Esse Cara É Um Gênio

História do Zé Carioca, de 1981.

Quando as histórias do Zé produzidas no Brasil começaram a ser republicadas no exterior, de repente alguém aqui na redação da Editora Abril teve uma crise de desconforto em mostrar “ao mundo” favelas e mais favelas no Rio de Janeiro.

Assim, foi resolvido que a turma do Morro do Papagaio deveria passar a morar em um bairro popular, um conjunto de casinhas simples, humildes, mas “arrumadinhas”. O problema é que uma mudança radical dessas não poderia ser feita sem uma boa explicação, por mais mirabolante que fosse.

É aqui que entram papai e um seu personagem de 1978, o “Eugênio, o Gênio”. Apesar da confusão na primeira história da turma com o personagem, o Zé é tão gente boa que acaba libertando o ser sobrenatural de sua condição de servir a amos e realizar desejos. Eles se separam como amigos, agora é a hora de o Gênio voltar e retribuir o supremo favor.

Mas é claro que ele não vai simplesmente “chegar chegando”, mesmo na hora de maior “aperto” da turma, que está toda morando em baixo de uma ponte. Para começar, a “demolição” do Morro do Papagaio mencionada pelo Zé para a construção de um espigão é uma referência a uma música de Adoniran Barbosa, chamada “Saudosa Maloca“.

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De resto, aqui haverá uma espécie de rompimento com as “regras da magia” dos quadrinhos que proíbem que os personagens tenham algum ganho material com o uso de poderes sobrenaturais de qualquer natureza. Desta vez a coisa é séria, a situação é crítica, e os personagens são merecedores. Mas há também outro problema: eles já gastaram todos os seus desejos, e não podem pedir mais nada. Se algo for acontecer, terá de partir do gênio, e de mais ninguém.

Eles são pessoas tão boas que, mesmo em seu pior momento, alegremente dividem o pouco que têm com o velho gênio, que parece ter perdido os seus poderes.

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Isso, é claro, é um teste, como no conto de fadas da velhinha que aparece mendigando um pouco de água na beira de um poço, somente para cobrir de bênçãos a quem a atender, e de maldições aos que a maltratarem.

Assim que o gênio se certifica da situação difícil na qual a turma se encontra, uma série de boas coincidências começa a acontecer. Elas vão se repetindo em uma espiral crescente, que culmina com a aparição de um bilhete de loteria premiado que vem boiando na água de um córrego próximo.

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De acordo com a Lista de Trabalho, uma história de uma página chamada “Zé Da Loteca“, publicada na mesma revista, também parece ser de papai. O título de trabalho era “Zé e a Loteca”, e no Inducks não há mais nada de uma página remotamente parecido com algo do tema creditado a ele, nem a ninguém. Então, pela lógica, esta é mais uma “história perdida” que está sendo reencontrada agora.

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O Sumiço Dos Herdeiros

História do Zé Carioca, de 1975.

Estamos novamente na ilha-fortaleza do Coronel Zé Do Engenho, para mais uma “sessão mistério” inspirada em antigas histórias de terror e clássicos da literatura do gênero policial. Esta é a continuação da história chamada “Herdeiros Trapaceiros”, já comentada neste blog.

Como já foi explicado, e vemos novamente aqui, o acesso à casa é restrito e perigoso. O rio que cerca a ilha é infestado de piranhas e jacarés, e o acesso se dá por avião e barco. É impossível sair ou entrar sem permissão ou sem ser percebido.

Esse tipo de fortaleza tem uma grande desvantagem, que reside justamente no acesso difícil. Se o ocupante do lugar é realmente quem de direito, então tudo bem. Mas se inimigos ardilosos conseguirem se infiltrar, o local acaba se transformando em uma perigosa armadilha.

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O interessante é ver que papai imprime a cada um dos primos do Zé uma personalidade diferente. Assim, além de “especialista em café”, o Zé Paulista é o certinho da turma, sempre querendo fazer as coisas direito, como usar o telefone para chamar a polícia, o que não será possível, é claro. Outro primo de personalidade forte é o corajoso Zé Pampeiro, que é quem vai acabar bancando o detetive e descobrindo a solução do mistério.

