Nos tempos de criança de papai, quando ele morava na fazenda, o povo do interior costumava se reunir na praça para conversar, e se divertia contando vantagens principalmente sobre dois tipos de atividades que eram comuns entre o povo do campo naquela época: a caça e a pesca.
Dentre as caçadas, as mais perigosas, que exigiam mais coragem do caçador, eram certamente as de onças. Era uma tradição que vinha desde os tempos da colonização, quando o “espírito” da onça, sua força e ferocidade, era uma parte importante da cultura indígena.
Esta história do Zé Carioca publicada em 1978 é uma típica lorota de caçador de onças. Pois, afinal, “quem conta um conto aumenta um ponto”, e não raro essas histórias de caçador continham muitos exageros dos fatos reais, ou eram totalmente inventadas. Quem não conhece, por exemplo, a história de pescador “daquele peixe que escapou”, que era deeeesse tamanho? Então:
O fato é que o Zé Queijinho, primo mineiro do Zé Carioca, está às voltas com uma enorme onça que está tentando transformar a cabra Gabriela em jantar.
Outro fato é que, enquanto o Nestor e o Zé Queijinho tentam manter a onça afastada, o Zé Carioca passa a história inteira desmaiando de medo a cada vez que ouve alguém pronunciar a palavra “onça”.
E a graça da história toda é essa: seria apenas mais uma “história de onça”, se não fosse a “valentia” do personagem que deveria ser o protagonista.
Mas é claro que, uma vez de volta ao Rio de Janeiro, a história que o Zé conta para a Rosinha é bem outra, para a surpresa e indignação do Nestor.