“Uma Rosa Para Uma Margarida”

História do Donald contra o Gastão, publicada uma só vez em 1973.

O conceito todo é baseado em um antigo galanteio, que consistia em oferecer flores às mulheres enquanto se dizia algo como “flores para uma flor”. Como a pata Margarida já tem nome de flor, a cantada fica até bastante conveniente, se bem que meio óbvia.

O que não vai ser nada óbvio é a competição entre o pato e seu primo ganso pela atenção da moça, que remete a um antigo conto de fadas no qual uma princesa árabe é disputada por três primos, e promete se casar com aquele que trouxesse o presente mais precioso.

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Uma vez lançado o desafio, os dois competidores se preparam como podem, com os equipamentos, a ajuda e as trapaças que conseguem reunir. É a proverbial sorte e as trapaças do Gastão contra a garra e tenacidade do Donald. O problema é que essa briga toda, em uma história Disney, não pode ser recompensada.

Na mesma revista, O Pato Donald 1114, há uma breve peça promocional de papai para o Manual do Mickey, que será republicado em breve. A mensagem é que não se deve reagir a assaltos, a não ser que você seja o Superpateta, é claro. Afinal de contas, o que é que configura um “caso extremo” que justificaria o uso do superamendoim?

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Xaxam, O Invencível

História do Peninha na redação de A Patada, de 1976.

Esta deve ser uma das histórias de humor mais escrachado de papai, na qual ele usa o Peninha para avacalhar com o primo dele de um modo como talvez gostasse de fazer com o Tio Patinhas, mas nunca teria coragem. Esse é o tipo de zoação que só se pode fazer entre amigos muito próximos, como irmãos e primos de primeiro grau, que são quase como irmãos, também.

Se a atitude do Peninha para com a implicância do tio enquanto ele faz quadrinhos é de uma espécie de sutil “agressão passiva”, provavelmente para evitar ser demitido pela enésima vez e, assim, poder terminar mais uma história, quando chega a vez do Donald de bancar o “chefe de redação”, a coisa muda para uma esculhambação quase explícita.

Esta história é tão genial que é até uma pena ela ter sido publicada apenas uma vez. É também fácil notar que esse “Super Donald” de papai tem claramente alguma coisa de Superpato, algo como uma sátira. (Vide a pose do Donald no papel de Xaxam, o Invencível, que lembra bastante o “super” italiano).

Peninha Xaxam

O anti-herói combina o talento do Morcego Vermelho para trapalhadas com uma extrema burrice, um grito similar ao “Shazam!” do Capitão Marvel dos quadrinhos clássicos (que marcou a infância de papai e que deve ter sido uma de suas primeiríssimas desilusões, ao ver que ele não se transformava ao gritar a “palavra mágica”) e que ele usou repetidamente para personagens de vários tipos, e também qualquer coisa do que viria a ser mais adiante o Morcego Verde. Mas o personagem “do Peninha” é propositadamente “tosco”, um perdedor de verdade.

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Interessante é também a “troca” dos nomes dos personagens de Patópolis que “o Peninha” faz: assim, o Mancha Negra vira “Mancha Preta”, a Margarida vira outra flor (Magnólia), e o Gastão é chamado de “Gastrônomo”. Enquanto esse expediente pode ser útil no mundo real, nos meta-quadrinhos ele é somente mais um dos elementos cômicos da história.

Acho que aqui cabe explicar que papai aprendeu a ler muito cedo, com 4 ou 5 anos de idade, e que antes disso meu avô lia para ele muitas histórias em quadrinhos. Assim, enquanto a maioria das crianças nos anos 1940 passava a conhecer os quadrinhos somente após a alfabetização, aos 8 ou 9 anos de idade, papai já havia sido exposto a eles vários anos antes, e provavelmente antes de saber distinguir realidade de imaginação. Daí o relacionamento totalmente ingênuo com a palavra mágica Sazam, por exemplo.

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O Grande Conquista… Dor

História do Pato Donald, de 1972.

