Os Profissionais Sem Classe

História do Superpateta, de 1975.

Desta vez os Profissionais Sem Classe declaram a que vieram: o objetivo de seus planos maléficos é nada mais nada menos do que a conquista do mundo.

Mas para que essa megalomania possa se tornar realidade, antes eles precisam derrotar o Superpateta. E para lutar contra um super herói, eles armam um super plano composto de várias super armadilhas sucessivas. Tudo nesta história é “super”, e ao longo das primeiras duas páginas o leitor pode até ficar preocupado. Será que o herói conseguirá escapar? E de que modo?

Como é costume de papai em histórias com múltiplos personagens, e especialmente vilões como os Sete Anões Maus e os próprios Profissionais Sem Classe, ele dá um jeito de citar ao longo das páginas todos os nomes de todos os envolvidos, de preferência em conexão com suas características principais, para que o leitor possa saber quem é quem e o que cada um faz.

Profissionais sem classe

A ideia dos vilões é vencer o super pelo cansaço, mas na verdade o máximo que os bandidos conseguem é fazer o nosso herói ficar resfriado. E isso, é claro, vai ser a ruína deles. O super espirro de um super herói super resfriado é uma força com a qual não se brinca, além de produzir uma piada em série das mais hilárias.

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Enquanto isso, meu plano de dominação do mundo começa com minha biografia de papai, que está à espera de vocês nas melhores livrarias, não percam:

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Experiência Anterior

História do Ronrom, publicada pela primeira vez em 1974.

Donald e Peninha são despedidos de A Patada pela enésima vez e, para tentar garantir o “peixinho de cada dia”, o gato Ronrom decide ajudá-los a conseguir um novo emprego, sempre em empresas que interessam a ele: uma peixaria, um frigorífico, e até mesmo no aquário municipal (já no desespero).

Ele só não gosta quando os dois patos vão tentar um emprego de leiteiro. Tudo o que ele não quer é mais leite. O interessante é o pato Peninha declarar que tem experiência com leite “desde nenenzinho”. Pato bebe leite? (Eu sei, eu sei… Eles são gente em forma de pato, não patos em forma de gente.)

P&D experiencia

Mas sem experiência nada feito em empresa alguma (e após uma série de recusas e demissões-relâmpago hilárias), só resta aos patos voltarem para A Patada, já que todo mundo conhece o esquema: eles são demitidos frequentemente, dão um “rolê” pela cidade aprontando confusões, e logo são readmitidos. Mais do que em jornalismo, é nisso que eles têm experiência.

Nesta história aprendemos qual é exatamente a função do Donald dentro do jornal do Tio Patinhas. Além de todas as funções que divide com o primo abilolado, como repórter (na maioria das vezes fotográfico), faxineiro e todo o resto, ele é o editor do jornal.

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No final o leitor não fica sabendo qual foi o teor da matéria tão “ofensiva” do Peninha que levou a mais esta demissão dos dois, e na verdade nem vem ao caso, mas esta é mais uma parte importante da graça da história toda. E o que dizer do Peninha, sempre um pato tão da paz, nesse nervoso todo? A coisa deve ter sido realmente grave.

E não se esqueçam de dar uma passadinha lá no site da Editora Marsupial e reservar o seu exemplar do meu livro sobre papai: http://www.lojamarsupial.com.br/ivan-saidenberg-o-homem-que-rabiscava

O lançamento oficial está previsto para janeiro, e logo ele estará também numa livraria próxima de você.

O Congresso De Super-Heróis

História do Morcego Vermelho, publicada pela primeira vez em 1975.

O nosso herói volta a Patópolis de uma viagem e se depara com uma convenção de super heróis, que está sendo organizada pelo Patacôncio e seu jornal, A Patranha.

