Mistério À Paulista

História do Zé Carioca, de 1973.

As primeiras histórias do Zé são caracterizadas pela falta de outros personagens para contracenar com ele. Papai ia inventando um figurante aqui, outro ali, todos muito interessantes, mas sempre “personagens de uma história só”.

Quando o Canini inventou o Zé Paulista, papai viu nele uma bela oportunidade de diversificar os personagens e ao mesmo tempo tornar as aventuras menos aleatórias, com um grupo mais ou menos fixo de coadjuvantes.

Nesta história a Vila Xurupita ainda não existia, e vemos que o Papagaio Verde mora em um casebre com endereço e tudo, à Rua da Dureza, número 25-A. Coincidentemente ou não, “25A” é um grau de dureza de materiais na “escala Shore“, e equivale a plásticos moles, como borrachas, por exemplo. Seria esta uma sutil indicação de que a vida do nosso amigo malandro não é assim tão dura, afinal?

O nome da história é tanto uma referência ao primo Zé Paulista quanto a um prato típico da culinária do Estado de São Paulo, o “Virado à (moda) Paulista”, e a trama em si é um mistério policial bastante parecido com a dos “Herdeiros Trapaceiros”, já comentada aqui, e que foi a segunda história do Zé Paulista, e primeira de papai. Esta é a terceira, e a segunda de papai para o personagem.

Chamado às pressas pelo primo e seguido o tempo todo por misteriosas figuras vestidas de preto que tentam atrapalhar, em meio a pistas falsas e personagens que não são o que parecem ser, o Zé Carioca vai exercitando os seus dotes de detetive, que seriam úteis no futuro para a “Agência Moleza de Detetives”.

Sujo por causa da acidentada viagem até o circo do primo, o Zé vai tomar um banho antes de mais nada, e assim somos brindados com mais um “nu implícito” do papagaio. Isso era algo que papai gostava de fazer, com a cumplicidade de seus desenhistas, para brincar com o puritanismo das regras da Disney. Em 1977 ele voltaria a criar uma cena de nudez para o personagem na história “Zé Crusoé”, também já comentada aqui.

ZC misterio

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