Este é um exemplo de mudança do nome da história pelo editor. O título original era, simplesmente, “O Conquistador”. O Inducks, inclusive, colocou um ponto de interrogação na autoria, mas o fato de ser a única história nacional na revista e de estar aqui na coleção é mais do que prova, para mim, de que ela é mesmo de papai.

O “Green-eyed monster”, ou “Monstro dos olhos verdes” é um personagem de Carl Barks, que foi a principal influência de papai no primeiro ano ou dois de produção de quadrinhos Disney. Já a inspiração do Mestre veio muito certamente de Shakespeare, mais exatamente da peça chamada “Otelo, o Mouro de Veneza“.

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A citação exata onde o “monstro” aparece é a seguinte: “Meu Senhor, livrai-me do ciúme! É um monstro de olhos verdes, que escarnece do próprio pasto que o alimenta. Felizardo é o enganado que cônscio, não ama a sua infiel! Mas que torturas infernais padece o homem que, amando, duvida, e, suspeitando, adora.” O temperamento do Donald em seu relacionamento com o Gastão, e na verdade todo esse triângulo amoroso com a Margarida, é claramente inspirado nessa peça.

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Em 1975, na história intitulada “A volta da companhia teatral Peninha” e já comentada aqui, papai usaria mais uma fase de Otelo interpretada pelo Donald: “A ira me agita! A indignação me sufoca! A fúria me atormenta”.

O drama de Shakespeare é uma tragédia clássica, que termina, literalmente, “em morte e facada”, bem ao estilo de “Romeu e Julieta”, aliás. O final da história de papai tem alguma violência, digamos assim, mas não deixa de ser bastante cômico.

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A Pintura Que Deu Bode

História do Pato Donald, de 1976.

Trata-se de mais uma competição entre o Donald e o Gastão, para ver quem consegue impressionar mais a Margarida. Ela agora está lendo livros de arte, e o ganso sortudo resolve se aproveitar disso e colocar em prática o que aprendeu em um curso de pintura que ganhou em um sorteio.

Já “dar bode”, é uma gíria que significa algo como “dar errado”. Além disso, temos a “participação especial” de um bode de verdade, que pertence a uma das vizinhas da Margarida. Pois é: algumas pessoas usam cães de guarda, e outras usam bodes chifrudos para expulsar intrusos de seus quintais de cercas baixas.

Donald bode

A maioria dos embates entre Gastão e Donald têm por tema o conflito entre a sorte arrogante do primeiro e o humilde esforço do cidadão comum, que pode não ser nenhum grande virtuoso, mas é dotado de um tipo de disciplina que também tem o seu valor.

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A coisa toda lembra um pouco a lenda que diz que a mentira (ou a arrogância, neste caso) tem asas, mas tem pernas curtas. Já a verdade é uma velhinha que mora no fundo de um poço. Quando a mentira começa a aprontar das suas na superfície, a verdade começa a escalar as paredes de sua morada. Ela pode até demorar a chegar até onde está a mentira, mas no momento em que a verdade sai do poço, sua inimiga perde as asas e, como tem pernas curtas, se enfraquece e não consegue mais ir muito longe.

É bem isso o que acontece com o Gastão. A sorte e a arrogância dele duram somente até ele descobrir que o Donald realmente nunca cursou arte, mas dá as suas pinceladas aos finais de semana. Apesar de tudo, mais vale o amador humilde e dedicado, do que o arrogante cheio de si e metido a profissional.

O nome do livro que a pata está lendo, “Ingênuos da Pintura”, é uma brincadeira com a noção de “gênios da pintura”. Mas é também uma menção ao estilo da Pintura Ingênua, que é, em termos gerais, a arte que é produzida por artistas sem formação acadêmica, e que também tem os seus próprios gênios como grandes representantes.

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O Disfarce Mais Rápido Do Oeste

História do Pena Kid desenhado pelo Peninha na redação de A Patada, de 1976.

Vamos, primeiro, aos trocadilhos e demais referências recorrentes nas histórias de papai para este personagem: ele tentava sempre citar mais ou menos os mesmos lugares como sendo a região onde as histórias acontecem. Assim, o “Desfiladeiro do Grande Canhão” é mencionado mais uma vez, como local de esconderijo do vilão.

