maluco com o canhão de raios de controle mental, como trabalhado nas já comentadas aventuras do Falcon e do Capitão Valente. Desta vez o vilão é o Professor Gavião em colaboração com os Metralhas, o que adiciona também o elemento da falta de honra entre ladrões.

Eles realmente têm todos o mesmo objetivo, que vai além da mera colaboração para o roubo: tapear o outro lado para não ter de dividir o produto do crime também faz parte, inclusive com a arrogância de se achar esperto por sua deslealdade.

A particularidade do raio maligno da vez é a indução de um sentimento de profundo tédio (para não dizer de depressão) em suas vítimas, o que faz com que elas percam o interesse em bens materiais e se sintam “cansadas de tudo”. Assim, entregam o que os vilões demandam e também perdem a vontade até mesmo de dar queixa na polícia.

Como sempre o plano parece infalível, o crime perfeito, mas a sua implementação terá uma falha pequena e aparentemente inconsequente que acabará levando o herói até o esconderijo do bando e à prisão dos bandidos.

Papai só anotou o nome da história na lista de trabalho na data da republicação, em 1983. Por isso, ao que tudo indica, ela ainda não está creditada no Inducks. Mas é dele sim, podem confiar.

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Um Monte de Abobrinhas

História da Patrícia, de Ely Barbosa, escrita entre setembro e outubro de 1987 e publicada pela Editora Abril na revista “Patrícia” número 12, do mesmo ano.

Na lista de trabalho consta que foi mamãe quem deu a ideia. “Abobrinhas”, naquela época, era a ubíqua gíria da criançada (e também de gente que nem era mais tão criança assim) para “bobagem”, ou “besteira”. Não me lembro exatamente como surgiu mas, de repente, era só isso que se ouvia em todos os lugares, do pátio da escola aos programas de TV.

Está certo que a Patrícia é “meio desligada” e frequentemente esquece quais são, exatamente, as instruções que recebe de sua mãe, causando a maior confusão, mas hoje as coisas saem um pouco do normal. “Normal”, para a personagem, é sair para comprar três quilos de abobrinha, e voltar com 10 quilos de mandioquinha, por exemplo. Mas isto aqui já é um pouquinho demais:

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É só mais tarde na história que vemos a causa das abobrinhas todas: um ser estranho e sua máquina de raios dominadores da mente.

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Mas, ao que parece, o “desligamento” da menina tem um lado bom: toda essa falta de memória de curto prazo advém da incapacidade que ela tem de se concentrar por muito tempo, e isso a torna menos influenciável por esse tipo de plano maléfico.

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Perigo Na Ilha

História do Capitão Valente, de 1981, publicada na Revista Pic-Pic número 18, com desenho de Claudino e arte final de Átila.

A revista-brinquedo trazia também os modelos em papel cartão de um Mirage 103 E e Mustang P-51, para as crianças montarem.

Já a aventura do Capitão é uma adaptação resumida (em 4 páginas) de uma história (de 22 páginas) que papai escreveu (sob o nome de mamãe) para o personagem Falcon, da Editora 3, em 1977. A trama é basicamente a mesma: em busca pelos pilotos de sua esquadrilha, que sumiram ao sobrevoar uma ilha deserta e rochosa, ele mesmo é atraído até lá, com avião e tudo, por uma força misteriosa. Uma vez no chão, o Capitão Valente é feito prisioneiro por seus próprios companheiros, que estão sob o efeito de um “raio do controle mental” desenvolvido por um cientista maluco.

Apesar da diminuição brutal no número de páginas, os principais elementos da primeira história continuam aí: o cientista maluco, o raio que atrai aeronaves, o aparelho que controla a mente, a tentativa de fazer o herói passar, ele também, pelo aparelho, e também a explosão final da ilha inteira, de onde os heróis escapam por um triz.

Aqui vemos, além da já conhecida e reconhecida capacidade de pesquisa de papai, uma também incrível capacidade de síntese. A história mais curta “funciona” tão bem quanto a mais longa, sem perder nada em relação à outra. Além disso, há tanta ação em meras 4 páginas, que a história até parece mais longa.

E acima de tudo, este é um bom exemplo de como papai às vezes “reciclava” ideias, e as reaproveitava, com algumas adaptações, sempre que possível. Para um artista que produzia com a intensidade dele naqueles tempos, nos quais era super requisitado para vários projetos ao mesmo tempo, esta era até mesmo uma “técnica de sobrevivência”

CV Ilha