Os Metralhas Invulneráveis

História dos Irmãos Metralha, publicada uma só vez em 1975.

Este é mais um plano “quase perfeito” dos Metralhas que vai dar errado por causa de um pequeno detalhe. Mas, mais do que isso, é mais uma daquelas sacadas quase proféticas de papai.

O método de criação é o típico de papai: trocadilhos em nomes, como o autor do livro que o Intelectual está lendo no primeiro quadrinho (“Como Fugir da Prisão, por Celso Miço”), e uma série de pequenas piadas infames que vão, aos poucos, minando qualquer (ainda que improvável) resistência do leitor ao riso.

Metralhas invulneraveis

O problema é que a própria arma dos bandidos vai se virar contra eles, como um feitiço contra o feiticeiro, e é aqui que está a “profecia”: com aproximadamente 40 anos de antecedência, temos um vislumbre de uma das armas não letais que já estão em uso hoje, a arma de espuma pegajosa.

Metralhas invulneraveis1

Afinal, não é surpresa nenhuma que os Metralhas sejam presos no final. O interessante, como sempre, é ver não apenas como isso vai acontecer, mas também testemunhar todas as trapalhadas e reviravoltas de mais um plano maléfico “infalível” e mirabolante.

****************

Já leste o meu livro? Quem ainda não leu está convidado a conhecer minha biografia de papai, à sua espera nas melhores livrarias: Marsupial – Comix – Cultura – Monkix 

A História dos Quadrinhos no Brasil, e-book de autoria de papai, pode ser encontrado na Amazon

***************

Tenho o prazer de anunciar um novo livro, que não é sobre quadrinhos, mas sim uma breve história do Rock and Roll. Chama-se “A História do Mundo Segundo o Rock and Roll”, e está à venda nos sites do Clube de Autores agBook

O Banquete Dos Metralhas

História dos Irmãos Metralha, publicada uma única vez em 1980.

Apesar de ser “palavra proibida”, estar na cadeia tem seu lado bom: lá, pelo menos, não falta comida. Temos aqui uma situação na qual os bandidos estão passando fome. Tudo o que há para se comer no esconderijo são três feijões (para quatro Metralhas) e uma lata de sardinhas… vazia.

A coisa toda até aqui lembra um pouco o curta de animação “Mickey e o Pé de Feijão”, de 1947, que se inicia com uma situação parecida. Mas as semelhanças terminam por aí: aqui não haverá pé de feijão mágico para escalar, mas sim um plano “espertinho” do Intelectual para organizar um banquete.

O plano nem é assim tão maquiavélico, afinal, e nem envolve (em princípio) ter de roubar ou prejudicar ninguém. Se aproveitando do fato de que é uma sexta feira e é também o dia do aniversário do Vovô Metralha, 13 de agosto (quem diria, o Vovô e o Pato Donald têm algo em comum), o Intelectual resolve organizar um banquete no qual cada convidado traz alguma coisa para comer.

Até aí, o plano parece bastante benigno. Todos comem alguma coisa (e nesse tipo de festa costuma até sobrar comida), e ficam felizes. Especialmente os anfitriões, que não vão doar nada além do espaço. O interessante é que ninguém sabia a data de aniversário do velho Metralha. Também, pudera: papai provavelmente a inventou durante o processo de escrever esta história.

banquete

Convidados todos, os parentes vão chegando para a festa: papai faz questão de reunir aqui o maior número deles possível, alguns até bastante obscuros, e vários deles inventados por papai mesmo em outras histórias. Assim, temos o Metralha Veterano, a Titia Metralha, o Tio Zero, o Primo Brincalhão, o Metralha Cientista, Xerloque Metralha, Doutor Metralha, Bombinha, Dedo Duro, Supersensível, Meio Quilo, Tataravô 0001, e (quem diria) se lembraram de convidar até o Azarado 1313.

banquete1

O problema é que todo mundo traz galinha ou frango para comer, todas as aves preparadas de acordo com as mais variadas receitas, de frango assado a torta de galinha. Uma receita citada na história, e da qual papai tinha especial horror (só comia frango se fosse forçado) era o galeto ao molho pardo (se alguém tiver interesse, a receita está aqui. Mas já aviso, não é para os paladares mais sensíveis).

O leitor atento sabe quão “pé de chinelo” a família/quadrilha Metralha é, e já deve estar desconfiando da procedência desse “festival de galináceos” todo. A suspeita se confirma com a chegada do homenageado Vovô, que fugiu da prisão especialmente para a ocasião, seguido, é claro, pela polí – bem, vocês sabem quem.

O Grande Jogo

História sobre “como não se joga futebol”, de 1975.

Futebol é o esporte nacional, jogado por todos em todos os lugares do país, desde nos campos profissionais até nas mais amadoras várzeas. Assim, parece natural que se jogue futebol também no pátio das prisões brasileiras, e na prisão de Patópolis não é diferente.

Aqui temos uma partida entre os Irmãos Metralha e a Classe dos Profissionais Sem Classe. Uma vez que todos os personagens principais são vilões, é claro que a coisa toda não pode dar certo. “Escalado” para ser o juiz de um jogo “barra pesada” temos, novamente, o João Bafo de Onça, que já foi árbitro de um jogo do Zé Carioca.

Semelhante às histórias das bruxas, a trama aqui é cheia de inversões de valores, como se a cultura e forma de pensamento dos vilões fossem exatamente o contrário das que nós, pessoas boas, temos. Desse modo, o juiz entra em campo aos gritos de “ladrão” das arquibancadas, crente de que está abafando. Além disso, as regras do jogo lembram as do boxe: pancadas abaixo da linha da cintura são proibidas.

chute 1313

As trapaças abundam, como o juiz comprado (pelos dois times), a bola “roubada” pelo Vovô Metralha, literalmente (que a rouba e depois esquece), a viseira do Primo Cientista e até o “gol de bengala” do Vovô, entre outras maluquices. Cada personagem usa algum atributo ou característica sua para sua vantagem, ou para simplesmente trapacear. Há até quem fique feliz em ser expulso do jogo, e depois desapontado ao ver que está sendo devolvido à cela.

metralha expulso

Já o Vovô lembra com saudades das bolas de capotão, que foram as primeiras bolas de futebol já feitas, com gomos de couro e câmara de ar de bexiga de boi. Certamente, uma lembrança da sua juventude.

vovo bola

É claro que um jogo desses não pode terminar bem. Na verdade, ele nem termina direito. Mas a decisão do campeonato da penitenciária precisa acontecer, e a direção do presídio encontra uma solução criativa, que envolve outra “modalidade” do esporte que apresenta menos risco de dar em confusão.

Interessante é a participação de Metralhas “pouco comuns”, como o Tio Zero, o Supersensível 666 e até mesmo o Primo Cientista, todos eles personagens estrangeiros carinhosamente “resgatados” e “adotados” por papai.