Além disso, se o leitor olhar bem, poderá ver as estacas que escoram algumas das construções menos importantes da cidade, que na verdade são apenas fachadas, como em um set de cinema. (Seria interessante, aliás, se alguém tentasse fazer um mapa de Pacífica City e seus arredores, semelhante aos que existem para Patópolis).

Já o nome do vilão mestre em disfarces, “Kid Sfarce” é, obviamente, um jogo de palavras com “que disfarce”. Nos cartazes nas paredes da delegacia, mais piadas do mesmo tipo. Temos um “Kid Bananeira”, cujo cartaz faz o leitor até querer virar a revista de ponta cabeça, e um certo “Juan, El Horrible”, cujo nome pode ser traduzido do “portunhol” para “Ivan, o Terrível”. Além de ser o nome e alcunha de um antigo imperador russo, é também uma maneira velada que papai encontrou para “assinar” esta história que é, decididamente, uma obra prima.

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É nela que aparece a famosa cena do “tire esse lago daí”, que cito em meu livro, por exemplo.

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Enquanto isso o Peninha, em sua função de desenhista de quadrinhos, está especialmente “atacado” hoje, alfinetando a todos na redação. Primeiro faz o banqueiro Patatinhas perder todo o seu rico dinheirinho, para desgosto do tio e patrão Patinhas, e depois começa a pegar no pé do primo Donald. Só que, aqui, a história tem uma reviravolta inesperada, e o comportamento do “grande quadrinista” Peninha muda de acordo.

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O interessante é que a suposta trama principal, uma bastante óbvia perseguição a um bandido também bastante óbvio, é o que menos importa no meio de toda essa sátira sobre o processo de criação de uma história em quadrinhos. Mas isso não quer dizer que o desfecho não será tão hilário quanto surpreendente.

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O Século Das Luzes

Este é o quarto (depois sexto) episódio da História de Patópolis, de 1982.

O “Século das Luzes“, a rigor, é como ficou conhecido o Século XVIII (de 1701 a 1800), que foi caracterizado pela consolidação e desenvolvimento das ideias progressistas do Renascimento. Também a rigor, ele terminou em 1789, com a Revolução Francesa, mas a verdade é que a influência das ideias cultivadas nesse período se estendeu fortemente por todo o século XIX, no finalzinho do qual esta história se passa.

Já a comoção toda a respeito da passagem de um cometa, supostamente logo antes da virada do Século, de XIX para XX (e papai faz aqui a conta certa: a virada de um século para outro se dá do ano “0”, para o ano “1”, ou seja, o século XIX terminou em 31 de dezembro de 1900 e o século XX se iniciou em 1 de janeiro de 1901), se parece bastante com todo o pânico que se desenvolveu por ocasião da passagem do Cometa Halley, mas isso aconteceu somente em 1910.

Em compensação é verdade que, em 1900, algo como 17 cometas foram observados próximos à Terra. Assim, “ajustes históricos” à parte, qualquer um desses cometas poderia ter causado uma confusão em Patópolis, quase uma década antes do que aconteceu no mundo real.

A trama em si continua contando a História de Patópolis e sua emblemática Pedra do Jogo da Velha, aqui usada por um inescrupuloso antepassado do Professor Gavião para semear o pânico na cidade, como se fosse, aliás, a pedra do Calendário Maia que supostamente previa o fim do mundo em 2012. Seria este mais um lampejo da “imaginação profética” de papai?

Patopolis Luzes

Outras piadas históricas mais sutis têm a ver com o antepassado do Professor Pardal e seus inventos. Em um canto do laboratório dele pode ser visto um protótipo do projetor sonoro para cinema (que na época em que a história se passa já existia mas era perfeitamente mudo), insinuando que ele já teria inventado o cinema sonoro uns 30 anos antes de sua popularização no mundo real.

