Esse Primo É Um Estouro

História dos Irmão Metralha, de 1976.

O Primo Bombinha é mais um daqueles personagens criados no exterior e adotados por papai. Além disso, quase todas as histórias brasileiras do personagem também são dele (exatas três, de um total de cinco). Uma particularidade deste membro da família Metralha (e de alguns outros poucos) é que ele não usa um número na camisa, mas sim a palavra “BUM”, como identificação.

Especialista em bombas  e explosivos, e surdo como uma porta por causa do barulho das explosões, ele vai a Patópolis para participar de um plano de assalto à Caixa Forte do Tio Patinhas com o uso de falsos cinturões bomba, perturbadoramente semelhantes aos dos homens-bomba muçulmanos da atualidade.

Incrível, também, como uma imagem dessas podia passar tão facilmente pelo crivo do código de ética. Bons tempos aqueles, nos quais era tão fácil imaginar um homem-bomba como algo “de histórias em quadrinhos”, ou seja, completamente irreal. A simples noção de um terrorista suicida era totalmente fora de qualquer realidade que se conhecia até então, meros três anos antes da revolução que derrubou o Xá da Pérsia e mudou o nome do país para Irã, com a instituição do governo islâmico.

Metralha bombinha

(Voltando à história em quadrinhos.) Como sempre, o plano é até bom, e tudo vai dando certo… até a metade do caminho. Também como sempre, eles acabam cometendo um erro bobo e o Patinhas, que é muito observador, acaba descobrindo qual é o truque. Além disso, a presença do Metralha Azarado 1313 não ajuda nem um pouco.

Metralha bombinha1

Nem é preciso dizer como a história termina, não é? Com todo mundo preso, e na mesma cela, ainda por cima. Mas até eles finalmente irem para a cadeia, provarão ao leitor, mais uma vez, que o crime não compensa.

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O Banquete Dos Metralhas

História dos Irmãos Metralha, publicada uma única vez em 1980.

Apesar de ser “palavra proibida”, estar na cadeia tem seu lado bom: lá, pelo menos, não falta comida. Temos aqui uma situação na qual os bandidos estão passando fome. Tudo o que há para se comer no esconderijo são três feijões (para quatro Metralhas) e uma lata de sardinhas… vazia.

A coisa toda até aqui lembra um pouco o curta de animação “Mickey e o Pé de Feijão”, de 1947, que se inicia com uma situação parecida. Mas as semelhanças terminam por aí: aqui não haverá pé de feijão mágico para escalar, mas sim um plano “espertinho” do Intelectual para organizar um banquete.

O plano nem é assim tão maquiavélico, afinal, e nem envolve (em princípio) ter de roubar ou prejudicar ninguém. Se aproveitando do fato de que é uma sexta feira e é também o dia do aniversário do Vovô Metralha, 13 de agosto (quem diria, o Vovô e o Pato Donald têm algo em comum), o Intelectual resolve organizar um banquete no qual cada convidado traz alguma coisa para comer.

Até aí, o plano parece bastante benigno. Todos comem alguma coisa (e nesse tipo de festa costuma até sobrar comida), e ficam felizes. Especialmente os anfitriões, que não vão doar nada além do espaço. O interessante é que ninguém sabia a data de aniversário do velho Metralha. Também, pudera: papai provavelmente a inventou durante o processo de escrever esta história.

banquete

Convidados todos, os parentes vão chegando para a festa: papai faz questão de reunir aqui o maior número deles possível, alguns até bastante obscuros, e vários deles inventados por papai mesmo em outras histórias. Assim, temos o Metralha Veterano, a Titia Metralha, o Tio Zero, o Primo Brincalhão, o Metralha Cientista, Xerloque Metralha, Doutor Metralha, Bombinha, Dedo Duro, Supersensível, Meio Quilo, Tataravô 0001, e (quem diria) se lembraram de convidar até o Azarado 1313.

banquete1

O problema é que todo mundo traz galinha ou frango para comer, todas as aves preparadas de acordo com as mais variadas receitas, de frango assado a torta de galinha. Uma receita citada na história, e da qual papai tinha especial horror (só comia frango se fosse forçado) era o galeto ao molho pardo (se alguém tiver interesse, a receita está aqui. Mas já aviso, não é para os paladares mais sensíveis).

O leitor atento sabe quão “pé de chinelo” a família/quadrilha Metralha é, e já deve estar desconfiando da procedência desse “festival de galináceos” todo. A suspeita se confirma com a chegada do homenageado Vovô, que fugiu da prisão especialmente para a ocasião, seguido, é claro, pela polí – bem, vocês sabem quem.