Já o Zé Carioca, personagem principal da trama, vai passar a história inteira “desaparecido”. À medida que o mistério se aprofunda todos os que não estão na sala no primeiro quadrinho se tornam suspeitos, a começar com a Dona Currupaca, que logo na primeira página serve um café “esquisito” e em seguida some. Será que ela colocou alguma coisa na bebida? E será mesmo que todos os presentes na primeira cena são mesmo inocentes? Será que todo mundo ali é mesmo quem diz ser?

E cadê o Zé, afinal? Terá ele sido a primeira vítima dos vilões, fugido de medo (todo mundo sabe que ele não é nada destemido), ou será ele mesmo o vilão? Será que ele realmente teria a coragem de se voltar contra a própria família? E quem está dentro da armadura medieval, em nome de tudo o que é mais sagrado??? (Lembrando que a armadura já aparece logo no primeiro quadrinho, o que poderia livrar o personagem oculto de culpa, mas a atitude furtiva de seu ocupante não o isentará lá muito aos olhos do leitor transformado em detetive.)

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Com o passar das páginas essas perguntas todas serão respondidas, enquanto a perseguição dos vilões à família de papagaios vai se tornando cada vez mais explícita e o embate entre os bons e os maus cada vez mais direto, até o confronto final.

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Dançando na Corda Bamba – Inédita

História do Zé Carioca, criada em 17 de maio de 1993 e nunca publicada.

De todos os planos do Zé Carioca para levantar uma graninha com pouco esforço, este é certamente o “menos honesto”, e isso dá a esta história um estilo um pouco mais “alternativo” do que à maioria das outras criadas por papai.

É provavelmente por isso mesmo que ela nunca foi comprada, nem na primeira e nem na segunda vez em que foi apresentada à turma da Abril.

Mas, como diziam os antigos, “a mentira tem asas, mas tem pernas curtas, e a verdade é uma velhinha que mora no fundo de um poço”. Quando a verdade finalmente consegue sair do poço, sempre escalando as paredes com muito esforço, a mentira perde suas asas e, por ter pernas curtas, não consegue mais fugir.

A trama de hoje, mais do que ser somente sobre o plano do Zé, é inspirada por um antigo samba de Ismael Silva chamado “Antonico“. O nosso anti-herói canta a primeira estrofe todinha na primeira página. “Dançar na corda bamba” era uma antiga gíria que queria dizer “passar por grandes dificuldades na vida”.

Já a cena mais engraçada desta história certamente está na página 05: os Anacozecos não apenas nunca conseguiram cobrar o Zé, como desta vez darão dinheiro (!) a ele. No final, é tudo um grande elogio e uma homenagem ao Nestor, o amigo fiel para todas as horas, pois aqui vemos o quanto ele é querido por todos na Vila Xurupita.

O Nestor é, aliás, tão “boa praça” que em momento algum nesta história fica bravo com o Zé por causa da trapaça que o papagaio tentou aprontar.

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Mistério À Paulista

História do Zé Carioca, de 1973.

As primeiras histórias do Zé são caracterizadas pela falta de outros personagens para contracenar com ele. Papai ia inventando um figurante aqui, outro ali, todos muito interessantes, mas sempre “personagens de uma história só”.

Quando o Canini inventou o Zé Paulista, papai viu nele uma bela oportunidade de diversificar os personagens e ao mesmo tempo tornar as aventuras menos aleatórias, com um grupo mais ou menos fixo de coadjuvantes.

Nesta história a Vila Xurupita ainda não existia, e vemos que o Papagaio Verde mora em um casebre com endereço e tudo, à Rua da Dureza, número 25-A. Coincidentemente ou não, “25A” é um grau de dureza de materiais na “escala Shore“, e equivale a plásticos moles, como borrachas, por exemplo. Seria esta uma sutil indicação de que a vida do nosso amigo malandro não é assim tão dura, afinal?