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Além disso, vemos também um protótipo de aparelho televisor, e uma pequena alfinetada em uma das maiores emissoras do país. Papai não era muito fã dessa coisa toda de TV, e a chamava de “máquina de fazer loucos”.

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Os Cavaleiros Da Távola Quadrada

História da Companhia Teatral Peninha, de 1975.

Adepto da nobre arte do Teatro de Rua, muitas vezes a bordo de um carroção ou de um caminhão, o Peninha está novamente aprontando com sua trupe. E como não poderia deixar de ser, o Donald é a principal “vítima” do pato abilolado, sempre recrutado para um muito capenga “papel principal”. Hoje, pelo menos, ele não terá nenhuma torta jogada em sua cara.

O tema de hoje é inspirado nas lendas do Rei Arthur e os Cavaleiros da Távola Redonda, mas, por falta de uma mesa redonda, foi usada uma quadrada mesmo. Afinal de contas, para o Peninha isso é só uma “pequena adaptação”.

O conceito de “teatro” do Peninha tem muito (muito mesmo) de improviso, frequentemente com objetos de cena emprestados da casa do Donald e fantasias de carnaval como figurino. É o “teatro amador” em sua essência, digamos, mais “amadora” mesmo. A coisa chega às raias da completa incompetência, mas é tão engraçada que acaba sendo aceita pelo público (e pelo leitor).

Além disso, é fortemente inspirado em brincadeiras infantis como o “teatrinho de criança” (aquelas brincadeiras que as crianças de uma família mais ou menos numerosa às vezes faziam, ou juntas com os filhos dos vizinhos, para platéia nenhuma, ou composta apenas pelos adultos da mesma família) misturado com Teatro de Bonecos, com suas clássicas cenas de pancadas na cabeça que vêm dos tempos medievais (como, aliás, também vem o Teatro de Rua).

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Já o “genial” (só que não) diálogo na base do “Oh sim, oh sim, oh sim” e “Oh não, oh não, oh não”, é inspirado (se não me falha a memória) em desenhos animados como “Os Apuros de Penélope“, que por sua vez eram inspirados em antigos filmes do gênero “donzelas em apuros”, que são uma tradição iniciada há 100 anos no cinema mudo e que vem dos tempos do Teatro de Rua e de Bonecos medieval, fechando o círculo.

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Pena Dumont

História do Peninha, de 1985.

A vítima da gracinha…quer dizer, o homenageado de hoje é ninguém menos que Santos Dumont, considerado, aqui no Brasil, o “pai da aviação”. A história é uma versão fantasiosa da infância e dos primeiros anos de atividade do inventor com aeroplanos de todos os tipos, e a intenção é fazer com que os leitores tenham vontade de pesquisar um pouco mais sobre essa grande figura histórica.

Pelo que se sabe sobre ele, desde tenra idade o pequeno Alberto já se interessava por coisas que voam, como pequenos balões a ar quente, e também por todo tipo de máquina. Em comum com meu pai, ele tinha a paixão pelos grandes livros de ficção científica de Júlio Verne.

Há um documentário espetacular sobre ele que passa na TV Escola de vez em quando (sim! Eu assisto a TV Escola e recomendo), onde se diz que um dia o pai de Alberto o chamou e disse que fosse estudar as tecnologias mais avançadas da época, sem se preocupar com dinheiro. Isso nunca iria faltar a ele. Assim fica até “fácil”… é só se dedicar, estudar pra valer, trabalhar duro, se esforçar…

Na história de papai essa parte é representada pela Vovó Donalda, que vende suas jóias para que ele possa ir estudar em Paris, que naquele tempo era o centro do mundo civilizado, mas não exatamente para encorajá-lo mas simplesmente para mantê-lo longe, já que ele causava confusão demais na fazenda. O “Dumont” de meu pai é um incompreendido até pela própria família, como muitos gênios já foram, ao longo da história.

Pena Dumont

Como sempre nesse tipo de história, papai usa também muitas palavras em francês nas falas dos personagens, e explora ao máximo o efeito cômico das tentativas de voar e consequentes quedas do atrapalhado Pena Dumont.

