História do Homem Pássaro, escrita em fevereiro de 1977 e publicada pela Editora Abril em novembro do mesmo ano na revista Heróis da TV número 30.
Nosso herói é atraído a uma ilha deserta pela Medusa, sua arqui-inimiga, que tem (para variar) a intenção de matá-lo, desta vez com uma arma de raios absorventes de energia solar.
A inspiração, aqui, parece vir de um velho ditado popular de inspiração bíblica (Apocalipse 13:10, Mateus 26:52): “quem com ferro fere, com ferro será ferido”. (Ou como se dizia, brincando, em Campinas naqueles tempos: “quem com ferro fere, conferido será ferrado”).
A Medusa tentará assassinar o Homem Pássaro sem rodeios, sem jogos, sem armadilhas e sem delongas. É a versão espacial de uma execução sumária a mão armada. Sendo assim o herói, por sua vez, terá o privilégio de assistir à destruição da vilã.
É claro que ele, como o bonzinho da história, não poderá simplesmente tomar a arma da mão dela e matá-la. Isso não é algo que heróis fazem. Por isso, papai lança mão de um “personagem” inesperado, mas que já estava na história desde o primeiro quadrinho, para não deixar pontas soltas: o vulcão da ilha (não é à toa que ela está deserta, afinal), que explodirá no momento exato, quando tudo já estiver parecendo perdido.
Em todo caso, a história termina de um modo levemente diferente da maioria das outras do tipo: como todo bom monstro da ficção, a ela será dada a possibilidade de voltar, quem sabe, um dia. Por isso, ao invés de “fim”, o que temos ao pé do último quadrinho é um enigmático “será?”.
A tradição das histórias em quadrinhos nos diz que o herói, qualquer que seja ele, não pode morrer. Esse seria o fim definitivo de suas aventuras, o que deixaria muitos leitores decepcionados. Mas a verdade é que o vilão supremo também não pode. Há vilões “menores”, que vêm e vão, mas sempre há aquele sem o qual a própria existência do herói não teria sentido.
A Medusa parece ser um desses monstros indispensáveis. Por isso, matar a vilã definitivamente seria uma verdadeira ousadia por parte do autor. Afinal, quem é o leitor que nunca torceu justamente por isso?
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