O nome da história é tanto uma referência ao primo Zé Paulista quanto a um prato típico da culinária do Estado de São Paulo, o “Virado à (moda) Paulista”, e a trama em si é um mistério policial bastante parecido com a dos “Herdeiros Trapaceiros”, já comentada aqui, e que foi a segunda história do Zé Paulista, e primeira de papai. Esta é a terceira, e a segunda de papai para o personagem.

Chamado às pressas pelo primo e seguido o tempo todo por misteriosas figuras vestidas de preto que tentam atrapalhar, em meio a pistas falsas e personagens que não são o que parecem ser, o Zé Carioca vai exercitando os seus dotes de detetive, que seriam úteis no futuro para a “Agência Moleza de Detetives”.

Sujo por causa da acidentada viagem até o circo do primo, o Zé vai tomar um banho antes de mais nada, e assim somos brindados com mais um “nu implícito” do papagaio. Isso era algo que papai gostava de fazer, com a cumplicidade de seus desenhistas, para brincar com o puritanismo das regras da Disney. Em 1977 ele voltaria a criar uma cena de nudez para o personagem na história “Zé Crusoé”, também já comentada aqui.

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Depenados em Santos

Esta história é minha, e não de meu pai. É uma história Disney inédita, que provavelmente vai ficar sem chance de publicação por algum tempo.

A ideia é do Paulo Maffia, que uma vez disse que gostaria de ver uma história do Zé Carioca passada em Santos, no litoral de São Paulo. Como eu também moro por aqui, achei que poderia escrevê-la com autenticidade suficiente. As piadas da “média” e do canal são sugestão dele, aliás.

Já outras coisas, como o Leão da Praia, vêm das minhas lembranças de infância. Alguns amigos meus do litoral também são mencionados ao longo dos quadrinhos. Alguns são mais óbvios, outros menos, mas não vou explicar demais esta parte. Vocês sabem quem vocês são.

Meu muito obrigada (mais uma vez) a Primaggio Mantovi, que teve a delicadeza de ler e comentar o meu texto, me ajudando a identificar e corrigir alguns erros e aperfeiçoar a trama.

É só texto, sem desenhos, mas é uma amostra de como se faz uma história em quadrinhos quando não é preciso (ou o autor não sabe direito, como eu) desenhar. Apesar de saber desenhar, papai muitas vezes também escreveu HQs desta maneira.

 

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Um Paulista Na Corte Do Rei Momo

História do Zé Carioca, publicada pela primeira vez em 1973.

A três dias do Carnaval, o Zé Paulista chega à rodoviária já procurando onde comprar ingressos para o famoso Baile de Gala Oficial da cidade, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro.

É realmente a primeira visita do papagaio paulista ao Rio, já que ele foi criado por Renato Canini em 1971, e esta é apenas a quarta história do personagem. As outras duas histórias, que separam a do Canini desta, também são de meu pai.

O Baile do Municipal, como era chamado coloquialmente, foi o maior acontecimento do Carnaval do Rio de Janeiro desde sua criação, em 1932, e até 1975, quando os peritos concluíram que o som estava prejudicando as estruturas do edifício histórico, e ele precisou mudar de local.

Todo mundo que queria ser alguém no Carnaval do Rio não poderia faltar. O baile era frequentado por artistas, políticos, diplomatas, e todos os tipos de gente rica e influente. Estar lá dentro significava pertencer à mais alta sociedade, e por isso ninguém queria ficar de fora. O concurso de fantasias, por exemplo, era um luxo só, com plumas e pedrarias de deixar no chinelo os mais luxuosos destaques dos carros alegóricos de hoje em dia.

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Por isso não admira que o Zé Paulista, bem sucedido empresário circense, ache que lá é o lugar para estar, uma vez no Rio. Mas o Zé Carioca, humilde pobretão, nunca sonharia sequer chegar perto de um lugar tão nobre. Em todo caso, para não deixar a peteca cair, o papagaio malandro desvia sutilmente a atenção do primo paulista que, de tão entusiasmado em participar de um desfile de verdade pelas ruas do Rio, nem percebe que não está, exatamente, na “Av. Marquês de Sapecaí”.

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A letra “Tengo Tengo, Santo Antônio e Chalé” vem do samba enredo da Escola de Samba Acadêmicos do Salgueiro de 1972, e estava no auge da popularidade quando esta história foi escrita.