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O Trevinho Da Sorte

História dos sobrinhos do Donald, de 1978.

Que o Gastão e o Donald estão sempre brigando pela atenção da Margarida, isso todo mundo sabe. Mas o que pouca gente sabe é que, neste triângulo amoroso, não são só a Margarida e o Donald que têm sobrinhos. O Gastão também tem o seu, um obscuro personagem criado no exterior em 1955 de nome Trevinho, que tem a mesma sorte enervante do tio.

O Trevinho aparece em apenas três histórias, e a única história brasileira onde ele é usado é esta aqui, de papai. Portanto, neste momento declaro que esse fato o torna, oficialmente, o “santo padroeiro dos personagens Disney obscuros e esquecidos”. 😉

Como em muitas tramas do Zé Carioca, esta se baseia na falastronice dos personagens principais. É o famoso “eu e minha grande boca”, mesmo que isso não seja dito pelos personagens em momento algum. Mas o leitor sabe, e já começa a rir desde o terceiro quadrinho.

Trevinho

Outra característica do Trevinho em comum com seu tio é a desonestidade, a mesma que levou o Gastão a oferecer tomates às tartarugas do Donald em “A grande corrida de tartarugas”, já comentada aqui. Mas é claro que eles não se consideram desonestos. No entender deles, estão apenas “dando uma mãozinha à sorte”.

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É claro que a trapaça não ficará impune, e por isso o patinho sortudinho não vencerá a competição com os meninos pela atenção das meninas. O problema é que, assim como frequentemente acontece com o Gastão, até mesmo quando ele tem azar ele acaba tendo sorte, para o desespero dos patos menos afortunados.

Outro personagem que participa desta história, e somente desta história (e portanto foi criado por papai), é o Professor Mikowsky, um estudioso de micos raros, daí o “miko” no nome.

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Os Metralhas Da Távola Redonda

História dos Irmão Metralha, de 1979.

Não se trata exatamente de uma aventura “nos tempos do Rei Arthur”, mas sim de uma realidade alternativa, em um universo paralelo, ou algo no gênero. É mais um exercício de imaginação sobre o que aconteceria se algum antepassado dos Metralhas na época medieval tivesse resolvido reunir seu bando (que apesar da aparência nobre não passa de uma quadrilha de ladrões de galinha) ao redor de uma mesa (távola) redonda.

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Mas é claro que a inspiração vem diretamente das lendas arturianas. O local é uma suposta “Cornualhad”, cujo nome lembra a região da Cornualha, no atual Reino Unido. Esta região tem conexão direta com a lenda do Rei Arthur, já que se acredita que ele tenha nascido em Tintagel, e que o rei da região na época, de nome Marcos, teria jurado destruir o Rei Arthur por causa do romance de um dos Cavaleiros da Távola Redonda, chamado Tristão, com sua esposa Isolda.

Além disso, em “homenagem” (ou algo parecido) ao cavaleiro arturiano Galahad, o mais valoroso de todos, aquele que encontrou o Santo Graal e conquistou o direito de se sentar diretamente de frente para o Rei na távola redonda, papai adiciona o sufixo “had” a todos os nomes que aparecem nesta história. Assim, temos Metralhad, Azarhad, Patinhad, Donaldhad, Peninhad, Gastonhad, os sobrinhos Huguinhad, Zezinhad e Luisinhad, e até mesmo uma feiticeira, a Maganhad.

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Como toda lenda medieval que se preze, esta aqui também é fortemente ligada a uma profecia, uma revelação proferida por uma bruxa misteriosa que só será totalmente compreendida quando já estiver se concretizando. Acredito também que a escolha da bruxa em questão, um Alter Ego da Maga Patalójika, não foi por acaso. Afinal, a bruxa disney por excelência da lenda do Rei Arthur é a Madame Min. A troca de bruxas serve para distanciar um pouco a história das lendas arturianas, reforçando a ideia de universo paralelo, e também está mais de acordo com o dom da profecia, já que a “especialidade” da Madame Min é a transformação, mais do que qualquer outro tipo de sortilégio.

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