Duelo Ao Pôr Do Sol

História do Pena Kid, de 1975.

O título desta história se refere a um filme de faroeste americano de 1946 (Duelo ao Sol), mas a trama em si é meio vagamente inspirada na história do Duelo de O.K. Corral, na cidade de Tombstone, Arizona, um acontecimento verídico do ano de 1881 que ficou famoso nos anos 1930 e virou filme em 1957.

No plano da história do Pena Kid o motivo para o duelo é bem fútil, só mesmo porque os bandidos (os irmãos Clanton) queriam provocar um a qualquer custo, para encobrir um plano secundário, o de chamar os irmãos Metraltons (Metralhas) para roubar o banco da cidade, de propriedade do Banqueiro Patatinhas (Tio Patinhas), enquanto todos assistem ao “espetáculo”.

No plano da história do Peninha, que é quem está criando e desenhando a história do Pena Kid na redação de A Patada sob os palpites do Tio Patinhas, esta é uma verdadeira aula de quadrinhos. Para começar, o autor é o “deus” da história, e pode fazer acontecer o que ele bem entender.

Uma característica das histórias do Pena Kid é que todos sempre estão armados, há muitas provocações e disputas, mas quase nunca é disparado tiro nenhum. Aqui não é diferente. O “autor” chega inclusive a sumir com as armas de todos, para a surpresa geral de seus próprios personagens, aliás. E a bomba que deveria explodir o banco também falha. A ideia é que Pacifica City seja realmente fiel ao seu nome, mesmo que para isso alguns absurdos precisem acontecer.

Pena Kid duelo

Desta vez os palpites do Patinhas não estão descabidos demais. Primeiro, ele pede que a situação da história “Pena Kid e Xaxam”, onde ninguém queria sacar primeiro e mandava o outro sacar, não se repita. Depois pede um duelo “diferente”, algo incomum para histórias de faroeste, e por fim exige um final criativo para a história. O Peninha atende os três pedidos, mas do seu jeito, é claro, como sempre.

E há, também, as piadas internas com o pessoal da redação. Alguns deles aparecem como figurantes (sempre lembrando que as construções da cidade têm um quê de cenário de cinema, e algumas delas são apenas fachadas escoradas por varas de madeira), e nesta história em particular podemos ver a caricatura Izomar Guilherme, de roupa de couro com franjas. O porquinho ao seu lado pode muito bem ser o Carlos Herrero, desenhista desta história, e o loirinho baixinho também não me é estranho, e já apareceu em outras histórias que eu inclusive já comentei aqui.

Pena Kid Izomar

A série de histórias do Pena Kid ilustra bem, também, como na maior parte do tempo era papai que “mandava” no trabalho do desenhista. Tudo já estava no “rafe” que o Mestre Said fazia a lápis, incluindo os detalhes que caracterizam o conceito da história como algo passado num “set” de cinema (como as fachadas escoradas e os remendos no “céu”), e até mesmo a maioria das caricaturas dos colegas. Pouco restava ao desenhista além de “passar a limpo e a tinta” o rafe original, com pouca coisa a adicionar, e não era só o caso do Herrero, mas também do Canini e de todos os outros desenhistas que finalizavam as histórias do meu pai.

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