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E haja entusiasmo! O Zé Paulista mergulha de cabeça no espírito da festa, para a diversão do leitor. Afinal, seja no luxo do Theatro Municipal ou no humilde “Clube Municipal” no Morro do Papagaio, o Maior Carnaval do Mundo é um só, e acontece no Rio de Janeiro.

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Os Meninos Do Circo

História de Zico e Zeca, de 1984.

Esta história é para quem conhece a fundo os personagens da turma do Zé. É também uma das poucas onde os sobrinhos do papagaio são protagonistas, sem ficar à sombra do tio o tempo todo. O Zé só vai aparecer na última página.

A vida em família às vezes não é fácil. São muitas as responsabilidades e obrigações chatas, como arrumar a própria cama, tomar banho todo dia, escovar os dentes após as refeições, ir à escola, fazer lição de casa… Às vezes, essa rotina toda é maçante demais para certas crianças, e fantasias de “liberdade”, como fugir de casa, costumam ser comuns.

Fugir com o circo era, no tempo em que os circos percorriam o País de cidade em cidade e costumavam ser a principal (ou mesmo única) diversão de comunidades inteiras, o mais comum desses “planos de fuga”. O circo parecia seguro e divertido, uma comunidade de artistas onde se podia trabalhar, ter alimentação e moradia garantidas, e ainda por cima viajar e assistir as apresentações de graça. Não se poderia querer coisa melhor, não é mesmo?

Mas será que é assim tão vantajoso, no final das contas? O trabalho em um circo parece ser divertido, mas também pode ser muito pesado. E no tempo em que os circos usavam animais em suas apresentações, eles poderiam ser bastante intratáveis, colocando à prova as capacidades de qualquer candidato a tratador.

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Além disso, nada justifica que uma criança abandone a escola, seja por que motivo for. Ser obrigado a fazer lição de casa não é desculpa. E, é claro, nenhum dono de circo que tivesse um cérebro entre as orelhas levaria dois meninos embora com ele, o que nos remete ao dono deste circo em particular. A pista sobre quem é ele está na placa acima da porta do carroção, e na verdade em vários outros lugares, mas só os fortes entenderão. Sutileza, aliás, é tudo nesta história.

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Já leste o meu livro? Quem ainda não leu está convidado a conhecer minha biografia de papai, à sua espera nas melhores livrarias.

Marsupial: http://www.lojamarsupial.com.br/ivan-saidenberg-o-homem-que-rabiscava

Comix: http://www.comix.com.br/product_info.php?products_id=23238

Cultura: http://www.livrariacultura.com.br/p/ivan-saidenberg-o-homem-que-rabiscava-15071096

Monkix: http://www.monkix.com.br/serie-recordatorio/ivan-saidenberg-o-homem-que-rabiscava-serie-recordatorio.html

Herdeiros Trapaceiros

História do Zé Carioca, de 1972.

Retirados, obviamente, os aspectos mais macabros da história, esta é mais uma adaptação de romances de mistério como “O Caso dos 10 Negrinhos”, de Agatha Christie. Pode-se dizer também que esta é uma adaptação para os quadrinhos Disney de “O Carrasco”, história de terror de 1961 já comentada neste blog.

Além disso, este é um tema ao qual papai voltaria em 1984 com a história “O Caso das Quatro Manchas”, também já comentada por aqui, e em 1975 com “O Sumiço Dos Herdeiros”, que é uma espécie de continuação da história de hoje, e que comentarei em outra oportunidade.

O cenário não poderia ser mais clássico, com ilha deserta, mansão com aparência de assombrada, local distante e de difícil acesso, atmosfera lúgubre e um apanhado de herdeiros que mal se conhecem. Entre eles, temos várias primeiras aparições: o próprio Coronel Zé do Engenho, e os primos Zé Jandaia e Zé Pampeiro, além do advogado e do mordomo, e do cão chamado Fera, o guardião do casarão.

