O Escudo Invisível

História dos Irmãos Metralha, publicada uma só vez em 1975.

Uma coisa que o Metralha Cientista e o Professor Pardal têm em comum são as defesas esdrúxulas montadas ao redor dos respectivos laboratórios. Outra são os insistente pedidos, por parte de parentes, amigos e clientes, de invenções malucas para propósitos incomuns.

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Mas acima de tudo, esta história é mais um exemplo de como não existe honra entre ladrões. Todos tentam tirar vantagem de todos os outros, e hoje também aprendemos o motivo pelo qual os Irmãos toleram a presença do primo 1313 perto deles.

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O pontapé no Azarado, aliás, é só o terceiro golpe de uma “running gag” que vai fazer com que ele leve muitas pancadas no decorrer da história, e às vezes mais do que uma por página. Além da já esperada prisão do bando todo na última página, como não poderia deixar de ser na histórias da Disney, essa é a parte mais engraçada da história.

E novamente temos uma discussão implícita a respeito da condição do Metralha Azarado: será ele simplesmente uma vítima do bullying dos primos, uma “profecia auto realizável”, ou realmente portador de um azar sobrenatural que influencia a todos ao seu redor?

O “escudo invisível” de que fala o título é um campo de força gerado por uma máquina que tem o poder de repelir tudo o que estiver na sua frente, incluindo as balas dos revólveres dos policiais. E a princípio a máquina até que funciona. Mas, como acontece com todos os inventos experimentais, seu uso pode ter (e terá) efeitos inesperados.

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O Banquete Dos Metralhas

História dos Irmãos Metralha, publicada uma única vez em 1980.

Apesar de ser “palavra proibida”, estar na cadeia tem seu lado bom: lá, pelo menos, não falta comida. Temos aqui uma situação na qual os bandidos estão passando fome. Tudo o que há para se comer no esconderijo são três feijões (para quatro Metralhas) e uma lata de sardinhas… vazia.

A coisa toda até aqui lembra um pouco o curta de animação “Mickey e o Pé de Feijão”, de 1947, que se inicia com uma situação parecida. Mas as semelhanças terminam por aí: aqui não haverá pé de feijão mágico para escalar, mas sim um plano “espertinho” do Intelectual para organizar um banquete.

O plano nem é assim tão maquiavélico, afinal, e nem envolve (em princípio) ter de roubar ou prejudicar ninguém. Se aproveitando do fato de que é uma sexta feira e é também o dia do aniversário do Vovô Metralha, 13 de agosto (quem diria, o Vovô e o Pato Donald têm algo em comum), o Intelectual resolve organizar um banquete no qual cada convidado traz alguma coisa para comer.

Até aí, o plano parece bastante benigno. Todos comem alguma coisa (e nesse tipo de festa costuma até sobrar comida), e ficam felizes. Especialmente os anfitriões, que não vão doar nada além do espaço. O interessante é que ninguém sabia a data de aniversário do velho Metralha. Também, pudera: papai provavelmente a inventou durante o processo de escrever esta história.

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Convidados todos, os parentes vão chegando para a festa: papai faz questão de reunir aqui o maior número deles possível, alguns até bastante obscuros, e vários deles inventados por papai mesmo em outras histórias. Assim, temos o Metralha Veterano, a Titia Metralha, o Tio Zero, o Primo Brincalhão, o Metralha Cientista, Xerloque Metralha, Doutor Metralha, Bombinha, Dedo Duro, Supersensível, Meio Quilo, Tataravô 0001, e (quem diria) se lembraram de convidar até o Azarado 1313.

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O problema é que todo mundo traz galinha ou frango para comer, todas as aves preparadas de acordo com as mais variadas receitas, de frango assado a torta de galinha. Uma receita citada na história, e da qual papai tinha especial horror (só comia frango se fosse forçado) era o galeto ao molho pardo (se alguém tiver interesse, a receita está aqui. Mas já aviso, não é para os paladares mais sensíveis).

O leitor atento sabe quão “pé de chinelo” a família/quadrilha Metralha é, e já deve estar desconfiando da procedência desse “festival de galináceos” todo. A suspeita se confirma com a chegada do homenageado Vovô, que fugiu da prisão especialmente para a ocasião, seguido, é claro, pela polí – bem, vocês sabem quem.