História do Zé Carioca, de 1977.
Bem ao estilo de papai, a história trata dos jogos e brincadeiras de infância dos brasileiros que já estavam caindo em desuso. Um desses era o futebol de botão, que pelo jeito teve um novo impulso ao longo das décadas, e hoje é tido como “esporte sério” e “de gente grande”.
Mas isso é apenas o testemunho do fascínio que o também chamado “futebol de mesa” suscita em crianças de todas as idades, e até mesmo aquelas que já têm mais de 45 anos de idade.
Nos tempos de criança de papai a coisa era bem mais simples, para crianças mesmo. Uma caixa de fósforos com uma pedrinha dentro servia de goleiro, e qualquer botão maiorzinho para roupas corria sério risco de sumir das caixas de costura das mamães para “ser promovido a jogador”.
Já no meu tempo começaram a aparecer os jogos de luxo, com botões de bom acrílico e campos de madeira compensada de primeira qualidade. Esses botões eram guardados com todo o cuidado, polidos regularmente com um paninho macio e retirados da caixa apenas para jogos importantes, como o de hoje.
A briga dos meninos no primeiro quadrinho, aliás, vem de uma brincadeira usada em casa para desencorajar brigas entre nós crianças, para que não discutíssemos por qualquer “foi-não-foi, é-não-é”.
Em todo caso, se o problema fosse só uma briga dos sobrinhos do Zé por causa de uma partida entre eles, a história não seria tão engraçada. Divertido é ver como a coisa toda vai atingindo proporções cada vez maiores e mais graves, com torcidas exaltadas de ambos os lados. A coisa toda chega às raias da briga, até que, em um momento decisivo, o Zé pisca por um segundo, não vê uma jogada, e o caldo entorna de vez. E agora, José?
A revista está na coleção, é a única história nacional que ela contém, o nome da história está na lista de trabalho, mas, por causa de uma mudança no nome da história feita pelo editor algum tempo depois, os rapazes do Inducks ainda não a creditaram a papai. Aparentemente, resolveram esperar até terem certeza. Podem creditar, é dele sim. 🙂
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