Logo de cara, uma caricatura de papai aparece no primeiro quadrinho, como se fosse a “assinatura” dele:

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A ideia da convenção de heróis não é má. Nem é um golpe do Patacôncio, que no início, pelo menos, tinha planos de desmascarar o Morcego Vermelho. O problema é que a presença de muitos “supers” em Patópolis logo atrai a atenção dos bandidos da Classe dos Profissionais Sem Classe, que planejam roubar os poderes dos supers com uma máquina do mal e depois usar esses poderes para se tornarem super bandidos.

A graça começa com os heróis que vêm chegando, tanto da própria Patópolis, a exemplo do Superpateta, como de outras cidades: o Homem Múltiplo, de Multiplópolis (repita três vezes, bem rápido), o Minhocão, de Minhocópolis, e outros não menos curiosos, como o Mosquito Elétrico (apelido comum naqueles tempos para crianças pequenas e magrinhas que não paravam quietas).

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Interessante é o herói chamado Abutre Voador, de Urubusópolis… Ele lembra alguém muito conhecido, não é mesmo?

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Enfim: o grande desgosto do Morcego Vermelho é não ter super poderes, e seu maior sonho é ter alguns, como voar, ver através de paredes, ou ter uma super audição. Mas o que parece ser uma desvantagem, aqui acaba virando uma vantagem. Por não ter super poderes para serem roubados, ele acaba sendo o herói mais indicado para salvar a festa, ganhando inclusive a admiração e a gratidão do Patacôncio, que aqui, curiosamente, é colocado num papel positivo, sem nenhuma menção à rivalidade com o Patinhas e A Patada. Será este o fim das tentativas de desmascarar o Morcego?

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E o melhor de tudo é que nesta história papai “empresta” ao Morcego Vermelho todos os poderes possíveis, e este aproveita para fazer uma pequena festa com eles, antes de devolvê-los aos seus legítimos donos. Afinal, mais vale um gosto do que três vinténs, e o criador sabe ser generoso com suas criaturas.

O Grande Jogo

História sobre “como não se joga futebol”, de 1975.

Futebol é o esporte nacional, jogado por todos em todos os lugares do país, desde nos campos profissionais até nas mais amadoras várzeas. Assim, parece natural que se jogue futebol também no pátio das prisões brasileiras, e na prisão de Patópolis não é diferente.

Aqui temos uma partida entre os Irmãos Metralha e a Classe dos Profissionais Sem Classe. Uma vez que todos os personagens principais são vilões, é claro que a coisa toda não pode dar certo. “Escalado” para ser o juiz de um jogo “barra pesada” temos, novamente, o João Bafo de Onça, que já foi árbitro de um jogo do Zé Carioca.

Semelhante às histórias das bruxas, a trama aqui é cheia de inversões de valores, como se a cultura e forma de pensamento dos vilões fossem exatamente o contrário das que nós, pessoas boas, temos. Desse modo, o juiz entra em campo aos gritos de “ladrão” das arquibancadas, crente de que está abafando. Além disso, as regras do jogo lembram as do boxe: pancadas abaixo da linha da cintura são proibidas.

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As trapaças abundam, como o juiz comprado (pelos dois times), a bola “roubada” pelo Vovô Metralha, literalmente (que a rouba e depois esquece), a viseira do Primo Cientista e até o “gol de bengala” do Vovô, entre outras maluquices. Cada personagem usa algum atributo ou característica sua para sua vantagem, ou para simplesmente trapacear. Há até quem fique feliz em ser expulso do jogo, e depois desapontado ao ver que está sendo devolvido à cela.

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Já o Vovô lembra com saudades das bolas de capotão, que foram as primeiras bolas de futebol já feitas, com gomos de couro e câmara de ar de bexiga de boi. Certamente, uma lembrança da sua juventude.

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É claro que um jogo desses não pode terminar bem. Na verdade, ele nem termina direito. Mas a decisão do campeonato da penitenciária precisa acontecer, e a direção do presídio encontra uma solução criativa, que envolve outra “modalidade” do esporte que apresenta menos risco de dar em confusão.