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Dos personagens que não foram criados por papai, o Nestor faz uma pontinha no final, e esta é a segunda aparição do Zé Paulista, que foi “adotado” diretamente de “O Leão Que Espirrava” de Renato Canini, publicada no ano anterior.

Todos os clichês desse tipo de história se aplicam, incluindo os quadros nas paredes cujos olhos parecem se mover, ou seguir as pessoas pela sala, muito usados em antigos filmes de terror.

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Mais menções às histórias da literatura nas quais ele se inspirava podem ser lidas na minha biografia de papai, que está à espera de vocês nas melhores livrarias, não percam:

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Monkix: http://www.monkix.com.br/serie-recordatorio/ivan-saidenberg-o-homem-que-rabiscava-serie-recordatorio.html

Férias No Rio

História do Zé Carioca, de 1979.

De vez em quando, os parentes “regionais” do Zé Carioca resolvem visitá-lo. Todos juntos. Ao mesmo tempo. E ainda por cima sem combinar nada, nem com o Carioca, e nem entre si. Eles vão chegando, um de cada vez, em rápida sucessão. É uma coisa que acontece meio que por acaso, meio que por sincronicidade.

Pior: se acomodam no casebre do primo quase sem pedir licença e sinceramente esperam dele (que nunca tem dinheiro nenhum) que os hospede na casinha feita de caixas de sabão (onde mal cabe um papagaio só, o que dirá meia dúzia) e alimente por um mês inteiro. E agora, José?

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Mais do que o aparecimento das visitas (cada novo Zé adicionando um pouco mais de complicação à trama), a graça da história fica por conta das tentativas desastradas do Carioca de se livrar das visitas inconvenientes, mas com o cuidado de não parecer rude, para não ofender os parentes. Assim, ele vai inventando desculpa atrás de desculpa, e a cada uma delas se complica mais.

A solução da história amarra as pontas soltas do tema “férias no Rio” de maneira surpreendente, mas se eu contar, perde a graça. Esta história (e as outras que eu comentei esta semana, e mais algumas que já foram comentadas neste blog) pode ser lida no mais recente Almanaque do Zé Carioca (Edição 24), o que traz o Zé na rede amarrada ao coqueiro na capa, e que ainda deve estar nas bancas na região sudeste.

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E o meu livro, não esqueça de dar uma olhadinha na biografia do Mestre Ivan Saidenberg, e quem sabe levá-la para casa.

Marsupial: http://www.lojamarsupial.com.br/ivan-saidenberg-o-homem-que-rabiscava

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Um Natal Inesquecível

História do Zé Carioca, de 1974.

É véspera de Natal, o Zé como sempre está sem dinheiro nenhum, e seus primos regionais de repente começam a aparecer do nada para passar as festas com ele. E agora, José?

Um por um, vão chegando Zé Queijinho, Zé Paulista, Zé Jandaia e Zé Pampeiro, cada um trazendo uma árvore de Natal de presente. Quer dizer, todos, menos o Zé Pampeiro, que trouxe DUAS árvores de Natal. Todas pinheiros naturais, menos a do Zé Paulista, que é artificial, mas pelo menos já veio com os enfeites. Mas como o Zé queijinho trouxe a cabra Gabriela, algumas delas acabam sendo “vitimadas” pelo bicho, incluindo a árvore artificial.

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Mas o Zé Carioca estaria contente se o problema fosse só as árvores. Como é que ele vai alimentar essa cambada toda de parentes, assim sem aviso prévio e sem dinheiro? Situações desesperadas exigem, é claro, medidas desesperadas, e o Zé resolve (argh) trabalhar como entregador de presentes de uma loja para conseguir algum dinheiro, enquanto manda o Nestor distrair a turma com alguma história mirabolante.

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O mais engraçado é que os primos acreditam nas mirabolâncias do Nestor, e saem em busca do Zé. No final é claro que tudo se resolve e todos têm a sua feliz e farta ceia, mas não exatamente com o dinheiro que o Zé ganhou trabalhando.

O Natal é realmente uma época mágica, onde tudo pode acontecer, tornando cada um deles realmente um acontecimento inesquecível. É neste espírito que desejo aos leitores deste blog um Feliz Natal, e um próspero Ano Novo.

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