O Grande Jogo

História sobre “como não se joga futebol”, de 1975.

Futebol é o esporte nacional, jogado por todos em todos os lugares do país, desde nos campos profissionais até nas mais amadoras várzeas. Assim, parece natural que se jogue futebol também no pátio das prisões brasileiras, e na prisão de Patópolis não é diferente.

Aqui temos uma partida entre os Irmãos Metralha e a Classe dos Profissionais Sem Classe. Uma vez que todos os personagens principais são vilões, é claro que a coisa toda não pode dar certo. “Escalado” para ser o juiz de um jogo “barra pesada” temos, novamente, o João Bafo de Onça, que já foi árbitro de um jogo do Zé Carioca.

Semelhante às histórias das bruxas, a trama aqui é cheia de inversões de valores, como se a cultura e forma de pensamento dos vilões fossem exatamente o contrário das que nós, pessoas boas, temos. Desse modo, o juiz entra em campo aos gritos de “ladrão” das arquibancadas, crente de que está abafando. Além disso, as regras do jogo lembram as do boxe: pancadas abaixo da linha da cintura são proibidas.

chute 1313

As trapaças abundam, como o juiz comprado (pelos dois times), a bola “roubada” pelo Vovô Metralha, literalmente (que a rouba e depois esquece), a viseira do Primo Cientista e até o “gol de bengala” do Vovô, entre outras maluquices. Cada personagem usa algum atributo ou característica sua para sua vantagem, ou para simplesmente trapacear. Há até quem fique feliz em ser expulso do jogo, e depois desapontado ao ver que está sendo devolvido à cela.

metralha expulso

Já o Vovô lembra com saudades das bolas de capotão, que foram as primeiras bolas de futebol já feitas, com gomos de couro e câmara de ar de bexiga de boi. Certamente, uma lembrança da sua juventude.

vovo bola

É claro que um jogo desses não pode terminar bem. Na verdade, ele nem termina direito. Mas a decisão do campeonato da penitenciária precisa acontecer, e a direção do presídio encontra uma solução criativa, que envolve outra “modalidade” do esporte que apresenta menos risco de dar em confusão.

Interessante é a participação de Metralhas “pouco comuns”, como o Tio Zero, o Supersensível 666 e até mesmo o Primo Cientista, todos eles personagens estrangeiros carinhosamente “resgatados” e “adotados” por papai.