Interessante é a participação de Metralhas “pouco comuns”, como o Tio Zero, o Supersensível 666 e até mesmo o Primo Cientista, todos eles personagens estrangeiros carinhosamente “resgatados” e “adotados” por papai.

A Classe Dos Profissionais Sem Classe

História do Superpateta de 1975.

Desta vez, papai inventa toda uma turma de vilões, organizados em uma espécie de sindicato ou organização com o objetivo de se contrapor ao Superpateta. Ele inclusive deixou anotado a lápis, no quadrinho de apresentação da turma, os respectivos nomes e especialidades dos bandidos. Fiz até um scan com uma resolução um pouco melhor, que é para ver se dá para ler:

Prof sem classe

São eles: Dr. Estigma (presidente), Dr. Enigma (expulso do grupo), Dr. Temporal (especialista em refrigeração), Dr. Espectro (iluminação), Dr. Estelionato (falsificação), Dr. Zung (química), Dr. Mefisto (plásticos), Dr. Arrasarrasa (física), Dr. Biguebem (barulho), Dr. Morsa (armas), Dr. Calunga (mágica), e Dr. Versejão (também conhecido como Dr. Vivaldo).

Alguns deles foram pegos “emprestados” das histórias de outros heróis, como o Dr. Zung, originalmente um adversário do Morcego Vermelho inspirado em Dr. Jekyll e Mr. Hyde. O Morsa é inspirado em “A Morsa e o Carpinteiro” de Alice no País das Maravilhas. O nome “Temporal” tem algo a ver com tempo, ou clima. “Espectro” é uma referência ao “espectro solar”, resultado da “quebra” da luz branca nas sete cores do arco íris com a ajuda de um prisma. Diz-se que Isaac Newton, que fez a proeza pela primeira vez, achou que estava vendo um fantasma, e daí chamou a coisa toda de “espectro”. “Mefisto” é uma referência ao Diabo da tradição Cristã. De que modo isso estaria ligado a plásticos é um mistério para mim. “Biguebem” é uma referência ao Big Ben, que é o nome do sino do relógio (não do relógio, mas sim do sino, esse é o detalhe) que fica na torre do Palácio de Westminster, e que é um dos símbolos da Inglaterra. “Calunga” é um nome que vem da cultura afrobrasileira, e por isso está relacionado à mágica. E finalmente “Versejão” é um poeta sem inspiração. Versejar é fazer maus versos.

Os malvados colocam em prática um elaborado plano para atrair o herói até o esconderijo deles, onde planejam acabar com ele.

Mas a coisa não é assim tão fácil. Primeiro, o simples Pateta é um pouco, digamos “simples” demais, e demora a “se tocar” de que a poluição sonora que se abateu sobre Patópolis – na forma do toque de um sino super amplificado – precisa receber a atenção do Superpateta.

Prof sem classe pateta

A intenção de papai, certamente, era fazer com que o leitor ficasse angustiado com a burrice do Pateta, e torcendo pelo momento no qual ele iria finalmente se transformar e começar a investigar a coisa toda.(Aliás, note-se a sacola de compras na mão do Pateta, que saiu para comprar comida. Ele é um consumidor consciente, muito antes disso existir).

E quando o Super finalmente chega ao esconderijo dos vilões, a “poderosa” arma que eles prepararam não faz o efeito desejado, mas é o suficiente para ele finalmente perceber que alguém está tentando acabar com ele. Daí para a espetacular prisão dos bandidos é um pulo.

São tantos, e tão maus, especialistas nas mais diferentes ciências e artes malignas, mas na “hora do vamos ver” não dão nem para a saída. O bem venceu novamente, e com um pé nas costas.

Já passou pelo site da Marsupial Editora? O livro “de papai” sobre a História dos Quadrinhos no Brasil está lá esperando.