Um Agente Pouco Secreto

História do Zé Carioca, de 1974.

Histórias de espiões, como esta série do Barão de Bazófia, são um bom pretexto para trocas de identidade, raptos, perseguições, explosões, e todos os outros clichês comuns do gênero, com a inspiração advinda de filmes de espionagem como os do Agente Secreto 007, como a referência no primeiro quadrinho deixa bem claro.

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Esta é a terceira das quatro histórias que papai fez para o Barão, e eu creio que é a melhor delas, a mais autêntica e fiel ao tema “espionagem”. Hoje somos lembrados, inclusive, de que o Barão está a serviço “de sua majestade” o Rei da Pipocolândia, no melhor estilo 007.

Interessante de se ver são as trocas de roupa do Zé, que quase nunca é visto vestindo algo que não seja a calça azul e a camiseta branca. Hoje ele vai trocar de roupa várias vezes, primeiro com o próprio Barão, e depois até mesmo com o Nestor.

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Mas talvez a coisa mais legal de hoje seja a Rosinha no papel de “Bond Girl”: ela é certamente a mocinha da história, mas de “frágil e indefesa” ela não tem nada.

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Outra boa sacada é a “running gag” com o Nestor, que passa a história inteira, do primeiro ao último quadrinho, tentando entender o que é essa confusão toda.

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A História dos Quadrinhos no Brasil, e-book de autoria de papai, pode ser encontrado na Amazon 

O Banquete Dos Metralhas

História dos Irmãos Metralha, publicada uma única vez em 1980.

Apesar de ser “palavra proibida”, estar na cadeia tem seu lado bom: lá, pelo menos, não falta comida. Temos aqui uma situação na qual os bandidos estão passando fome. Tudo o que há para se comer no esconderijo são três feijões (para quatro Metralhas) e uma lata de sardinhas… vazia.

A coisa toda até aqui lembra um pouco o curta de animação “Mickey e o Pé de Feijão”, de 1947, que se inicia com uma situação parecida. Mas as semelhanças terminam por aí: aqui não haverá pé de feijão mágico para escalar, mas sim um plano “espertinho” do Intelectual para organizar um banquete.

O plano nem é assim tão maquiavélico, afinal, e nem envolve (em princípio) ter de roubar ou prejudicar ninguém. Se aproveitando do fato de que é uma sexta feira e é também o dia do aniversário do Vovô Metralha, 13 de agosto (quem diria, o Vovô e o Pato Donald têm algo em comum), o Intelectual resolve organizar um banquete no qual cada convidado traz alguma coisa para comer.

Até aí, o plano parece bastante benigno. Todos comem alguma coisa (e nesse tipo de festa costuma até sobrar comida), e ficam felizes. Especialmente os anfitriões, que não vão doar nada além do espaço. O interessante é que ninguém sabia a data de aniversário do velho Metralha. Também, pudera: papai provavelmente a inventou durante o processo de escrever esta história.

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Convidados todos, os parentes vão chegando para a festa: papai faz questão de reunir aqui o maior número deles possível, alguns até bastante obscuros, e vários deles inventados por papai mesmo em outras histórias. Assim, temos o Metralha Veterano, a Titia Metralha, o Tio Zero, o Primo Brincalhão, o Metralha Cientista, Xerloque Metralha, Doutor Metralha, Bombinha, Dedo Duro, Supersensível, Meio Quilo, Tataravô 0001, e (quem diria) se lembraram de convidar até o Azarado 1313.

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O problema é que todo mundo traz galinha ou frango para comer, todas as aves preparadas de acordo com as mais variadas receitas, de frango assado a torta de galinha. Uma receita citada na história, e da qual papai tinha especial horror (só comia frango se fosse forçado) era o galeto ao molho pardo (se alguém tiver interesse, a receita está aqui. Mas já aviso, não é para os paladares mais sensíveis).

O leitor atento sabe quão “pé de chinelo” a família/quadrilha Metralha é, e já deve estar desconfiando da procedência desse “festival de galináceos” todo. A suspeita se confirma com a chegada do homenageado Vovô, que fugiu da prisão especialmente para a ocasião, seguido, é claro, pela polí – bem, vocês sabem quem.